Dos 416 nomes homologados pelos partidos políticos para a disputa pelas 15 vagas da Câmara de Maringá, 134 são mulheres. Em números absolutos, a participação feminina nas Eleições 2020 registra um aumento de 54% na comparação com 2016, quando havia 87 candidatas à Câmara de Maringá. Também supera em 32,7% o recorde anterior, de 2012, quando 101 mulheres concorreram ao Legislativo.
Os números foram calculados pelo movimento Mais Mulheres no Poder, criado com o objetivo de fortalecer a participação feminina no Executivo e no Legislativo de Maringá.
As mulheres somam 32,22% do total de candidatos homologados para as eleições proporcionais de 2020. O percentual atende à exigência da proporcionalidade de gênero de 30%/70% para a formação das chapas.
Na eleição majoritária, Maringá conta com duas candidatas à prefeita. Akemi Nishimori (PL) e Coronel Audilene (PP) disputam na cabeça de chapa. E tem cinco candidatas à vice: Cristiane Tazinafo (PTC), Lilian Moraes (DC), Eliane de Oliveira Silva (Patriota), Vanessa Paludetto Lollato (PSDB) e Luzinete Peder (Avante).
Os nomes ainda precisam ser confirmados até sábado (26/9), data limite para o registro das candidaturas na Justiça Eleitoral.
“Maringá ter registrado aumento no número de candidatas é um grande ganho, pois isso nos aproxima da democracia que queremos. Uma democracia em que o quantitativo de eleitoras, 52%, seja próximo do percentual de eleitas, que hoje na cidade é zero”, avalia Naiara Coelho, advogada voluntária do Movimento Mais Mulheres No Poder.
Os partidos que mais lançaram candidatas a vereadora foram PDT (9), MDB (9), PT (8) e Avante (8). Na razão masculino x feminino, proporcionalmente foram o PCdoB, o MDB, a Rede e o PDT os partidos que mais lançaram mulheres. Algumas siglas limitaram-se à obrigação do mínimo de 30% na proporção de gênero.
Com grande destaque na mídia e apoio de dezenas de voluntárias, o movimento Mais Mulheres no Poder chegou a reunir 89 pré-candidatas de 16 partidos, todas com o mesmo propósito: eleger uma bancada feminina para a Câmara de Maringá.
“Por meio do ‘Mais Mulheres No Poder’ houve preparação das pré-candidatas nunca antes vista na cidade, com formações, lives e mobilizações. Ninguém fica num jogo se não souber as regras e, nesse sentido, hoje as mulheres estão preparadas”, dizem as líderes do movimento.
Celene Tonella, cientista social e professora de pós-graduação da Universidade Estadual de Maringá (UEM) avalia que a baixa presença de mulheres na disputa a cargos eletivos em pleitos anteriores devia-se à pouca oportunidade dentro dos próprios partidos políticos, que em geral as convidavam apenas para preencher vagas, sem garantir as condições de verdadeiramente competir por uma vaga. “As vozes das mulheres, maioria na sociedade, e de outros grupos sociais como negros, indígenas, LGBT e outros, não têm espaço no parlamento”, diz ela.
Na eleição de 2016, sem a mesma articulação feminina de agora, as 87 candidatas à Câmara de Maringá somaram apenas 15,22% dos votos, o equivalente à soma dos seis homens mais bem votados. Apenas cinco mulheres fizeram mais de mil votos e nenhuma foi eleita.
O movimento avalia que a preparação das mulheres para o pleito de 2020 é determinante para garantir o retorno da representatividade feminina na Câmara Municipal. O movimento não arrisca um número de candidatas a serem eleitas, mas trabalha com a certeza de que as mulheres vão sair das urnas vitoriosas e com a meta de uma bancada feminina alcançada.
Apesar da proporcionalidade mínima entre candidatos(as), não há proporcionalidade que assegura um mínimo de gênero entre os eleitos. “Essa participação na política institucional é uma luta permanente, que acumula vitórias e derrotas”, diz Celene, citando a minirreforma de 2009, que estabeleceu a proporcionalidade de gênero, instrumento que se mostrou incapaz de reverter os números na eleição do ano seguinte. Em 2010, o número de eleitas para a Câmara dos Deputados manteve-se em 8,8%, o mesmo porcentual de 2006.
Nem mesmo a eleição de primeira mulher para a presidência da República, Dilma Roussef, garantiu a presença de mais mulheres na política. Em 2016, 649 mulheres foram eleitas para as prefeituras dos 5.568 municípios brasileiros, apenas 11,7% do total, segundo a pesquisa Perfil das Prefeitas no Brasil, do Instituto Alziras.
De acordo com a cientista social, no interior das siglas partidárias muitas candidatas até “naturalizam” sua presença para “ajudar a eleição” daqueles nomes considerados com mais chances – homens, na imensa maioria, provando que a boa legislação é insuficiente se a cultura machista enfronhada na sociedade e na política permanecer.
Neste sentido, Celene considera o número de candidatas nas eleições em Maringá um dos êxitos do Movimento Mais Mulheres No Poder. “Essas mulheres se desafiaram e decidiram concorrer ao legislativo e executivo”, diz ela.
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