Entre os títulos recebidos, Maringá é reconhecida como Cidade Verde pela quantidade de árvores nos parques e pelos corredores verdes nas ruas e avenidas. Mas os benefícios de uma cidade arborizada são acompanhados de problemas, principalmente quando ocorrem chuvas fortes e a cidade registra a queda de árvores sobre carros, casas e rede elétrica.
Em 2020, após 40 anos, Maringá desenvolveu um novo Plano de Gestão da Arborização Urbana. De acordo com a prefeitura, esse é o primeiro plano do país a ter uma indicação de espécies para cada uma das mais de 3,5 mil ruas da cidade. A elaboração do documento, iniciada em 2017, tem previsão de validade de 20 anos, com revisão a cada 5 anos.
O plano diagnosticou a situação das 142 mil árvores catalogadas e centralizou as informações em um banco de dados, incluindo as solicitações de poda ou remoção solicitadas pela população por meio da ouvidoria municipal.
Apesar de catalogado, o serviço se encontra em atraso e quando ocorrem chuvas mais intensas, a cidade registra a queda de árvores sobre veículos, casas e rede elétrica. Dados da Secretaria de Serviços Públicos (Semusp), divulgados pela CBN Maringá, mostram que a cidade tem 14 mil pedidos de remoção e poda de árvores, registros que se acumulam desde 2007.
A pedido do Maringá Post, os candidatos à Prefeitura de Maringá apresentaram as propostas para a arborização da cidade. A maioria destaca a importância de seguir o plano de arborização, mas propõe outra iniciativas como projeto de zeladoria urbana e o diálogo com as concessionárias Sanepar e Copel.
Alguns candidatos propõem a contratação de empresas que seriam responsáveis por serviços como a poda e o replantio de árvores. De outro lado, há candidato que propõe autorizar o proprietário a realizar os serviços de corte e poda de árvore permitidos pela Secretaria de Meio Ambiente.
Carlos Mariucci (PT) não respondeu aos questionamentos da reportagem. As propostas do candidato serão incluídas assim que o Maringá Post receber as informações.
Akemi Nishimori (PL)
O maringaense tem muito orgulho de suas árvores e quem visita a cidade fica encantado com esses verdadeiros túneis verdes unindo a cidade. Como em tudo na minha gestão, também na arborização o modelo será intersetorial. Tem que começar certo, escolhendo não apenas pelo porte e beleza, mas selecionando as espécies mais resistentes aos ventos e que tenham raízes e estrutura adequadas para sua função nas ruas.
Depois, vamos trabalhar em conjunto com todos os setores e órgãos, para determinar os locais exatos de plantio, para que não aconteça como hoje, quando as raízes precisam ser cortadas para obras de esgoto, energia, escoamento de chuva e outros, inclusive da iniciativa privada.
Não vamos plantar de qualquer jeito. Vamos fazer certo para fazer uma só vez.
Annibal Bianchini (PTC)
A arborização de Maringá foi idealizada pelo Dr. Luiz Teixeira Mendes e implantada pelo meu avô, Dr. Anníbal Bianchini da Rocha. Teixeira Mendes já tinha renome nacional, era reconhecido por seu trabalho paisagístico, e meu avô engenheiro agrônomo formado na Universidade Luiz de Queiroz fizeram de Maringá a cidade verde, cultivando um patrimônio natural que poucas cidades no mundo possuem.
Após isso, o acúmulo de descaso com nossas árvores, gestão após gestão, nos levam para os tempos de hoje. Árvores velhas, tomadas por cupins, que sofreram podas incorretas para passar a fiação elétrica. Onde existe rede elétrica elevada não condiz com uma vasta arborização com árvores de grande porte. A fiação subterrânea já é uma proposta da nossa gestão.
A atual gestão começou um novo Plano de Arborização entregue em julho de 2019. Nossa proposta é revisar o Plano elaborado e iniciar um trabalho perene e preventivo de reposição das árvores de nossa cidade. Aumentar e qualificar a produção de nosso viveiro municipal. Trabalhar com incentivos como o “IPTU verde” fomentando além de uso de energias limpas, mas também do cultivo de hortas e plantio de árvores nas residências. Cuidar do meio ambiente é pensar na qualidade de vida das futuras gerações.
Bovo (Podemos)
Vamos seguir o Plano Diretor de Arborização. Teremos uma equipe especializada na Secretaria de Meio Ambiente para cuidar das novas árvores, com técnicos capacitados que acompanharão os pedidos de poda e corte, agilizando as ordens de serviço para as equipes da Secretaria de Serviços Públicos.
Vamos liberar os proprietários para realizarem serviços de poda e corte autorizado pela Secretaria de Meio Ambiente e com o acompanhamento dos técnicos do município.
O Viveiro Municipal será ampliado e vai garantir a produção de mudas para o replantio de árvores e de flores para as praças e canteiros centrais. Nesta área, ouvindo especialistas, teremos ações inovadoras utilizando o que a natureza nos oferece gratuitamente.
Coronel Audilene (Progressistas)
Ao mesmo tempo que nos trazem orgulho, as árvores mais antigas também trazem medo e preocupação. O Plano diretor de arborização precisa prever prazos e formas de substituição de árvores antes que elas representem ameaças.
Maringá já tem senso da arborização e experiência acumulada para definir a estratégia correta para o manejo de suas árvores urbanas. Sou uma pessoa do diálogo, vamos debater com a sociedade e com os órgãos interessados para chegarmos às melhores soluções.
Dr. Batista (DEM)
A arborização da cidade, que já foi orgulho dos maringaenses, depois de quase 60 anos da sua implantação, vem causando problemas com as árvores plantadas inicialmente. Em qualquer temporal ou vento mais forte, muitas árvores vão ao chão causando danos e prejuízos. Há uma fila de milhares de pedidos de corte de árvores por toda a cidade.
Existem vários planos de manejo para as árvores da cidade, inclusive dos nossos parques mais conhecidos como o Parque do Ingá, Horto Florestal, entre outros, mas até o momento nada foi feito. Há a necessidade do manejo das espécies que se preveem a implantação de até 77 espécies diferentes, saindo um pouco do excesso de Sibipirunas, Ipês, Tipuanas, Jacarandás e mais recentemente Figueiras e Manacá da Serra entre várias outras.
O assunto está em discussão no Conselho Municipal do Meio Ambiente e é de muita importância, pois as “ilhas de calor”, principalmente nas áreas mais habitadas da cidade com muitos edifícios e as ruas asfaltadas e calçadas, precisa da arborização para que a temperatura seja amenizada.
Vamos manter esta discussão dentro do Comdema e avaliar estudos que já foram feitos por professores da UEM, Unicesumar e outras faculdades e escolas como o Colégio JK e seu curso de técnico em meio ambiente, e chamar estas fontes de sabedoria para encontrarmos as soluções. Vamos também, chamar para a discussão a empresa concessionária de energia para ouvir suas sugestões.
Eliseu Fortes (Patriota)
Vamos tirar do papel o Plano de Arborização de Maringá. A atual gestão municipal gosta muito de fazer as coisas para ficar no papel. Temos a real intenção de dar ao maringaense a segurança de que haverá um convívio harmonioso das pessoas com a arborização da nossa cidade. O que vemos atualmente é que muitas pessoas vivem com medo de uma árvore cair sobre sua residência.
A eficiência da gestão pública pode fazer com que o maringaense, realmente, sinta orgulho de ter uma cidade arborizada e, não, medo de uma árvore derrubar sua residência.
Evandro Oliveira (PSDB)
As gestões que passaram por Maringá enrolaram e usaram este problema como promessa de palanque eleitoral, nada além disso. Maringá é conhecida por ser uma cidade verde e precisamos manter essa tradição. O que acontece, é que infelizmente, sabemos que temos diversas espécies de árvores muito velhas e com cupins pela cidade, e quando chove, vocês já sabem né? Ocorre todos aqueles problemas desagradáveis de sempre: queda de árvore, queda de energia elétrica, destruição de carros, casas e diversos tipos de transtornos que afligem nossa população.
Precisamos de uma vez por todas implantar um programa de arborização concreto, sem rodeios e que seja efetivo, e se preciso for, vamos chamar alguns setores para sentar à mesa e discutir em conjunto esses projetos, já que alguns setores também possuem suas responsabilidades sobre o tema, como a Sanepar por exemplo, uma vez que existem problemas na arborização que são ocasionados por instalações realizadas por esta autarquia.
Também vejo como solução o desenvolvimento de parcerias com setores que têm ligações diretas com a arborização de Maringá, e aqui falo da Copel, que já possui projetos em parcerias com outros municípios e cito exemplo de Jaguapitã, e esta autarquia deve atuar em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente e universidades de Maringá.
De acordo com alguns dados da própria prefeitura, calcula-se que Maringá tenha cerca de 130 mil árvores, e o que devemos fazer? Devemos cuidar das árvores que estão em boas condições, retirar os tocos que ficam pelas calçadas, principalmente dos bairros, sei que esse ainda é um serviço muito precário, e devemos estudar espécies que possamos cultivar aqui na nossa região.
A ideia é clara: plantar muitas novas espécies e acabar com os problemas causados pelas antigas árvores.
Homero Marchese (Pros)
Os problemas da prefeitura só são resolvidos quando o gestor dá CPF para o problema, ou seja, quando delega equipe específica com autonomia, responsabilidades, direitos e deveres para executar o serviço público. No caso da arborização da cidade, o problema só pode ser resolvido se a prefeitura atuar por duas frentes de trabalho: serviços de zeladoria e adoção de robusto programa de arborização urbana. Cabe destacar, que nessas duas frentes de atuação é imprescindível contar com a participação dos cidadãos.
O nosso plano de governo conta com o programa Zeladoria Urbana Participativa, em um modelo similar ao que já ocorre nas cidades de Cascavel, São Bernardo do Campo e Rio de Janeiro. O projeto consiste em criar equipe específica na Secretaria de Serviços Públicos para cuidar da manutenção de serviços de natureza continuada e disponibilizar plataforma online para os cidadãos encaminharem solicitações de serviços do seu bairro e acompanhar a execução e andamento das atividades.
Entendemos que realizar o manejo adequado da arborização urbana significa economizar com pagamento de indenizações geradas pela queda de árvores no perímetro urbano da cidade e garantir a segurança de nossos maringaenses. Além disso, com a adoção do Programa de Arborização Urbana é possível estabelecer campanhas periódicas de conscientização sobre a importância das áreas verdes urbanas, aplicar métodos de sensoriamento remoto para a elaboração de inventário e manejo de áreas verdes e disponibilizá-lo no portal Geomaringá, realizar vistorias e remarcar locais de plantio de árvores, aumentar a fiscalização em locais de depredação de mudas recém plantadas e criar calendário dos serviços de poda de árvores para garantir a ampla mobilidade dos pedestres nas calçadas e reduzir o risco de queda de árvores nos períodos de chuva, principalmente.
Professor Edmilson (PSOL)
O que se constata é que Maringá cresceu muito nos últimos anos, entretanto a prestação do serviço público de poda de árvores não acompanhou esse crescimento. Nas periferias e bairros o problema da queda de árvores, que ocorrem principalmente nos períodos de chuvas pouco mais fortes, foi resolvido transferindo dinheiro público para a iniciativa privada. Em outras palavras, o prefeito terceirizou o serviço de podas, passou o dinheiro da esfera pública para empresários, transferiu o dinheiro do contribuinte para o capital privado ao invés de investir em concursos públicos e no serviço público.
Essa é mais uma consequência da lei de responsabilidade fiscal, que dificulta a realização de contratações e que se traduz em uma efetiva piora dos serviços públicos, um ótimo exemplo para reforçar nossa tese de que é necessário “nacionalizar as eleições municipais”. A decisão dessa e outras questões são necessárias de serem feitas pelos conselhos populares e não com negociatas com esse tipo de empresariado.
Outra questão da arborização da cidade é que remete a qualidade de vida da população e da identidade de Maringá: o projeto diretor do município. A pouca arborização do Novo Centro é questão da mercadorização dos espaços públicos maringaenses, dividem a cidade nos espaços das elites e nos espaços de quem trabalha.
O Novo Centro é onde o trabalhador desempenha seu ofício, muitas vezes residindo ali também, mas ele não é contemplado pelo projeto diretor inicial da cidade, que zelava pela arborização. Resta-lhe apenas ficar enclausurado em edifícios e ser obrigado a se deslocar para outros locais mais distantes, para aproveitar os espaços arborizados e de convivência coletiva.
Estamos perdendo esses espaços públicos de integração da população para que empresários lucrem com a especulação imobiliária. Essa lógica de mercadorizar aplica-se de forma similar entre os bairros centrais e os periféricos. Não nos silenciaremos com essa perspectiva de precarização da vida de quem trabalha e vive na cidade para beneficiar quem apenas enriquece sozinho a custas dos problemas da cidade.
Rogério Calazans (Avante)
Precisamos fazer uma revisão no plano de arborização de Maringá. O município precisa ter viveiro com mudas que sejam capazes de assegurar um plano de substituição das árvores de Maringá (reflorestamento).
Paralelamente a isso, precisamos de atitudes práticas. Nós vamos realizar uma parceria público-privada, com uma empresa que tenha capacidade técnica para fazer a aferição da “saúde” das árvores (por meio de engenheiros florestais), a retirada das mesmas quando necessário (com a retirada do toco) e a imediata substituição. Essa empresa ficaria com a madeira e daria destinação legal e comercial da madeira.
Ulisses Maia (PSD)
Maringá sempre foi valorizada também pelas suas extensas áreas verdes e pelo volume de árvores em suas praças, ruas e avenidas. É um patrimônio que precisa ser cuidado e protegido. Em nossa gestão elaboramos dois planos de manejo: da arborização e do Parque do Ingá. Os documentos foram elaborados ao longo de muita discussão e com o envolvimento de especialistas em meio ambiente.
Na mesma medida que temos o bônus de uma cidade muito arborizada, temos o ônus dos riscos de queda, com prejuízos para o cidadão e o município. O importante é encontrar um ponto de equilíbrio entre manter e ampliar a área verde com a necessidade de remover milhares de árvores antigas, replantando numa proporção de pelo menos 3 por 1.
Precisamos agilizar o processo entre a solicitação pelo cidadão de uma poda ou remoção e a execução do procedimento.
Valdir Pignata (Cidadania)
Faremos um chamamento de no mínimo 100 empresas devidamente cadastradas e regularizadas para fazerem tanto para o replantio, como poda das árvores. Assim, a pessoa que precisa ter uma árvore removida, faz o pedido para a prefeitura, a prefeitura dá opção de escolher alguma dessas empresas, a empresa faz o levantamento se precisa retirar.
Se for necessário a retirada, a despesa vai ser por conta da pessoa solicitante e o replantio será obrigatório. É uma maneira de resolver a arborização. Acredito que em 2 anos podemos amenizar essa situação.
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