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Repercutiu na sessão da Câmara desta terça-feira (3) a declaração do prefeito Silvio Barros (PP) feita durante o evento de entrega de novas pistolas para a Guarda Municipal de Maringá. Durante a solenidade, ocorrida na tarde de segunda-feira (2), o chefe do Executivo maringaense afirmou que, na cidade, alguns precisam “tomar uma surra”.
A fala, em tom de brincadeira, foi feita quando o prefeito citou um furto de fiação ocorrido no Salão Comunitário Tuiuti, ocorrido apenas um dia após a inauguração, na semana passada. Na fala, Barros também sugeriu licitar “palmatórias” para os agentes da Guarda. Apesar do tom descontraído, a declaração não passou despercebida por blogs da cidade, indagando uma suposta incitação a violência do chefe do Executivo.
Durante o uso da tribuna na sessão da Câmara nesta terça (3), Professora Ana Lúcia (PDT) classificou a fala como “grotesca” e afirmou que o discurso não é a solução para a questão da violência em Maringá.
“Uma fala grotesca do prefeito me deixou muito chocada. Nesse momento em que a violência e o ódio se tornaram os principais componentes dos grupos políticos de extrema-direita, ver o prefeito Silvio Barros aderir a esse discurso rebaixado, que adere a violência como solução, é no mínimo temeroso e, no mínimo, contraria a sua própria história política. […] É inadmissível que ele use sua posição para incitar agressão, humilhação e violência contra questões sociais que são muito complexas”, disse.
Silvio Barros foi defendido por três vereadores da base aliada no legislativo. Guilherme Machado (PL) afirmou que não dá para cuidar da segurança pública com ‘flores’. “Eu estive no evento da Guarda e um trecho que não foi divulgado foi a indignação do prefeito sobre ter a inauguração do Centro Comunitário Tuiuti em um dia e no outro ele ter tido toda a fiação furtada. Ali era um evento de segurança e tudo que se diz respeito a uma cidade segura é preciso ser implementado. […] A fala do prefeito Silvio Barros demonstrava uma indignação mediante esse roubo, então a gente precisa trazer segurança para dentro da nossa cidade e não dá para trazer segurança com flor”, afirmou.
Willian Gentil (PP), no uso da tribuna, chegou a afirmar que a fala do prefeito foi retirada de contexto e acusou Ana Lúcia de ‘distorcer’ o discurso de Silvio. “Por uma fala distorcida da minha colega vereadora, eu não posso ficar calado, pois eu estava presente no evento. […] Após entrar um secretário de pulso firme, uma administração disposta a mostrar serviço, a gente escuta uma besteira dessas. As coisas que foram faladas foram distorcidas, o prefeito em nenhum momento falou que tem que fazer isso ou aquilo, ele estava interagindo, brincando lá porque a Prefeitura falou na questão de palmatória. Quem vai licitar palmatória, gente? As pessoas querem fazer populismo”, disse Gentil.
Giselli Bianchini (PP) adotou o mesmo tom de Guilherme Machado e parabenizou o prefeito pela aquisição dos armamentos. “Eu parabenizo aqui o nosso prefeito Silvio Barros por estar investindo sim em armamentos e quero ressaltar meu respeito e admiração por esses profissionais, que por vezes são desvalorizados. […] É pouco armamento, deveria ser mais pesado ainda, pois o cidadão de bem precisa ser preservado a sua integridade física. […] Estou aqui para parabenizar o prefeito e repudiar a sua fala, vereadora, pois não é com flores que se combate a criminalidade”, declarou.
Procurado pela reportagem, o prefeito Silvio Barros negou que tenha feito incitação a violência no discurso durante o evento da Guarda Municipal. Segundo ele, a declaração foi reflexo da indignação com o furto ocorrido no Salão Comunitário Tuiuti. Ele ressaltou a necessidade de uma educação voltada para a aplicação da disciplina correta que evita comportamentos como o que ocorreu no Salão.
“Inauguramos um belíssimo Salão Comunitário para uso dos moradores do bairro Tuiuti na quinta-feira à noite e na sexta já tinham furtado a fiação. Isso é absurdo, inaceitável numa cidade como a nossa. Mas minha declaração não foi de violência. Quando fiz o comentário mencionei a Bíblia como fonte de orientação, a mesma que instruiu meus pais na educação da minha geração”, disse o prefeito.
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