Neste mês, a Prefeitura de Maringá realizou a implantação da ‘Alice’, uma ferramenta de Inteligência Artificial fornecida pela Controladoria-Geral da União (CGU). Objetivo é auxiliar auditores na busca por inconsistências em processos de compras. Cidade é a segunda do Paraná a aderir a ferramenta.
Por Victor Ramalho
Em junho de 2015, a Controladoria-Geral da União (CGU) iniciou os testes de uma ferramenta de Inteligência Artificial (I.A) para a auditoria interna de contratos e editais de licitação para compras federais. O Analisador de Licitações, Contratos e Editais, que ganhou o apelido de “Alice”, passou nas experimentações e foi oficialmente implantado, em nível federal, em 2019.
De lá para cá, conforme dados do próprio Governo Federal, a Alice foi responsável por fazer a União economizar R$ 8,6 bilhões, resultados de pregões que foram revogados, cancelados ou ajustados após a I.A apontar inconsistências antes de suas homologações.
Em 2023, a CGU anunciou o fornecimento gratuito da Inteligência Artificial para municípios que cumprissem alguns requisitos, entre os quais ter uma Controladoria Interna para análise de contratos oficialmente implantada. No Paraná, a primeira cidade a aderir a ferramenta foi Londrina, no mês de janeiro. Agora, em fevereiro, foi a vez de Maringá.
A Prefeitura de Maringá anunciou o uso da I.A para análise de editais de licitação no dia 8 de fevereiro. A instalação completa de software, conforme o município, foi concluída há pouco mais de 1 semana. No município, a Alice dará reforço a uma equipe de cinco auditores, vinculados a Secretaria Municipal de Compliance e Controle – a primeira do tipo no Paraná -, que é responsável pela análise preventiva de todos os contratos de compra publicados pelo poder público.
Ao Maringá Post, o secretário municipal de Compliance e Controle, Maurício Domingos, explica que a I.A é uma forma do município manter e reforçar o trabalho que já vem sendo feito pela equipe. “Nós estamos sempre atentos a inovação. Maringá foi a primeira cidade do Paraná a ter uma secretaria de Compliance, o que prova o nosso cuidado com os processos internos. Analisar contratos é uma tarefa que exige muito cuidado, por isso acreditamos que a Alice venha para ajudar nesse processo. Nós conhecemos a ferramenta através da CGU, vimos que o município se enquadrava nos critérios para implementá-la e decidimos apostar. Em pouco tempo de uso, já temos resultados muito satisfatórios”, explica o secretário.
Ao longo de 2023, Maringá teve 21 editais de licitação revogados para adequações após pedidos de impugnação, de acordo com dados disponibilizados no Portal da Transparência. De acordo com o auditor interno da Prefeitura, Pedro Rafael Campiotto, a equipe de auditores trabalha com um grande volume de contratos a serem analisados diariamente. Com a Inteligência Artificial, parte desses processos podem ser optimizados.
“Hoje, nós temos uma equipe própria de auditores. Não são todos os municípios que têm isso. Eles fazem um grande trabalho, mas precisamos considerar que há uma demanda muito grande de contratos a serem analisados diariamente. A Alice nos ajuda em vários processos, ela é capaz de dizer, por exemplo, se uma empresa que está concorrendo em um contrato de compra ou prestação de serviços foi criada há pouco tempo, só para concorrer neste edital, ou mesmo se a empresa já teve problemas em contratos com outras prefeituras. A ferramenta trabalha interligada com bases de dados da CGU, então ela têm acesso a essas informações de maneira quase instantânea”, diz.
Quando a Alice foi lançada, ela era responsável por analisar até 1.500 contratos de compras do Governo Federal por semana, conforme dados da CGU. Em Maringá, entre contratos de compra, contratação de serviços ou registros de preços, foram mais de 850 contratos publicados ao longo de 2023, também segundo dados do Portal da Transparência.
Foto: Divulgação/PMM
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