Maringá: Vereadores trocam farpas durante aprovação das contas de 2023 da gestão Ulisses Maia

Texto foi aprovado na manhã desta terça-feira (22) com 15 votos favoráveis e 7 contrários. Willian Gentil (PP) criticou o ex-prefeito questionando possíveis obras não realizadas, enquanto Mário Verri (PT) afirmou que assunto “não tem nada haver” com a votação dos números da administração passada.

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    A sessão desta terça-feira (22) da Câmara de Maringá foi agitada, em razão da aprovação das contas da Prefeitura relativas ao ano de 2023, na gestão do então prefeito Ulisses Maia (PSD). Embora tenham tido parecer prévio do Tribunal de Contas (TCE-PR) e do Ministério Público de Contas (MPC), os números foram aprovados em uma votação apertada: 15 votos a 7.

    Uma reunião de quase 10 minutos entre os vereadores, antes da votação, foi determinante para o resultado. O texto passará por segunda discussão na quinta-feira (24).

    Parlamentares contrários e favoráveis às contas de 2023 usaram a tribuna nesta terça-feira (22) para defender seus posicionamentos. Nos discursos, críticas ao ex-prefeito, questionamentos aos pareceres dos órgãos reguladores e pedidos para não politizarem a discussão, que é puramente técnica.

    A primeira a subir ao púlpito foi Cris Lauer (Novo). De acordo com a vereadora, era preciso ter levado em conta as ressalvas feitas pelos tribunais para que o legislativo não fosse forçado a ‘correr atrás’ depois de algo ‘dar errado’, citando como exemplo a PPP da Iluminação.

    “Para mim, o gestor é o mesmo e não tem como. São coisas sérias, como nós sabemos, incluindo a nova gestão que entrou agora e, num relato recente do prefeito Silvio Barros, ele afirmou exatamente assim: ‘os números do ex-prefeito Ulisses Maia não condizem com a realidade’. Eu queria que os vereadores entendessem que é a mesma pessoa, ninguém foi bonzinho em 2023 e mauzinho em 2024 e, hoje, em parecer de Ministério Público e Tribunal de Contas, eu também deixo as minhas ressalvas, pois eu já fiz denúncias, com provas, que foram arquivadas, e haviam provas materiais. […] As ressalvas eu acho que devemos levar em conta sim, para não acontecer o que aconteceu, por exemplo, com a história da PPP, onde fui a única vereadora a votar contra. Depois, quando dá errado, faz uma Comissão correndo e vamos ver. Tem que parar de fazer Comissão depois que deu errado. Há coisas erradas nas contas do ex-prefeito Ulisses, não fecha a conta”, disse.

    Willian Gentil (PP), que também votou contra a aprovação dos números, fez um discurso mais ácido, criticando o suposto ‘estado de abandono’ deixado pelo ex-chefe do Executivo.

    “Em respeito a fala que o prefeito teve, o meu voto é contra. O prefeito deixou claro a situação que ele encontrou a Prefeitura e nós, como fiscais do povo, estamos verificando tudo isso. Qual é o vereador que não recebe reclamação na questão da Saúde, da Educação, que o secretário veio aqui e mostrou a situação das escolas. […] Um prefeito que endividou a cidade de Maringá, com vários empréstimos e a situação precária que se encontra a Saúde da nossa cidade. Eu convido vocês a conhecerem a situação do distrito de Iguatemi, maquinários enferrujados. Eu seria hipócrita e desrespeitoso em dizer ‘sim’, não vou dizer amém a um cidadão que abandonou a cidade de Maringá”, afirmou.

    Mário Verri (PT) saiu em defesa de Ulisses, pontuando que criticar obras ou falta de serviço em bairros – em alusão ao discurso de Gentil – ‘não tem nada haver’ com a discussão sobre os números.

    “Eu vi as pessoas que falaram antes de mim sobre o bairro deles que não foi atendido, mas não falou do parecer do Ministério Público e do Tribunal de Contas, que é o que estamos discutindo. Se o prefeito deixou de trocar uma lâmpada, não tapou buraco, se eu não gosto dele, o problema é seu. Agora é uma irresponsabilidade vir aqui e fazer o jogo com mentiras. Eu estou analisando uma lei, um parecer do Ministério Público. […] O nosso voto aqui é ‘sim’ ou ‘não’ nisso, agora se há coisas erradas, vamos denunciar, o MP está aí pra isso. Faz 20 anos que estamos aqui, há 20 anos têm ressalvas, estive na pior administração da história de Maringá, que foi do Pupin, teve ressalvas e nós aprovamos todas. Agora falar que não fez isso, não fez aquilo, isso não tem nada haver, isso é política que vereador tem que cobrar no dia a dia”, explicou.

    Flávio Mantovani (PSD), que também votou pela aprovação, ponderou que a discussão precisa ser menos politizada. “”Nós temos um parecer do TCE pela aprovação, um do MP também pela aprovação. É importante dizer que não devemos tomar lado político. Não tenho compromisso nenhum de defender o ex-prefeito Ulisses Maia nessa tribuna, mas é fácil a gente apontar defeitos e torcer para as coisas darem errado. Agora não podemos ficar atirando para todo o lado. Não posso deixar de lado um parecer técnico do Tribunal de Contas e votar contrário só para ver o circo pegar fogo, isso não tem cabimento”, finalizou.

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