Um adolescente de 15 anos foi detido na manhã desta quarta-feira, 5, após disparar contra três colegas em uma escola em Sobral, no interior do Ceará. Ele estava com uma arma de fogo registrada no nome de um CAC (colecionador, atirador desportivo e caçador). Uma das vítimas teve ferimento na cabeça e está em estado grave, enquanto as outras duas foram liberadas após avaliação médica. O caso é investigado pela polícia.
Conforme a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do Ceará, o adolescente é suspeito de praticar um ato infracional análogo ao crime de tentativa de homicídio. O caso ocorreu na Escola Estadual Professora Carmosina Ferreira Gomes, no bairro Sumaré, em Sobral. A pasta informou que foi apreendido com uma arma de fogo registrada no nome de um CAC, mas não confirma de quem é o registro.
A captura do autor dos disparos ocorreu nesta quarta-feira após ação do Comando de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio) da Polícia Militar do Ceará (PMCE), em Sobral. Conforme depoimento na Delegacia Municipal de Sobral da Polícia Civil do Estado do Ceará, o adolescente havia premeditado o ato após ser vítima de bullying. A Polícia Civil investiga o caso.
Uma das vítimas está em estado grave
Ao todo, três alunos foram atingidos e socorridos. Ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionadas e encaminharam as vítimas até a unidade de saúde mais próxima.
De acordo com a Santa Casa de Sobral, para onde as vítimas foram levadas, os três adolescentes, todos com 15 anos, foram socorridos para o pronto-socorro por volta de 10h30. Dois deles apresentam lesões na cabeça e um outro, na perna.
O estado de saúde de um deles, que recebeu um tiro na cabeça, é classificado como “muito grave”. O segundo, que recebeu um tiro de raspão também na cabeça, foi encaminhado para tomografia e liberado pela equipe médica. Assim como o terceiro, que passou por avaliação médica para avaliar ferimento na perna.
Dois casos ocorreram na semana passada
Na semana passada, dois casos de violência em escolas foram registrados na Bahia. No dia 26 de setembro, um adolescente de 14 anos usou a arma do pai, um policial militar, e matou uma aluna cadeirante no Colégio Municipal Eurides Sant’Anna, em Barreiras, no oeste baiano. Dois policiais que estavam nas proximidades da escola atiraram no rapaz, que segue internado.
A vítima foi Geane da Silva Brito, de 19 anos, portadora de paralisia cerebral, que via na escola uma ferramenta para inclusão e um local onde se sentia segura e acolhida pela comunidade escolar.
No dia seguinte, na cidade de Morro de Chapéu, na Chapada Diamantina, um adolescente de 13 anos ateou fogo na Escola Municipal Yeda Barradas Carneiro, onde estudava, e feriu a coordenadora com o uso de uma faca. Ele foi apreendido pela Polícia Militar.
Abaixo, relembre outros ataques em escolas brasileiras
Saudades (SC), 2021
O ataque em Saudades, no oeste de Santa Catarina, deixou cinco pessoas mortas na manhã de 4 de maio de 2021, quando um rapaz de 18 anos invadiu um creche do município com um facão de 68 centímetros. Ele matou duas funcionárias da unidade e três bebês menores de 2 anos.
Salvador (BA), 2002:
Um estudante de 17 anos matou uma colega e feriu outra a tiros no Colégio Sigma, no Bairro de Piatã. O rapaz teria pegado um revólver calibre 38 do pai e escondido a arma na mochila. Os disparos foram feitos depois que a professora pediu para ele fazer um exercício.
Taiúva (SP), 2003
Em 27 de janeiro, um estudante de 18 anos disparou 15 tiros contra cerca de 50 estudantes no pátio da Escola Estadual Coronel Benedito Ortiz, em Taiúva, interior do Estado. Ele usou a última bala do revólver calibre 38 para atirar na própria cabeça e morreu. O episódio não deixou vítimas fatais além do rapaz.
Realengo (RJ), 2011
Considerado à época como o maior massacre em escolas brasileiras até então, a tragédia em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, deixou 12 crianças mortas. O crime foi cometido por um ex-aluno de 23 anos que levou dois revólveres à Escola Municipal Tasso da Silveira e disparou contra os alunos, todos de 13 a 15 anos. Depois de invadir duas salas de aula, ele foi atingido na barriga pela polícia e disparou um tiro na própria cabeça.
São Caetano do Sul (SP), 2011
Um estudante de apenas dez anos atirou na professora e se matou em seguida na Escola Municipal Alcina Dantas Feijão, em São Caetano do Sul, no ABC paulista. Ele usou uma arma do pai, um guarda civil municipal. De acordo com colegas e funcionários da escola ouvidos na época, o menino era muito estudioso, inteligente e calmo.
João Pessoa (PB), 2012
Dois jovens chegaram à Escola Estadual Enéas Carvalho, em Santa Rita (Região Metropolitana de João Pessoa), em uma moto e invadiram o pátio. Eles usavam uniforme da escola. Um deles atirou contra um adolescente de 15 anos. O atirador disparou outras cinco vezes, atingindo duas garotas. Uma delas, de 17 anos, foi baleada no braço direito. A outra, levou um tiro no pé esquerdo. De acordo com a polícia, o motivo do crime teria sido ciúme.
Suzano (SP), 2019
Um ataque na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, deixou dez mortos, incluindo os dois atiradores, e 11 feridos. Os autores do massacre, Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, e um adolescente de 17, eram ex-alunos da instituição. Um dos atiradores acabou matando o comparsa e depois cometeu suicídio.
Goiânia (GO), 2017
Um adolescente de 14 anos matou a tiros dois colegas e feriu outros quatro em uma sala de aula do Colégio Goyases, em Goiânia, em 20 de outubro de 2017. Filho de policiais militares, ele usou a arma da mãe, que havia levado à escola particular escondida na mochila. Segundo a Polícia Civil, o rapaz sofria bullying e o crime foi premeditado.
Medianeira (PR), 2018
Um estudante de 15 anos do ensino médio pegou uma arma e atirou nos colegas em uma escola estadual da pacata cidade de Medianeira, a 60 quilômetros de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. Tinha uma lista para livrar os amigos – no fim, dois acabaram baleados. O atentado aconteceu no Colégio Estadual João Manoel Mondrone. Segundo a polícia, o autor do ataque seria alvo de bullying na escola.
Conteúdo Estadão/Foto: reprodução twitter
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