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Mais de 400 pessoas morreram em confrontos policiais no Paraná em 2024. O levantamento foi elaborado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR), por meio do Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Os dados foram divulgados nesta semana.
Ao todo, 413 pessoas morreram em 433 confrontos ocorridos em todo o estado no decorrer do ano passado. O número de confrontos representa um aumento de 24% no comparativo com 2023, ocasião em que 348 confrontos armados foram registrados no Paraná.
De acordo com o levantamento do MP, das 433 ocorrências, 424 (ou 97% do total) envolveram forças da Polícia Militar (PM), cinco da Polícia Civil e quatro de Guardas Municipais. A maioria das ocorrências (182) tiveram origem após perseguições contra suspeitos. Em 72% dos casos, os suspeitos estavam em posse de arma de fogo.
Ainda segundo o Ministério Público, das 413 pessoas que morreram nos confrontos, 409 (ou 99% do total) eram homens e quatro eram mulheres. O estudo também estratifica as cidades onde ocorreram a maioria dos confrontos.
Entre as cinco maiores cidades do Paraná, Maringá é a que teve a menor ocorrência deste tipo de situação, com apenas cinco confrontos armados em 2024. Curitiba lidera a lista no Paraná, com 98 duelos, seguida de Londrina, com 43 e São José dos Pinhais e Foz do Iguaçu, com 15 confrontos armados cada.
A nova abordagem do MP-PR para o tratamento da letalidade em confrontos policiais destaca os aspectos preventivo e repressivo. De acordo com material institucional do órgão, o primeiro será direcionado pelo Gaesp, responsável pela análise, compilação, tratamento e qualificação das informações. Na parte repressiva, para a apuração e denúncia de casos concretos, a ação fica sob responsabilidade das Promotorias de Justiça com atribuições para o acompanhamento das investigações em suas localidades e do Gaeco, quando atendidos os critérios de atuação da unidade especializada. Ambos os eixos, preventivo e repressivo, constituem desdobramentos da missão constitucional do Ministério Público de exercer o controle externo da atividade policial.
Todo o trabalho do Gaesp e do Gaeco vem sendo feito com a cooperação das instituições ligadas à segurança pública no estado: Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), Polícias Civil e Militar e Guardas Municipais. A ideia é alcançar, de forma conjunta, uma política interinstitucional ampla que tenda à compreensão dos fenômenos e à definição de novos protocolos de atuação. O que se busca, ao final, é a redução da letalidade em confrontos como um todo, tanto de civis quanto dos agentes de segurança pública.
O Maringá Post entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Paraná para comentar os dados. O órgão se manifestou por meio de nota. Leia na íntegra:
“A Secretaria da Segurança Pública esclarece que as forças de segurança do Paraná seguem rigorosos protocolos de treinamento para o uso escalonado e diferenciado da força. Ainda assim, situações de confronto armado são um risco constante enfrentado pelas polícias em todo o mundo, especialmente no combate ao crime organizado e na proteção da população. Nesses casos, o uso de arma de fogo ocorre exclusivamente como último recurso, diante de uma agressão injusta e iminente contra policiais ou terceiros, sempre com o objetivo de resguardar a segurança dos cidadãos frente à criminalidade violenta.”
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