Polícia cumpre mandado de busca e apreensão em ‘casa abandonada’ em Higienópolis

O objetivo foi averiguar o possível abandono de incapaz de uma moradora e outras denúncias de irregularidades na residência. Um cachorro foi resgatado.

  • Foto: Fábio Vieira/Reprodução

    A Polícia Civil de São Paulo cumpriu na tarde de quarta-feira (20) , um mandado de busca e apreensão em uma casa nos arredores da Praça Vilaboim, em Higienópolis, na zona central de São Paulo. O objetivo foi averiguar o possível abandono de incapaz de uma moradora e outras denúncias de irregularidades na residência. Um cachorro foi resgatado.

    A mulher da “Casa Abandonada” é suspeita de manter uma faxineira brasileira em trabalho análogo à escravidão por cerca de 20 anos nos Estados Unidos. O marido da acusada foi condenado pelo crime no começo dos anos 2000, mas a mulher retornou ao Brasil antes de responder à Justiça americana. Desde então, ele vive na casa da família, onde mora sozinha.

    A Secretaria de Segurança Pública informou que policiais civis do 4º Distrito Policial (Consolação) cumpriram um mandado de busca e apreensão para averiguação de crime de abandono de incapaz na tarde desta quarta na casa, que fica na Rua Piauí. “Diligências prosseguem visando ao esclarecimento dos fatos”, informou a pasta.

    Uma das primeiras a entrar na casa na ação desta quarta, a delegada de Polícia Assistente da 1ª Delegacia Seccional Centro Vanesa Guimarães explicou que os agentes de polícia chegaram a ir até a casa da mulher na semana passada. Porém, a moradora não autorizou a entrada. “A ordem judicial foi concedida e hoje nós fomos cumprir.”

    Ao chegar no local, por volta de 15h, a delegada explica que a mulher foi “muito resistente” com os policiais e não queria deixar que o mandado fosse cumprido. “Em um primeiro momento, por ser idosa, respeitamos essa condição”, diz Vanesa. “Mas ela começou a argumentar que não ia abrir e começou a falar frases desconexas.”

    A delegada conta que os policiais, então, começaram a enfatizar que se tratava de um mandado judicial e que teriam de entrar na casa para apurar a situação. “Quando viu que não tinha jeito, ela autorizou minha entrada e de uma escrivã de polícia que estava comigo, por sermos mulheres. Entramos pela janela do quarto dela”, relata a delegada. “Tinha muita coisa na casa, um odor insuportável.”

    Após esse momento inicial, Vanesa conta ter liberado a entrada de equipes de perícia da Polícia Civil e da Prefeitura de São Paulo para o cumprimento do mandado. “Dentro do porão, foi encontrado um cachorrinho com indícios de maus-tratos, que não estava nem conseguindo andar. Ele foi resgatado por uma ONG”, disse ela, relatando que o animal tinha dificuldade de locomoção.

    Por conta da repercussão do caso, a apresentadora de TV Luisa Mell participou da ação junto à polícia e transmitiu nas redes sociais. Dezenas de pessoas, além disso, se aglomeraram na frente da residência para acompanhar a incursão da polícia. O imóvel teve de ser isolado pelos agentes.

    “Alguns policiais seguem por lá para garantir a segurança dela. Tem muita gente, então acabou criando um certo tumulto”, contou Vanesa. “A gente deixou o interior da casa e equipes de Saúde e Assistência ficaram conversando com ela, para ver se tem condições dela ficar na casa. O objetivo é apurar se há indícios de abandono de incapaz da família em relação a ela, mas isso são os médicos que vão dizer.”

    Durante a ação, a delegada conta ainda que os policiais averiguaram outros cômodos da casa abandonada, mas não encontraram irregularidades aparentes. Segundo ela, havia relatos de que a moradora mantinha gatos de estimação em condições insalubres e de que a moradora desviaria energia elétrica de prédios vizinhos.

    No entanto, nenhuma dessas denúncias se concretizou. “Hoje, até uma equipe da Enel foi até o local para acompanhar a situação, mas verificaram que não havia desvio de energia elétrica, disse Vanesa. “As contas são todas pagas e não há nenhum gato de energia e de água. O que não era feito era a leitura do padrão de luz desde 2010. Agora conseguiram efetuar a leitura para fazer o cálculo correto.

    *Com informações Estadão Conteúdo

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