Com expansão de 21%, indústria de bebidas do Paraná foi a que mais cresceu em 2022

Incremento foi de 21% no acumulado de janeiro a novembro do ano passado em relação ao mesmo período de 2021.

  • Foto: Rodrigo Félix Leal

    A indústria paranaense de bebidas foi a que mais cresceu no segmento em 2022. Dados do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que no acumulado de janeiro a novembro do ano passado a produção no Estado aumentou 21% em relação ao mesmo período de 2021.

    Na sequência, os estados com maiores crescimentos, segundo o IBGE, foram Amazonas (18,2%) e Mato Grosso (13,1%). Já o aumento médio nacional da indústria de bebidas no período foi de 3,5%.

    “Os produtores de bebidas estão em um momento positivo. E o cenário econômico do Paraná, sob gestão do governador Carlos Massa Ratinho Junior, também está positivo. Por isso o Estado vem atraindo investimentos de grandes grupos internacionais do ramo de bebidas, o que ajuda, inclusive, na atração de ainda mais investimentos ao Estado com a cadeia produtiva”, afirma o secretário estadual da Indústria, Comércio e Serviços, Ricardo Barros.

    O presidente do Sindicato das Indústrias de Bebidas do Paraná (Sindibebidas) e vice-presidente da Associação das Microcervejarias do Paraná (Procerva), Anuar Tarabai, afirma que o crescimento do setor no Estado em 2022 é reflexo da retomada econômica com as melhorias do cenário da pandemia de Covid-19. Recuperação que teve apoio do Governo do Estado.

    “O Governo do Paraná teve agilidade em ajudar o empresário na pandemia. Os empresários tiveram acesso ao Governo, que ficou sensibilizado com a situação das empresas”, aponta o dirigente. “O Governo foi ágil no sentido de que o empresário conseguiu ter acesso a refinanciamentos e à renegociação de alguns impostos, que foram postergados para que as empresas pudessem continuar operando no período mais crítico da pandemia”.

    Tarabai avalia que o crescimento do setor ano passado é resultado do cenário propício para que os empresários instalem ou aumentem seus negócios no Paraná. “Uma empresa escolhe seu domicílio para investimento a partir da proposta que recebe. Se a proposta for de mão de obra qualificada na região, investimentos e subsídio, ela se instala. Se não tiver essas três coisas básicas, a empresa não se instala. E o Paraná é um estado privilegiado nisso. Tanto que só o setor cervejeiro gera mais de 25 mil empregos diretos no Paraná”, enfatiza.

    EXEMPLOS – Um dos investimentos que impactou no bom resultado no Paraná em 2022 é da cervejaria Heineken, que nos dois últimos anos destinou R$ 865 milhões para a planta de Ponta Grossa, nos Campos Gerais.

    O aporte foi para aumentar em 75% a capacidade produtiva da unidade, que é a maior produtora da marca Heineken no país e um dos maiores parques industriais nacionais de cerveja, onde também são produzidos os rótulos Amstel e Devassa. Toda a operação da planta em Ponta Grossa é 100% com energia renovável. A fábrica emprega diretamente 576 pessoas da região, além de outras 19.574 de forma indireta ou induzida, segundo dados da própria cervejaria.

    “No Paraná, nossa cervejaria está presente há mais de 25 anos, em Ponta Grossa, e é uma unidade extremamente importante, pois contribui com a estratégia que traçamos para o segmento premium. Além disso, a unidade está localizada em um local favorável para o escoamento da produção para mercados-chave, como as regiões Sul e Sudeste”, afirma a direção da Heineken, em nota. “Seguimos comprometidos com o desenvolvimento da cervejaria de Ponta Grossa e o Estado do Paraná, confiantes no futuro da região e da nossa presença no país”.

    Outros dois exemplos de como o bom momento da indústria de bebidas movimenta toda a cadeia produtiva do Estado, conforme cita o secretário Ricardo Barros, são os da Ambev e da Maltaria Campos Gerais.

    A multinacional Ambev confirmou no ano passado que vai construir em Carambeí a maior fábrica de garrafas de vidros recicláveis do Brasil. Com investimento de R$ 870 milhões, a planta vai produzir garrafas a partir de cacos de vidros reciclados para os rótulos Brahma, Skol, Budweiser, Stella Artois, Becks e Spaten. A previsão é de que a fábrica comece a operar em 2025, gerando entre 300 e 400 empregos diretos.

    Já a Maltaria Campos Gerais recebeu aporte de R$ 3 bilhões das seis cooperativas responsáveis pela planta que está se instalando em Ponta Grossa: a Agrária Agroindustrial (Guarapuava), Bom Jesus (Lapa), Capal (Arapoti), Castrolanda (Castro), Coopagrícola (Ponta Grossa) e a Frísia (Carambeí). A unidade vai fornecer matéria-prima para produção de cerveja na indústria do Paraná e de outros estados, fortalecendo a cadeia estadual de fornecimento do segmento.

    “Temos no Paraná matéria-prima, mão de obra qualificada, água de qualidade e logística. Esses fatores, juntos com os incentivos fiscais do Governo do Estado, permitem a consolidação desses investimentos do setor de bebidas no Paraná”, completa o secretário Barros.

    O Paraná tem 220 estabelecimentos da indústria de bebidas. Desses, 12 são empresas com 100 empregados ou mais, o que ressalta a importância local do setor. Segundo Julio Suzuki, diretor do Centro de Pesquisa do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), o crescimento da atividade no Estado está diretamente relacionado aos investimentos do setor nos últimos anos. “Grandes empresas do ramo realizaram investimentos para a expansão das suas unidades”, afirma.

     

    INVESTIMENTO NA PRODUTIVIDADE – Uma das empresas de bebidas que cresceu em 2022 aproveitando o bom momento econômico no Paraná foi a Cini, de Curitiba. Mais tradicional marca de refrigerantes do Estado, em contagem regressiva para completar 120 anos em 2024, a Cini cresceu 22% o volume de produção de janeiro a setembro do ano passado, mesmo período do levantamento do IBGE.

    O diretor da indústria, Nilo Cini, afirma que o ambiente geral ajudou em 2022. Além da retomada econômica com o fim das restrições sanitárias da pandemia, até o tempo colaborou para o bom resultado do setor de bebidas no Paraná.

    “Algumas questões colaboraram para nosso crescimento: o inverno mais ameno, o que ajuda nas vendas, além da recuperação econômica, que mesmo sendo tímida ajuda porque bota o dinheiro para circular. Houve também a abertura de eventos, como casamentos e festas, o que favorece o setor”, avalia.

    Tal quadro fez com que já em 2022 a Cini aumentasse os turnos dos colaboradores para que desse conta da demanda. E para 2023 o plano é investir na aquisição de equipamentos e maquinários para incrementar ainda mais a produção de refrigerantes.

    A meta da empresa é crescer a capacidade produtiva em 30%, passando de 800 mil fardos por mês para 1 milhão de fardos por mês. “Vimos que nesse ano teríamos que fazer investimento para suprir melhor não só nossos clientes, como também nossos revendedores. A hora em que a sazonalidade do setor exige você precisa de volume grande de produção para atender essa demanda de quem consome e de quem revende”, argumenta.

    AEN

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