Ao Maringá Post, o pré-candidato a prefeito pelo Republicanos afirmou que, se eleito, não dará continuidade ao projeto anunciado pela gestão Ulisses Maia (PSD) e buscará responsabilizar os agentes envolvidos na operação: “É uma decisão completamente absurda”.
Por Victor Ramalho
Iniciada nesta segunda-feira (11), a Série de Entrevistas do Maringá Post com os pré-candidatos a Prefeito de Maringá conversa com Homero Marchese (Republicanos), segundo colocado nas eleições municipais de 2020 e novamente pré-candidato ao Executivo.
Após um mandato como deputado estadual e ter conquistado a suplência na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) em 2022, Marchese voltou para a advocacia, atividade que, segundo ele, nunca deixou de realizar, mesmo quando tinha mandato eletivo. Atualmente, o ex-parlamentar tem um escritório na Zona 5.
Segundo ele, as conversas com outras legendas para a formação de uma coligação, pensando em 2024, estão em estágio inicial. “Neste momento, a situação de Maringá é muito polarizada, temos muitos partidos com pré-candidatos. Há sim conversas com outras legendas, mas no momento temos um cenário de “cada um por si”. Os grandes partidos, por hora, tem seus candidatos. Tentaremos trazer para a nossa aliança partidos que estejam alinhados com o nosso trabalho e queiram colaborar”, disse.
Ao Maringá Post, Homero afirmou que, caso saia candidato, manterá o posicionamento de oposição à gestão Ulisses Maia (PSD), bandeira que já havia levantado no pleito de 2020. Na visão do pré-candidato, o grupo político dele é o único que fez oposição à atual administração desde 2017.
“Importante considerarmos que a gestão atual não pode se reeleger. Agora, com relação ao atual grupo, continuo como oposição. Aliás, o nosso grupo foi o único que nos últimos 7 anos fez oposição à Prefeitura. Se formos pensar bem, foi o nosso grupo contra os outros todos. Não fosse o nosso grupo na defesa da cidade, não teria tido nenhum outro. Fomos nós, por exemplo, que levamos pedidos de atuação ao Ministério Público, Tribunal de Contas, entramos com pedidos judiciais para bloquear ações ilegais e licitações suspeitas. Se não tivéssemos feito isso, nenhum outro grupo teria feito. Hoje nós temos em Maringá um grupo político que reúne a esquerda da cidade e o centrão de sempre, enquanto nosso grupo é contrário a isso, nosso grupo é diferente”, declarou.
Um dos pontos que Marchese cita para exemplificar a visão é com relação ao projeto do Parque das Águas, que ficou popularmente conhecido como “Prainha de Maringá”, anunciado por Ulisses Maia em janeiro. Na visão do candidato, a construção do Parque “é uma decisão completamente absurda”, mas que não recebeu as críticas necessárias de outros grupos políticos. Ele reforça que, se tratando de projetos de lazer, a prioridade da administração deveria ser a revitalização dos Centros Esportivos já existentes.
“Esse é mais um exemplo do que mencionei anteriormente. Enquanto todos os demais grupos políticos estavam juntos na administração ou se omitindo, o nosso estava defendendo a população. Essa é uma decisão completamente absurda, de se gastar o equivalente a R$ 50 milhões em uma instalação que o bom senso aponta que em alguns anos estará defasada e que não é prioridade da administração. Nós temos na cidade hoje uma série de locais de lazer que estão abandonados. Falo aqui da Zona 5, onde tenho escritório. Eu passei minha infância toda no Centro Esportivo da Zona 5 que, hoje, não tem uma gota de água na piscina, o Centro Esportivo da Vila Operária está em reforma há anos e nunca termina, nós não temos água no lago do Parque do Ingá. Então como podemos pensar em fazer uma estrutura artificial de água como essas se no Parque do Ingá, que é o cartão postal da cidade, não há água? É um sonho que está se vendendo para a população e o que mais me chamou a atenção é que, embora esse projeto fosse uma decisão completamente equivocada do prefeito, todo mundo se calou. É o medo de parecer impopular? Se for, nós não teremos isso.”, destacou o ex-parlamentar.
Questionado sobre o que faria com o projeto caso eleito, Homero ressaltou que a compra do terreno ainda não foi concluída e afirmou “torcer” para que ela não se concretize. No entanto, caso a construção seja iniciada ainda na atual administração, ele não dará continuidade. Marchese fala em revender o terreno e reservar um espaço para a construção do “Museu da Ineficiência” do Poder Público.
“Eu espero que essa obra não saia, ela segue suspensa pelo Tribunal de Contas não só pela suspeita de superfaturamento, mas por outras questões. Eu espero que essa compra (do terreno) não seja feita, não dá mais tempo de terminar essa obra antes do fim do atual mandato e seria uma grande imprudência do atual prefeito tentar começar uma obra que ele não vai entregar nem metade, que deixará todos os problemas para a administração futura. Mas, caso a compra seja feita e nós sejamos eleitos, tomaremos no momento adequado as medidas cabíveis. Buscaremos a responsabilização dos agentes envolvidos, além de revender o terreno. No entanto, dedicaria um pedaço à criação do ‘Museu da Ineficiência’ do Poder Público Nacional, um local para que gerações de brasileiros, especialmente os mais novos, reflitam sobre os motivos do nosso subdesenvolvimento”, afirmou Marchese.
Ainda na entrevista, o pré-candidato elencou os que, na visão dele, são os maiores problemas que a cidade enfrenta atualmente, além de pontuar quais seriam as primeiras medidas tomadas por sua gestão, caso seja eleito. Segundo Marchese, a primeira delas seria a criação de convênios para acelerar os atendimentos na área da Saúde, enquanto a segunda seria a realização de uma nova Reforma Administrativa municipal para reduzir o número de secretarias e cargos comissionados. Confira os demais pontos da entrevista:
- De uma forma geral, qual é a avaliação que o candidato faz da administração municipal em Maringá atualmente?
Homero: “Acho que é um desempenho ruim. É um segundo mandato que não entregou praticamente nada, a Saúde piorou, a Educação piorou e isso são questões objetivas, uma vez que temos o último Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) que comprova isso. A Zeladoria Urbana, que já era um problema no primeiro mandato, piorou mais ainda, temos uma cidade com problemas de limpeza, de pavimentação, as obras deixaram de acontecer pois parece que não havia mais nada engatilhado da administração anterior, então Maringá não vê investimentos. O juízo que eu faço, me parece, é o mesmo que a população também faz, de uma avaliação negativa da administração atual.”
- Na visão do candidato, quais são os maiores problemas que Maringá enfrenta atualmente? E quais seriam as possíveis soluções?
Homero: “Acho que temos que tratar sempre do essencial primeiro. Em uma cidade como Maringá, assim como qualquer outra, precisamos priorizar as áreas essenciais, como Saúde e Educação. Nós temos um problema muito sério de filas de espera para cirurgias e consultas especializadas e isso não é algo de hoje, mas sim que se arrasta há anos e foi, inclusive, um de nossos focos em nossa primeira campanha a prefeito, em 2020, e o negócio potencializou. Temos dezenas de milhares de pessoas aguardando uma cirurgia, uma consulta ou um exame, algo que é cruel. Esse é o primeiro ponto a ser colocado em ordem, usar os recursos que a cidade de Maringá tem, uma cidade que arrecada alto e tem uma grande rede de prestadores de serviço em Saúde, para firmar convênios e fazer esse tipo de procedimento.”
- O senhor citou que vê problemas também na Educação e na Zeladoria Urbana. Quais os caminhos para resolvê-los?
Homero: “Penso que precisamos deixar de politizar a Educação da cidade. Uma secretaria que nos últimos anos foi usada para atender interesses políticos, com cargos comissionados e indicação de direções seguindo critérios menos técnicos. Precisamos voltar a oferecer para as nossas crianças a oportunidade de um futuro melhor. Na Zeladoria, uma cidade precisa oferecer ao seu cidadão uma sensação de Segurança e de Limpeza, uma sensação que eu não sinto hoje em Maringá, basta observar nossos indicadores de criminalidade. Uma cidade mais segura também é uma cidade mais iluminada, que não deixa lixo acumular. Pensamos que esse pode ser uma aspecto para se fazer uma grande intervenção”.
- Com base na análise que o candidato fez, já conseguimos apontar alguma(s) medida(s) concreta que sua gestão colocará em prática, caso eleita?
Homero: “Sim. A questão número 1 para a gente é acelerar os atendimentos na área da Saúde. Essa é a prioridade, até porque é um problema sério e que afeta diretamente a população mais vulnerável da cidade. Se possível for, se formos eleitos, queremos fazer uma gestão que tenha muito foco na Saúde Pública. Pensamos que uma pessoa doente, sem tratamento, tem muito afetada a sua qualidade de vida.
Outra coisa que podemos fazer desde logo é pensar uma gestão com menos cargos para companheiros. Temos em Maringá hoje 33 secretarias municipais, mais de 350 cargos comissionados. Acho que, pelo porte da cidade deva ser um recorde nacional e, em números absolutos, acredito que esteja perto das cidades com os maiores números de secretarias do Brasil. Nós vamos focar em fazer uma gestão pública que tenha como foco a população e isso será feito desde o início, com uma Reforma Administrativa para reduzir o número de secretarias, reduzir o número de cargos em comissão e, principalmente, levar gente técnica e qualificada para os cargos.
Uma terceira prioridade seria melhorar a zeladoria urbana, para termos uma cidade mais limpa e bem cuidada”.
Sobre a Série de Entrevistas do Maringá Post com os pré-candidatos a prefeito
Anunciada na quarta-feira (6) e iniciada nesta segunda-feira (11), a Série de Entrevistas do Maringá Post se propõe a ouvir todos os pré-candidatos à Prefeitura de Maringá. Dois pré-candidatos serão entrevistados por semana, com as reportagens indo ao ar nas segundas e quintas-feiras, sempre às 12h.
A ordem das entrevistas foi definida a partir da disponibilidade de agenda dos entrevistados e o calendário completo das publicações do mês de setembro pode ser conferido neste link. A agenda das entrevistas do mês de outubro será divulgada nos próximos dias.
Foto: Arquivo/Assembleia Legislativa do Paraná (Alep)
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