por Vitor Germano
Em Junho do ano passado, o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu postou uma foto de si mesmo recebendo um presente do embaixador chinês Cai Run, o presente consistia em cópias autografadas da coleção de livros escritas pelo presidente Xi Jinping, “A Governância da China”.
Na época, o governo chinês buscava aproximar-se do estado de Israel, realçando que eles tinham “fontes alternativas de apoio”, e não precisavam depender de Washington.
Uma aliança entre Pequim e Jerusalém teria sido surpreendente, mas não impossível: Israel foi a primeira nação do oriente médio a reconhecer o governo comunista da China nos anos 50, e pelos 30 anos que se seguiram, as duas nações tiveram tênues ligações econômicas, tecnológicas, e diplomáticas, ao ponto de tocar alguns alarmes no governo dos EUA.
Mas a imagem mudou em tempos recentes, devido à guerra na região.
Mi Xinmin, um oficial do Ministério de Relações Exteriores da China, apontou o posicionamento da nação no Tribunal Internacional de Justiça em Fevereiro: “Em busca do direito à auto-determinação, o povo Palestino usa de força para resistir à opressão estrangeira, e buscar o estabelecimento de uma nação independente é um direito inalienável com fundamentação sólida no Direito Internacional.” — Mês passado, Pequim até recebeu uma delegação do Hamas.
Israel sinalizou estar descontente com a direção que a China tem tomado. Desde o mês passado o país tem buscado aproximar-se de Taiwan.
A motivação do governo chinês é querer apresentar-se como campeão do chamado Sul Global, especialmente com a Índia emergindo como um rival por esta posição. A China também tem buscado fortalecer sua parceria com o Irã e a Rússia, no que eles chamam de um “eixo de resistência” contra os Estados Unidos e seus aliados.
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