A provável vice de Donald Trump escreveu um livro sobre matar uma cachorra

Kristi Noem, governadora da Dakota do Sul, queria provar que era capaz de tomar decisões difíceis. Mas foi imediatamente criticada, tanto pela oposição quanto por seus correligionários.

  • por Vitor Germano

    Kristi Noem, governadora da Dakota do Sul e provável vice-presidente de Donald Trump nessas próximas eleições, está no olho da mídia por um livro que ela escreveu.

    A mídia obteve uma cópia antecipada do livro de Noem, “No Going Back: The Truth on What’s Wrong with Politics and How We Move America Forward” (“Sem volta: A verdade sobre o que está errado com a política e como levaremos a América para o futuro”). — E no livro, há anedotas sobre como ela matou uma cadela. E um bode fedido também.

    A história da cadela é a que mais chamou atenção. A cachorra, da raça Griffon de Pêlo-Duro, tinha 14 meses de idade e havia sido levado pela governadora em uma viagem de caça.

    Noem conta que a cadela estava “se divertindo, perseguindo faisões”, mas que na viagem de volta, quando eles pararam para conversar com outra família, a cachorra teria escapado da caminhonete e matado algumas das galinhas dessa família.

    “Eu odiava aquela cachorra,” escreveu Noem. “Intreinável (…) Na hora, eu sabia que ela tinha que morrer.” Ela levou a cadela para uma pedreira e a matou.

    Não só isso. Noem diz que a família tinha um bode que “fedia e gostava de perseguir as filhas dela“, então ela decidiu matar o bode também. O bode, de acordo com o livro, sobreviveu ao primeiro tiro, mas ela voltou para a caminhonete, recarregou a arma, e terminou o serviço.

    De acordo com a governadora, a história serve como prova de que ela tem a “capacidade de fazer qualquer serviço, seja ele difícil, ou feio, se ele fosse necessário”.

    Nem gente do próprio partido Republicano aprovou

    A resposta negativa foi imediata, na mídia, na rede social, e na política. Membros tanto do partido Democrata, quanto do próprio partido Republicano criticaram Noem pela ação, e por escrever sobre ela.

    O Projeto Lincoln, um grupo conservador que se opõe a Donald Trump, postou um vídeo que eles descreveram como um “anúncio de utilidade pública”, mostrando cães malcomportados e dizendo que “atirar na cara do seu cachorro não é uma opção.”

    “Você pode matar um cão velho, ferido, ou doente, mas isso tem de ser feito de forma humana, não atirando neles em uma pedreira”, disse o porta-voz do Projeto Lincoln, adicionando que as ações da governadora eram “deliberadamente cruéis, e ela escreveu isso para provar que a crueldade é o objetivo.”

    Ryan Busse, candidato a governador pelo partido Democrata em Montana, postou em sua rede social “Qualquer um que já criou um cão de caça sabe o quão preguiçoso, além de maléfico e nojento isso foi.”

    Uma comentarista Republicana, Meghan McCain, também postou na rede social dizendo “Você pode se recuperar de muitas coisas na política, mudar a narrativa, etc. – Mas não de matar um cachorro. Tudo que pessoas vão conseguir pensar sobre Kristi Noem agora é que ela matou uma cachorrinha que estava ‘se comportando mal’, o que é obviamente cruel e insano.”

    Apesar da crítica tanto da oposição quanto do próprio partido, Noem defendeu sua história. A governadora escreveu que “O livro está cheio de histórias honestas da minha vida. Dias bons e ruins, desafios, decisões doloridas, e lições aprendidas.” e que “decisões assim acontecem o tempo todo em uma fazenda (…) nós tivemos que matar três cavalos algumas semanas atrás, que estiveram na família há 25 anos.”

    Ela recomendou que leitores comprassem o livro para verem “mais histórias honestas e politicamente incorretas que vão deixar a mídia chocada.”

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