Delegado Jacovós fala sobre parceria entre PL e União Brasil em Maringá: “Queremos um amplo projeto na área de segurança”

Até o momento, as duas legendas são as únicas que se movimentam com nomes consolidados para a eleição municipal de 2024.

  • Até o momento, as duas legendas são as únicas que se movimentam com nomes consolidados para a eleição municipal de 2024. Pré-candidato pelo PL, Jacovós afirma que “não terá problema algum” em apoiar Do Carmo (União Brasil) caso ele esteja melhor nas pesquisas até as convenções partidárias.

    Por Victor Ramalho

    Legenda com o maior tempo de televisão para a eleição municipal de 2024, o Partido Liberal (PL) está disposto a entrar forte na disputa pela Prefeitura de Maringá. Se em 2020 a candidata da sigla, Akemi Nishimori, foi apenas a 5ª mais votada (2,4% dos votos válidos), o cenário para o ano que vem promete ser diferente.

    Em nível nacional, o PL foi o partido que mais cresceu em representatividade. No Congresso Nacional, por exemplo, ocupa a maior bancada, com 99 deputados eleitos. E se depender das articulações regionais, esse papel de destaque se manterá.

    Há 20 dias, a sigla oficializou uma parceria com o União Brasil em Maringá, visando o pleito do próximo ano. O encontro, realizado no escritório político do deputado Do Carmo (União Brasil), contou com a presença do presidente estadual do PL, Fernando Giacobo, além do coordenador regional da legenda, Delegado Jacovós.

    Em entrevista ao Maringá Post, Jacovós detalhou como funcionará o acordo. Em Maringá, Delegado Jacovós é o nome forte do PL para a disputa de 2024, enquanto Do Carmo comanda as atividades do União Brasil e também é declaradamente pré-candidato a prefeito. Através de um acordo de cavalheiros, as duas legendas definiram: cada um faz sua pré-campanha e, quem despontar nas pesquisas, terá o apoio do outro.

    “Eu sou pré-candidato a prefeito, estamos formando uma chapa de vereadores, temos essa parceria com o União Brasil e digo: onde o deputado Do Carmo estiver, eu também estarei, da mesma forma eu tenho um compromisso dele de, onde eu estiver, ele também estará. Nós fizemos um compromisso de palavra e eu confio no deputado Do Carmo, sei que ele não quebrará a palavra dele, assim como eu não quebrarei a minha. Nós dois somos pré-candidatos a prefeito e iremos aguardar até o ano que vem, quando começarem a ocorrer as convenções. Teremos as pesquisas e aquele que estiver melhor nas pesquisas será apoiado pelo outro. Esse é o caminho que estamos seguindo”, disse.

    “Queremos um amplo projeto de segurança pública”

    Embora ainda não existam pesquisas oficiais sobre intenções de voto à Prefeitura de Maringá, os candidatos de PL e União Brasil já são comentados na cidade por terem ‘largado na frente’ na disputa. Formalmente, as duas legendas são as únicas, até o momento, com pré-candidatos já definidos.

    Embora entenda a importância de pensar a cidade em todas as áreas essenciais, Jacovós destaca a importância de se trabalhar a segurança pública. Para ele, Maringá tem carências no segmento que podem ser resolvidas a partir do próprio poder público municipal.

    “Eu não acho cabível que uma cidade como Maringá, que é uma das melhores para se viver no Brasil, enfrente os problemas de segurança pública que enfrenta atualmente. Nós sabemos que o policiamento cabe ao Governo do Estado e, nesse sentido, estamos constantemente dialogando com o Governo para reforçar o efetivo da Polícia Militar, inclusive com a promessa de que nossa cidade receberá uma atenção especial no próximo concurso da PM, tendo em vista a defasagem do nosso quadro de policiais. No entanto, há algumas ações que podemos fazer por nós mesmos. Eu, por exemplo, sou um defensor do que chamo de ‘polícia municipal’, que é reforçar a nossa Guarda Civil, que já foi uma grande conquista, mas pode ser ampliada. Acredito que a cidade tenha condições suficientes de montar bases operacionais da Guarda nos distritos de Iguatemi e Floriano, por exemplo, e também em bairros onde os índices de criminalidade são maiores. Nós queremos um amplo projeto na área de Segurança Pública para Maringá”, conta o deputado.

    Tanto Do Carmo quanto Jacovós são oriundos da área da segurança pública, o primeiro como policial Militar e o segundo como Civil, um elemento a mais na união dos parlamentares. Ele diz que, independente do candidato que o grupo lançará no futuro, ambos se apoiarão.

    “Eu não tenho problema algum em apoiá-lo caso ele esteja melhor colocado nas pesquisas, digo que ele é um deputado que trabalha muito, está direto nas estradas, visitando os municípios. Vejo pelo trabalho dele que ele seria um grande prefeito. Da mesma forma eu, que já cuidei de mais de 110 municípios do Paraná na área de segurança pública, também sei que faria um grande trabalho. Desafios são o que me movem, se eu assumir uma Prefeitura como a de Maringá, tenha certeza que eu não serei um prefeito de gabinete, estarei sempre nas ruas, observando as demandas e buscando soluções”, diz.

    O deputado estadual do PL evita fazer campanha antecipada e reforça o bom diálogo construído com lideranças da cidade, embora o assunto seja cada vez mais inevitável. Ao Maringá Post, Jacovós também falou sobre o ingresso na vida pública, a trajetória na Assembleia Legislativa e os planos para o futuro. Veja outros trechos da entrevista:

    • O que te motivou a entrar na vida pública como político?

    R: “Eu ingressei na área da segurança pública ainda na década de 1980. Os anos passaram e fui progredindo dentro da carreira, até virar delegado, função que desempenhei em várias cidades do Paraná. Nessa trajetória, passamos por cidades bem estruturadas e também aquelas que tinham problemas e foi observando essas questões que despertou em mim esse desejo de entrar na vida pública. Vi que muitas questões que eram ligadas à segurança pública só se resolviam na parte da política. Não entro no mérito se isso é certo ou errado, até porque eu mesmo, na função de delegado, ficava revoltado às vezes. Quando fui delegado de Polícia Civil em Apucarana, por exemplo, cheguei a solicitar junto ao prefeito da época mais viaturas para a Polícia. Me lembro dele dizendo que precisaria pedir o apoio de um deputado que representava Apucarana. Este parlamentar era de uma cidade distante, bem menor do que Apucarana. Pensei: ‘se uma cidade desse tamanho não tem um deputado estadual, algo precisa ser feito’. Foi daí que surgiu esse desejo, queria interceder pelas cidades que já trabalhei, já representei, fazer a coisa andar mais rápido. Digo que tivemos sucesso nisso, as coisas foram acontecendo. Acho importante ressaltar para o público que tudo foi muito planejado de minha parte: eu só entrei na vida pública após me aposentar da Polícia Civil, só quando entendi que meu ciclo na Segurança Pública havia encerrado.”

    • Passados 1 mandato e meio, qual avaliação faz do próprio trabalho na Alep? Tem algum projeto que se orgulha mais?

    R: “As pessoas costumam muito falar de projetos para medir o trabalho de um deputado, mas entendo que essa não seja a régua. Eu propus muitos projetos que hoje são leis e beneficiam muito os paranaenses. No entanto, preciso ressaltar o meu trabalho enquanto relator de algumas matérias. O relator, por vezes, tem um papel mais importante até do que o próprio propositor, uma vez que é ele quem verifica se o texto é constitucional, faz as adequações necessárias. Eu, por exemplo, fui relator do projeto do Governo do Paraná que implementou as escolas cívico-militares no Estado, algo que serviu de modelo ao Brasil e que seguirá ocorrendo no Estado, mesmo com o fim do projeto por parte do Governo Federal. Me considero um parlamentar muito atuante, inquieto, isso sempre fez parte de minha trajetória profissional, pois eu era um delegado que ia para as ruas. Na Assembleia, estou sempre participando de todas as comissões possíveis. Para citar um projeto, destaco um de minha autoria que obriga os síndicos de condomínios a denunciarem às autoridades policiais caso tenham conhecimento de algum caso de violência doméstica dentro daquele espaço, algo que ajuda a proteger as nossas mulheres”.

    • Ainda na época de Delegado de Polícia Civil, o senhor conseguiu articular diretamente ao Governo do Estado a chegada de novos investigadores para a região de Apucarana, que era uma demanda antiga. Em um momento onde se discute tanto a Segurança Pública do Paraná, o que falta para as cidades terem mais sucesso nas tratativas com o Poder Público Estadual?

    R: “A Segurança Pública é uma bandeira minha não só pelo fato de eu ter sido Delegado, mas por entender a importância do tema. Na Polícia Civil, assumi funções onde fui responsável direto por mais de 110 municípios, então sei bem o que se passa nessa área em grande parte do Paraná. Não à toa, enquanto deputado, consegui reforçar a infraestrutura desse setor em muitas cidades, enviando viaturas, novos equipamentos e não só por recursos do Governo do Paraná, mas também por emendas do meu gabinete. O Governo do Estado tem tanto interesse em resolver esses problemas quanto as cidades. Em Maringá, por exemplo, temos um efetivo baixo da Polícia Militar, é o mais defasado do Estado, conforme nos foi informado. Auxiliei os representantes de Maringá, como o prefeito Ulisses Maia, vereadores e comando da PM em reuniões com a Secretaria de Segurança Pública para ver isso. Foi em uma dessas reuniões que recebemos a promessa de que, no próximo concurso da PM a ser aberto, Maringá e cidades do entorno serão contempladas com um aumento no efetivo de policiais. O caminho, no meu entendimento, é esse, entender do assunto e fazer as articulações necessárias.

    Foto: Arquivo/Alep

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