Documento está publicado em uma plataforma online e já tem quase 25 mil assinaturas. Instituição completou 1 ano de portas fechadas em julho.
Por Victor Ramalho
Há mais de 1 ano de portas fechadas por conta de uma determinação judicial, o Hospital Psiquiátrico de Maringá (HPM) deixou de prestar atendimento para centenas de pacientes neste período. Diante disso, a mãe de um paciente que era atendido pela instituição resolveu lançar um abaixo-assinado online, pedindo a reabertura da unidade.
A campanha “Maringá Pede Socorro” está hospedada no Change.org e, até o fechamento desta reportagem, já contava com quase 25 mil assinaturas. A iniciativa é de Maria Helena Gonçalves, de 68 anos, mãe do Diogo, paciente que necessita de atendimento psiquiátrico.
Maria Helena relata as dificuldades de encontrar tratamento para o filho na cidade. Isso se deve à escassez severa de leitos em que vive o município, após a interdição do HPM. Atualmente, a cidade conta com apenas 36 leitos de curta duração no Hospital Municipal e 15 atendimentos ambulatoriais nos CAPs (Centros de Assistência Psicossocial).
“Meu querido Diogo, ao longo de anos, tem travado uma batalha intensa contra suas próprias emoções e desafios psicológicos, além de estar preso em uma luta contra a dependência química. Vi meu filho, que deveria estar vivendo uma juventude cheia de esperanças e sonhos, ser consumido por dificuldades mentais e químicas que parecem insuperáveis”, disse.
Diogo tem 34 anos e, há 23, luta contra transtornos psicológicos e dependência química. No período, Maria Helena se viu em incansáveis plantões de visitas ao HPM. Ao todo, ela explica, internou o filho mais de 50 vezes. Nunca, entretanto, no período, sentiu que o filho sentia perigo. Pelo contrário: o hospital sempre foi essencial no cuidado de Diogo.
O Hospital Psiquiátrico de Maringá foi interditado pela Vigilância Sanitária em julho de 2022. Em 1º de setembro, ocorreria uma audiência de conciliação entre a diretoria da instituição e o município, para rever a possibilidade de reabertura. A audiência, no entanto, foi suspensa por determinação da Justiça no fim de agosto.
A suspensão foi determinada após a corte analisar um parecer do Ministério Público do Paraná (MP-PR), que foi incorporado ao caso. No documento, a Promotoria de Justiça em Saúde afirma que “as normas sanitárias não podem ser objeto de negociação ao bel prazer das partes”.
Com capacidade em operação total de 270 leitos, o HPM é capaz de atender, sozinho, toda demanda de espaço que determina todas as boas práticas de atendimento psiquiátrico dos principais órgãos de saúde, como do Ministério da Saúde, OMS (Organização Mundial da Saúde) e também dos principais estudos científicos sobre o tema.
Atualmente, a cidade opera com escassez severa de leitos de psiquiatria, com apenas 52 leitos, sendo que 28% deles é de atendimento secundário nos CAPs, ou seja, internação de curta duração.
Imagem Ilustrativa/Arquivo/HPM
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