“Enfrentar a TCCC”, diz Professor Edmilson sobre principal proposta de mobilidade

Se eleito, ele afirma que a prioridade do mandato será organizar os trabalhadores em conselhos de classe que vão definir as necessidades da cidade

  • Professor Edmilson, 50, é candidato à Prefeitura de Maringá pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Formado em Ciências Contábeis, ele é mestre em administração e doutor em administração pública e governo.

    Ele foi presidente da Seção Sindical dos Docentes da UEM (Sesduem). O candidato a vice-prefeito é o servidor público federal aposentado Osmar Batista, conhecido como Osmar Jamaica.

    Se eleito, Professor Edmilson afirma que a prioridade do mandato será organizar os trabalhadores em conselhos de classe que vão definir as necessidades da cidade. A chapa se apresenta como “uma candidatura claramente socialista, contra o capital, em defesa dos trabalhadores”.

    Como principal obra de mobilidade urbana, ele defende o enfrentamento da empresa Transporte Coletivo Cidade Canção (TCCC), responsável pelo transporte coletivo na cidade. “Não sendo possível a imediata municipalização do transporte público, a organização popular, os conselhos populares, vão por rédea curta nos mercadores do transporte.”

    Por que o senhor merece ser eleito prefeito de Maringá?

    Não se trata de mérito pessoal. Vivemos no Brasil, desde 2013, uma verdadeira guerra de classes, com as classes exploradoras atacando diariamente os interesses dos trabalhadores. Começou com a reeleição de Dilma, que chamou Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, com um plano de austeridade que empurrou a taxa de desemprego da casa dos 4% para 11,5%. Depois veio Temer, com a Reforma Trabalhista e a PEC dos Gastos Públicos. Em seguida, o governo genocida de Bolsonaro, com as Reformas da Previdência, Reforma Administrativa, entrega descarada das riquezas nacionais ao capital internacional, destruição ambiental a serviço do ‘agro-negócio’, falcatruas de toda ordem para beneficiar o capital rentístico, violência indiscriminada contra a população pobre, desemprego gigantesco e, para coroar, em breve ultrapassaremos a casa dos 140 mil mortos pela criminosa negligência do governo com a Covid-19.

    Isto quer dizer: não há como discutir os problemas de Maringá sem uma posição clara diante dos problemas nacionais e da compreensão que o sistema político brasileiro está completamente apodrecido. Esta é a proposta do PSOL de Maringá: discutir os problemas locais a partir de uma perspectiva nacional. Por isso, não negociamos pequenas alianças para ganhar mais alguns segundos no rádio e televisão. Temos uma linha bem definida, programática, e todas as alianças deveriam passar por ela. Foi dentro destas circunstâncias que o PSOL escolheu meu nome e do camarada Jamaica, além de nossos candidatos a vereadores.

    O PSOL não é um partido de aluguel, ao contrário, é um partido pequeno, mas com uma bancada aguerrida, nunca envolvida em esquemas de corrupção, sempre votando a favor do trabalhador. Eu e Jamaica e nossos candidatos a vereador fazemos parte desse grupo, desse partido e por isso, somente nesse partido, aceitaríamos a indicação de nossos nomes.

    Se eleito, qual a prioridade do seu mandato?

    Nossa prioridade na campanha e em um eventual mandato é avançar na organização dos trabalhadores e a denúncia constante da podridão do atual sistema. Pretendemos organizar os trabalhadores e trabalhadoras em conselhos populares, conselhos que podem se dar por locais de trabalho, igreja ou bairro, e que tem como grande propósito garantir que esses trabalhadores possam defender por conta própria e de forma organizada e coletiva seus interesses. Queremos que as decisões passem para as mãos dos trabalhadores.

    Em resumo, nosso esforço contínuo é em apresentar aos trabalhadores a podridão do atual sistema político, sua inviabilidade e apresentar uma solução fora dessa ordem, ou seja, a importância da luta contra o capitalismo e pelo socialismo.

    Como avalia a gestão de Ulisses Maia (PSD)?

    A gestão Ulisses Maia só poderia ser a continuidade, com pequenas diferenças, do que sempre se viu em Maringá. Os grupos econômicos que cercam a gestão são os mesmos de sempre e eles têm pouco ou nenhum interesse em comum com os trabalhadores.

    Houve avanços tímidos em algumas áreas, como a cultura, mas em geral a Prefeitura de Maringá, sob o governo Ulisses Maia, continuou igual todas as outras prefeituras do país: um balcão de negócios dos interesses dos grupos econômicos que atuam na região.

    Vejamos, por exemplo, a relação com a TCCC. Essa empresa, que recebe uma enorme fatia do orçamento público e oferece um péssimo serviço para a população, continua intacta. O enfrentamento, se é que ele existiu, foi cosmético.

    Concorda com a compra de vagas em creches particulares?

    A questão fundamental não é sobre concordar ou não, mas por qual motivo a prefeitura compra vagas em creches particulares tendo salas de aula equipadas subutilizadas. A razão se chama lei de responsabilidade fiscal (Lei complementar Nº 101, de 4 de maio de 2000). A LRF cria uma série de barreiras para todas as prefeituras do país, impedindo a contratação de servidores, como é o caso das professoras e profissionais que trabalham nas creches.

    A lei de responsabilidade fiscal é, na prática, a lei da irresponsabilidade. Com esse nome pomposo, que parece dar combate à corrupção, ela preserva grande parte do orçamento para que se honre a dívida pública e enquanto isso o restante da população permanece abandonada. Além disso, com esse impedimento na contratação de servidores e servidoras a prefeitura ganha mais uma justificativa para transferir recursos públicos aos empresários da educação privada que remuneram mal seus funcionários e prestam um serviço de qualidade duvidosa.

    Em nossa campanha faremos a denúncia constante da lei de responsabilidade fiscal e de todas as outras formas com que os grandes capitalistas se apropriam do orçamento.

    Concorda com os investimentos feitos em praças?

    É extremamente importante revitalizar os espaços públicos, mas é preciso fazer isso alinhado com o interesse da população. Defendemos que tanto a forma das obras, quanto quais obras serão feitas deve ser discutido previamente com a população, esclarecendo custos, interesses e prioridades.

    Qual a principal obra de mobilidade que propõe para Maringá no período de 2021 a 2024?

    Enfrentar a TCCC. Não sendo possível a imediata municipalização do transporte público, a organização popular, os conselhos populares, vão por rédea curta nos mercadores do transporte. O trabalhador, para sobreviver, precisa se deslocar de casa ao trabalho e do trabalho para casa. Não é liberdade de ir e vir. As pessoas não podem escolher se vão ou não trabalhar. Por isso, o transporte público não pode ser uma mercadoria, ainda mais ofertada de forma monopolista.

    Pretende continuar a investir no Eixo Monumental?

    Os investimentos no “Eixo Monumental” garantem melhor qualidade de vida para a população ou apenas servem à especulação imobiliária? É preciso escancarar os custos de tais investimentos, assim, com esse cenário mais claro a população poderia decidir se concorda ou não com tais investimentos, se possui outra prioridades, etc. Não se trata de se opor a manutenção e transformação dos espaços da cidade, mas de transformar a forma com que isso é feito.

    Acha possível ter um VLT na Avenida Brasil?

    Possível é, mas a questão que nos interessa é outra: qual o interesse da população em relação a essa obra? Esse é mais um exemplo da necessidade dos conselhos populares, através deles poderíamos discutir a necessidade de uma obra como essa, esclarecer seus custos para a população e confirmar ou não se a população acredita ser essa a melhor forma de empenhar tais recursos. Até, porque, caso seja implantado esse ou qualquer outro meio de transporte em nossa cidade, ele ficaria submetido ao controle monopolístico da TCCC. Então, temos algumas questões a serem resolvidas antes.

    Qual mensagem deixaria aos eleitores neste início de campanha eleitoral?

    Não acreditem em eleições, nem municipais, nem nacionais. Nada virá através das urnas. Participamos do processo eleitoral para organizar os trabalhadores. Nas eleições é preciso atuar dentro da ordem, mas contra a ordem. Nenhuma solução eficaz virá para o trabalhador dentro da ordem capitalista. Por isso, nos apresentamos como uma candidatura claramente socialista, contra o capital, em defesa dos trabalhadores.

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