Candidata a vereadora pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e fundadora do coletivo trans em Maringá, Jéssica Magno vem recebendo diversos ataques transfóbicos e foi vítima de assédio sexual e moral nas redes sociais. Em uma das mensagens recebidas por Jéssica no WhatsApp, um homem chegou a dizer que vota na candidata em troca de sexo com ela.
Primeira mulher transexual a disputar uma cadeira na Câmara de Maringá, Jéssica Magno recebeu apoio de diversas entidades e registrou boletim de ocorrência contra os ataques na manhã desta terça-feira (3/11). O Movimento Mais Mulheres no Poder disse que encaminhou o caso da candidata à assessoria jurídica interna e à subseção de Maringá da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Jéssica Magno, que já foi candidata a deputada estadual e preside a ONG Resistrans, que defende os direitos da população transgenêro, divulgou na sexta-feira (30/10), nas redes sociais, as mensagens que recebeu. Segundo a candidata, esse é apenas uma dos vários ataques sexuais e morais que recebeu desde que iniciou a campanha.
“Tenho o corpo marginalizado todos os dias. Na entrevista de emprego, na academia, nos espaços acadêmicos e agora durante a campanha. Queria tanto que esses homens respeitassem minha luta e história, não foi fácil se tornar uma travesti política pra chegar aqui e banalizarem isso”, escreveu a candidata nas redes sociais.
Jéssica Magno relata que recebe mensagens nas redes sociais e ligações com números privados. Em uma das ligações, a pessoa, que não se identificou, perguntava se ela tinha problemas mentais por ser uma mulher trans e se candidatar em uma cidade conservadora como Maringá.
Quando divulgou nas redes sociais as mensagens que havia recebido, a candidata foi vítima de novos ataques transfóbicos. Em um dos comentários, um perfil que se identifica como uma página de humor escreveu: “Nessa salada tem PAUmito”.
“Uma candidatura de uma mulher incomoda muita gente e uma candidatura de uma mulher trans incomoda muito mais. As pessoas não nos veem no direito de estarmos disputando cargos públicos. Menosprezar e diminuir alguém enquanto pessoa LGBT para eles é algo normal, isso está entranhado na sociedade”, afirma a a candidata.
Entidades ligadas à partidos e movimentos em defesa das mulheres e LGBTQIA+ emitiram uma nota de repúdio contra os ataques. No documento, as entidades classificam as mensagens recebidas pela candidata nas redes sociais como “repugnantes e criminosas”.
Veja a íntegra do documento:
As entidades signatárias desse documento vêm a público repudiar o assédio sexual e moral que a candidata a vereadora Jessica Magno (PT) tem recebido por meio de WhatsApp e nas redes sociais (Facebook e Instagram). As mensagens são repugnantes e criminosas ao tentar trocar o voto por sexo com a candidata que é mulher trans e defende a causa LGBT, sendo inclusive, presidente da entidade Resistrans.
O assédio sexual e moral para com as candidaturas de mulheres é algo, infelizmente, recorrente em nosso país, especialmente quando as candidatas são mulheres negras, indígenas, LGBT ou portadoras de deficiência.
Ao se tratar de uma candidatura de mulher trans e jovem, a situação se torna mais alarmante pois o agressor incide sobre a sexualidade da candidata como forma de depreciar seu espaço de luta e de garantia de direitos.
A candidata Jessica Magno também participa do Movimento Mais Mulheres no Poder que conta com apoio da OAB de Maringá para coibir e exigir punição aos agressores.
Nosso apoio à candidata nesta luta que é de todas nós.
Força Jessica Magno, siga firme na sua caminhada!
Setorial de Mulheres do PT de Maringá
Associação Maringaense LGBT
Associação Maria do Ingá Direitos da Mulher
Associação Maringaense e Frente Feminista de Mulheres organizadas “Nenhuma a Menos”
Forum Maringaense de Mulheres
Instituto de Mulheres Negras Enedina Alves Marques
Marcha Mundial de Mulheres
Projeto Elas por Elas
Resistrans
Ação da Mulher Trabalhista PDT Maringá
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