Mário Verri faz avaliação dos primeiros 6 meses de Governo Lula: “Os melhores dos últimos quatro anos”

Em entrevista ao Maringá Post, vereador falou sobre a trajetória política, a relação com o governo municipal e as pretensões para o futuro.

  • Em entrevista ao Maringá Post, vereador falou sobre a trajetória política, a relação com o governo municipal e as pretensões para o futuro. Ele também falou sobre como é ser uma liderança progressista em uma cidade historicamente conservadora.

    Por Victor Ramalho

    Desde a formação política de Maringá, em apenas uma oportunidade a cidade foi comandada por um governo do Partido dos Trabalhadores (PT). Em 2000, José Cláudio Pereira Neto venceu o pleito após obter quase 70% dos votos válidos no 2º turno contra Doutor Batista (PTB), na primeira eleição da história da cidade ocorrida em dois turnos.

    Em um ponto fora da curva, há aqueles que atribuem a eleição de Neto ao desgaste da administração anterior, envolvida em escândalos que repercutiram nacionalmente. Mesmo com a aprovação de parte significativa da população em um período de reconstrução, a “lua de mel” maringaense com o PT durou apenas um mandato e, embora Maringá tenha tido outros prefeitos com uma pegada social, historicamente suas lideranças sempre seguiram uma linha mais conservadora.

    Mesmo assim, a Cidade Canção tem um grupo de pessoas bastante engajado com a defesa das causas sociais e mais ligado ao lado esquerdo do espectro político. Ainda na década de 1980, quando o Partido dos Trabalhadores foi fundado nacionalmente, o município também ganhou seus primeiros filiados. Um desses nomes históricos do PT na cidade é o vereador Mário Verri, convidado desta semana para a série de entrevistas do Maringá Post com os vereadores de Maringá.

    Envolvido com as causas sociais desde a juventude, ele filiou-se na legenda em 1985 e foi na própria gestão José Cláudio que teve o seu primeiro contato com a vida pública, após ser nomeado secretário de Esportes e Lazer. Ao Maringá Post, ele conta que foi nessa época que decidiu concorrer à Câmara pela primeira vez.

    “Eu decidi me candidatar a vereador durante a gestão do ex-prefeito José Cláudio Pereira Neto, quando fui secretário de Esportes e Lazer de Maringá, entre 2000-2004. E, como sempre me identifiquei com a área esportiva, percebi que poderia contribuir ainda mais com a cidade, estando no Legislativo Municipal”, relembra.

    A primeira vitória ao legislativo veio na eleição de 2004. Verri fez 2.523 votos para a Câmara logo em sua primeira tentativa, ficando com 1,46% dos votos válidos. Desde então, são 5 mandatos consecutivos na Casa de Leis maringaense.

    Atualmente, Mário é o único representante do PT na Câmara Municipal. Ele se diz orgulhoso de poder se colocar como uma liderança do campo progressista na cidade.

    “Eu tenho muito orgulho dessa construção. Sou filiado ao Partido dos Trabalhadores há quase 40 anos, desde 1985. De fato, sou referência de liderança do campo progressista da cidade, o que considero algo muito importante. Portanto, não sinto dificuldade nas defesas que faço na Câmara Municipal por causa do meu partido. Inclusive, atualmente, sou o único vereador do PT no Legislativo. Ou seja, apesar de uma maioria conservadora, temos uma parcela da população que se sente representada e eu estou vereador há tanto tempo justamente por representar esse grupo de esquerda, que confia no meu trabalho”, diz.

    No 2º turno das Eleições 2022, Maringá foi uma das cidades do Paraná que, percentualmente, mais entregou votos para Jair Bolsonaro (PL). Foram 67,7% dos votos válidos (cerca de 157 mil votos) contra apenas 32,2% de Lula (PT). Em abril, uma pesquisa da IGR Pesquisa e Inteligência Competitiva apontava que 60% dos maringaenses desaprovavam o Governo Federal.

    Com 6 meses de mandato completados neste sábado (1º), Verri classifica o atual Governo Lula como extremamente positivo. Ele destaca o retorno de importantes projetos na parte social para justificar a avaliação. “Sobre o Governo Federal, sem dúvidas, tivemos os melhores seis meses dos últimos quatro anos. O retorno de programas importantes como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, assim como reduções importantes nos preços do gás de cozinha e dos combustíveis, impulsionados pela queda do dólar, ratificam isso. Tudo isto me dá boas perspectivas para os próximos anos do Governo Lula”, classificou o vereador.

    Mário Verri também falou sobre outros temas, como a trajetória política, os projetos que mais se orgulha de ter feito como parlamentar, a relação com o Executivo Municipal e a perspectiva para o futuro. Confira a entrevista na íntegra abaixo:

    • Vimos que o senhor já tinha uma atuação social prévia, como voluntário na Escola de Samba Coração Verde, lá na década de 1980. O que motivou o senhor a se candidatar a vereador pela primeira vez, lá em 2004?

    R: “Eu decidi me candidatar a vereador durante a gestão do ex-prefeito José Cláudio Pereira Neto, quando fui secretário de Esportes e Lazer de Maringá, entre 2000-2004. E, como sempre me identifiquei com a área esportiva, percebi que poderia contribuir ainda mais com a cidade, estando no Legislativo Municipal.”

    • Passados quatro mandatos e meio, que avaliação faz do próprio trabalho? Tem algum projeto do qual se orgulha mais?

    R: “Eu fico muito feliz em contribuir com o desenvolvimento social e econômico de Maringá, por meio dos projetos que nós vereadores aprovamos na Câmara Municipal. Já estou no meu quinto mandato enquanto parlamentar e sou grato aos eleitores que sempre me confiaram essa missão, de atuar no Legislativo. Em relação ao projeto de lei que me orgulho, não vislumbro ser possível elencar apenas um, até porque não sou vereador de apresentar muitos projetos, pois entendo que o mais importante é colocar as leis existentes em prática. Mas, destaco a criação da TV Câmara, que democratizou o acesso às informações e as ações do Legislativo Municipal. Assim como a indicação da criação da Escola Legislativa, que são projetos importantes que envolvem toda a comunidade.”

    • Tem algo que o senhor gostaria de ter feito enquanto vereador e ainda não teve a oportunidade? Ou alguma pauta que tentou colocar em discussão e, por algum motivo, não caminhou?

    R: “Sempre é possível fazer mais, minha luta é por uma cidade mais justa e inclusiva. Até mesmo no período em que fui de oposição ao Executivo, quando tive muitos requerimentos não aprovados e projetos rejeitados, sempre pautei as discussões que eram relevantes e importantes para população maringaense.”

    • Como o senhor classifica a relação da Câmara com o Executivo? E a sua em particular com a Prefeitura?

    R: Estou na minha quarta gestão como vice-presidente da Câmara de Maringá e considero que sempre tive uma relação isenta e muito respeitosa com o Executivo. Sobre a minha atuação como vereador, a Prefeitura Municipal sempre foi muito solícita com as demandas da população, independente dos partidos políticos.”

    • E a relação do senhor com demais organizações da sociedade civil (Acim, Codem, SRM e similares). É um diálogo produtivo para a cidade?

    R: “A cordialidade e o respeito sempre existiram da minha parte com qualquer entidade, associação ou instituição maringaense que se preocupa com a construção da cidade. Em alguns momentos, meu posicionamento político foi contrário ao de algumas entidades, mas isso não afetou a relação com nenhuma delas. Até porque, a divergência de ideias é inerente na democracia.”

    • Como é ser uma liderança do PT e defender as causas que defende em uma cidade historicamente conservadora?

    R: “Eu tenho muito orgulho dessa construção. Sou filiado ao Partido dos Trabalhadores há quase 40 anos, desde 1985. De fato, sou referência de liderança do campo progressista da cidade, o que considero algo muito importante. Portanto, não sinto dificuldade nas defesas que faço na Câmara Municipal por causa do meu partido. Inclusive, atualmente, sou o único vereador do PT no Legislativo. Ou seja, apesar de uma maioria conservadora, temos uma parcela da população que se sente representada e eu estou vereador há tanto tempo justamente por representar esse grupo de esquerda, que confia no meu trabalho.”

    • Para o futuro, quais são os seus planos políticos? Tem algum outro cargo ou função que gostaria de exercer?

    R: “O momento atual é de análises. Ainda estudo o que irei fazer nas eleições municipais do ano que vem (2024). Porém, também estou analisando a conjuntura política atual nos âmbitos estadual e federal.”

    • Qual avaliação o senhor faz da administração municipal em Maringá?

    R: “Avalio como positiva. Tivemos inúmeros avanços em diversas áreas e no Esporte, Lazer e Cultura, em especial, os investimentos e as obras realizadas pela atual gestão foram históricas. A valorização dos servidores de carreira também foi algo extremamente importante na gestão de Ulisses Maia.  É claro que também tenho críticas construtivas a administração municipal, mas, de modo geral, avalio o mandato atual de maneira muito positiva.”

    • E avaliação dos Governos Estadual e Federal? Visto que tivemos troca de presidente recentemente.

    R: “No Governo Estadual, temos muitas coisas a serem debatidas e melhoradas. Eu não concordo com a atuação e gestão do Governador em muitos pontos, como por exemplo, a privatização da Companhia Paranaense de Energia (Copel), a maior empresa pública do estado, que está sucateada e endividada por má administração. Sobre o Governo Federal, sem dúvidas, tivemos os melhores seis meses dos últimos quatro anos. O retorno de programas importantes como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, assim como reduções importantes nos preços do gás de cozinha e dos combustíveis, impulsionados pela queda do dólar, que ratificam isso. Tudo isto me dá boas perspectivas para os próximos anos do Governo Lula.”

    Foto: Marquinhos Oliveira/CMM

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