Professora Ana Lúcia (PDT), com 2.707 votos e Cris Lauer (PSC), com 1.785 votos, são duas entre os 15 candidatos eleitos a vereadores do município. As duas vereadoras de Maringá garantem o retorno das mulheres ao Legislativo após uma legislatura em que nenhuma mulher foi eleita para a Câmara Municipal.
Em entrevista ao Maringá Post, as eleitas definem o seu perfil político e pessoal, falam das ações que a tornaram conhecidas, de projetos de leis que estudam apresentar e da relação com o atual prefeito e reeleito, Ulisses Maia (PSD).
Como você se definiria em relação ao perfil político e pessoal?
AL: Vinculado a forte comprometimento com os princípios do Estado Democrático de Direito assegurados pela Constituição Federal de 88, ou seja, em defesa dos direitos sociais, do direito à cidade, do direito à vida digna e a todos os demais que compõem a edificação da nação brasileira. Defensora de um projeto brasileiro de desenvolvimento, contra a receitinha neoliberal fajuta. Podem caracterizar esse perfil de esquerda. Sou uma pessoa relativamente realizada, mas como humanista que busca a igualdade entre todas as pessoas é impossível ser feliz vendo pessoas dormindo na rua, idosos juntando lixo reciclável e puxando carrocinhas, mães de família em filas pra pegar frutas e verduras que não foram vendidas, mulheres sendo assassinadas, juventude sem perspectivas, aumento dos lucros do sistema financeiro parasitário e empobrecimento de todos os trabalhadores.
CL: Em relação ao perfil político sou uma eterna sonhadora onde quero ver política e justiça caminhando juntas. Não é fácil entrar para a política, principalmente num momento como este em que só ouvimos falar de corrupção. Meu desafio será enorme, pois legislar sem se corromper é tarefa nada fácil, mas meus princípios e valores serão os mesmos e nesse momento se fundem o meu perfil pessoal com o perfil político, não consigo separar. Tenho a visão que independente de onde chegarmos, seja na vida pública ou não, você tem a obrigação moral de ser a mesma pessoa. Muitos optaram por criar um perfil apenas para alcançar um objetivo, isso com o tempo se tornará insustentável. A vida pública é apenas uma extensão da vida pessoal e nesse momento tão frágil da nossa política as circunstâncias nos levam a acreditar que quanto mais transparente for, mais resultados positivos teremos.
Quais foram as ações que a tornaram conhecida lhe garantindo votos?
AL: Sem dúvida o que me tornou conhecida foi a minha trajetória profissional na UEM. Em 32 anos de docência muitos estudantes receberam e assimilaram influência da formação que proporcionei: ouvi muitas declarações afirmando isso. Não imaginava que ouviria. Mas, além do ensino, a pesquisa desenvolvida no Observatório das Metrópoles e a intervenção na realidade proporcionada pelos resultados foi essencial para maior visibilidade e, principalmente, para me integrar aos movimentos sociais, às organizações, ao poder público, às instâncias participativas. A trajetória de uma vida profissional me trouxe para a esfera pública, na qual atuei muito no campo participativo e me preparou para atuar na esfera representativa.
CL: Comecei em março com vídeos intitulados de desabafo, após o fechamento precipitado do comércio. Como isso tomou uma proporção muito grande, tendo vídeos com mais de 100 mil visualizações, comecei a abordar assuntos da gestão atual que muitos tinham medo de colocar em pauta. De forma coerente, fundamentada na verdade e com provas, trouxe a tona muitas denúncias e muitas delas foram resolvidas através desses vídeos
Em relação ao mandato a partir do ano que vem: qual será o foco de atuação na câmara?
AL: Fiscalização rigorosa do Executivo, acompanhamento e intervenção na execução e propositura do orçamento anual, de modo a garantir equilíbrio na destinação dos recursos, especialmente dos recursos próprios, para que as políticas sociais e o desenvolvimento social sejam contemplados na mesma proporção que o desenvolvimento econômico. As duas primeiras propostas a serem encaminhadas se constituem das Propostas do Movimento Mais Mulheres No Poder: garantia de mulheres em 50% dos cargos de livre indicação para o primeiro e segundo escalão do Executivo Municipal e 4% do orçamento municipal para políticas de enfrentamento à violência contra mulher, de forma transversal em cada unidade da prefeitura em que for viável.
CL: Meu principal foco será fiscalizar, investigar e denunciar.
Há ideias de projetos de leis?
AL: Programa municipal de repasse do excedente doméstico de energia solar para as entidades assistenciais, programa de agricultura orgânica para tornar a Cidade Verde território livre de agroquímicos e formulação de políticas que assegurem fontes permanentes de recursos para o Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social.
CL: Sim, serão vários projetos que já estão no papel. Por enquanto trago a sete chaves devido a perseguição que tenho sofrido da oposição antes mesmo de assumir a cadeira. Mas certamente irá surpreender a cidade que eu nasci e onde escolhi para continuar vivendo.
Em relação ao prefeito Ulisses Maia (PSD), a senhora pretende atuar como oposição ou situação?
AL: Vou atuar na defesa dos direitos já declarados nessa entrevista. Portanto, se as propostas encaminhadas pelo Executivo vierem ao encontro da implementação dos princípios garantidores dos direitos que estão inscritos em todos os marcos legais do país, desse Estado e desse município, não haverá oposição às mesmas. Se, ao contrário, não apresentarem a garantia dos direitos a todos os que vivem e trabalham em Maringá, me oporei de forma intransigente, sem trégua.
CL: Com certeza oposição. Não concordo com a gestão atual. Vivenciei de perto a realidade dos funcionários municipais e do povo que precisa das políticas publicas e enxerguei como a minha cidade está sendo administrada no descaso e na falta de transparência.
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