Presidente Castelo Branco, distante 33 km de Maringá, elegeu o primeiro vereador LGBTQIA+ da cidade. O arquiteto e urbanista Marco Roque (PSD), de 25 anos, disputou cargo eletivo pela primeira vez e foi eleito com 128 votos. Com a vitória, ele se tornou o vereador mais jovem da atual legislatura na cidade.
Segundo Roque, a sexualidade dele não foi problema na cidade, que tem 5.351 moradores e pouco mais de 4 mil eleitores. “Eu sou assumidamente gay para todo mundo aqui, nunca escondi quem eu era para entrar [na política]. As pessoas votaram em mim conscientes disso, sabem da minha orientação. Elas sempre vinham com esse feedback do meu trabalho e nunca colocaram a minha sexualidade como problema.”
Na região de Maringá, há o registro de outros vereadores LGBTQIA+. Em Nova Esperança, Carlos Roberto (Solidariedade) encerra o mandato na Câmara de Vereadores. Ele disputou a reeleição e recebeu 734 votos, a maior votação entre os candidatos, mas não foi eleito.
O número de candidatos LGBTQIA+ eleitos no Brasil neste ano supera o registrado nas eleições anteriores. Levantamento da Aliança Nacional LGBTI+ identificou, até o momento, pelo menos 82 pessoas LGBTQIA+ eleitas para as Câmaras municipais em 69 cidades. Em 2016, eram 38 eleitos. Apesar dos avanços, diversos candidatos sofreram perseguições e ataques nas redes sociais.
Marco Roque afirma que não sofreu nenhum tipo de preconceito ou dificuldade durante a campanha por ser LGBTQIA+. Em Maringá, Jéssica Magno (PT), primeira mulher transexual a disputar uma cadeira na Câmara, registrou boletim de ocorrência contra ataques nas redes sociais.
Em mensagens recebidas no WhatsApp, um homem chegou a dizer que votava na candidata em troca de sexo com ela. Jessica Magno recebeu 137 votos e ficou como suplente do partido.
Marco Roque conta que nunca foi o desejo dele entrar para a política. Na última eleição municipal, em 2016, ele ajudou outros candidatos na campanha. Após as eleições, ele começou a filmar e transmitir a sessão da Câmara de Vereadores nas redes sociais para que a população pudesse acompanhar o trabalho do legislativo. Com esse trabalho e o desejo de mudança, ele resolveu se candidatar.
Para ele, a vitória nas urnas representa uma onda de renovação em Presidente Castelo Branco. Dos nove vereadores atuais, apenas dois se reelegeram. “A nossa política aqui precisava de renovação, a gente encontrava essa conversa nas ruas. Com meu trabalho na Câmara e conforme eu ia conversando, as pessoas foram pedindo para ser candidato e entrar na política porque a Câmara precisava renovar”, diz Marco Roque.
Na Câmara de Vereadores, ele afirma que pretende trabalhar pela cidade, mas vai levantar bandeiras e defender projetos que atendam as mulheres, jovens e crianças. Segundo Roque, a pauta LGBTQIA+ também vai fazer parte da atuação dele no legislativo. “Quero desenvolver esse trabalho ao longo do tempo, preciso sentir como vai ser essa nova Câmara. É uma experiência nova, quero trazer trabalhos que possam ajudar a comunidade, mas também é um aprendizado.”
Para Marco Roque, a vitória nas urnas como primeiro vereador LGBTQIA+ da cidade representa a sensação de cumprir um dos princípios básicos da Constituição: a igualdade.
“As pessoas colocaram muita esperança em mim e esperam muito trabalho. A nossa cidade passa por um momento político delicado, sempre as mesmas famílias dominaram a política aqui e, de certa forma, houve uma ruptura. Isso foi importante para a democracia e um passo muito grande para a cidade que precisa melhorar e se desenvolver”, diz Roque.
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