Foto: Marcos Côrrea/PR
Uma investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro transferiu a quantia de R$ 800 mil para uma instituição financeira nos Estados Unidos antes de embarcar para o país no final de dezembro de 2022.
O movimento financeiro, segundo os documentos da PF obtidos pela revista Veja, tinha como possível objetivo garantir a estadia de Bolsonaro nos EUA enquanto ocorria uma tentativa de golpe de Estado no Brasil, preparando-se também para uma potencial permanência prolongada no exterior diante de um inquérito sobre a conspiração contra a democracia brasileira.
A quebra do sigilo bancário de Bolsonaro mostrou que, na iminência de concluir seu mandato, o ex-presidente realizou a operação de câmbio de R$ 800 mil em 27 de dezembro de 2022.
O documento da PF sugere que Bolsonaro transferiu “todos os seus bens e recursos financeiros, ilícitos e lícitos”, com o propósito de assegurar sua permanência fora do Brasil, possivelmente antecipando o resultado da suposta tentativa de golpe que estaria em curso.
A investigação aponta para a suspeita de que parte dos fundos transferidos pode ter origem ilícita, relacionada ao “desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras”, uma referência à tentativa de entrada ilegal no Brasil de joias recebidas durante viagens oficiais, caso revelado pelo Estadão em março de 2023.
No contexto da Operação Tempus Veritatis, a PF indica que Bolsonaro e outros investigados acreditavam na possibilidade de sucesso do golpe de Estado e, conscientes dos ilícitos praticados, buscavam evitar uma “eventual persecução penal”.
O documento ressalta que alguns investigados deixaram o país, transferindo seus recursos financeiros para os EUA para se protegerem de ações judiciais que pudessem apurar os atos ilícitos cometidos.
Em uma ação recente da Tempus Veritatis, mais de 30 mandados de busca e apreensão foram emitidos, mirando aliados próximos do ex-presidente.
Bolsonaro, embora não tenha sido alvo de mandado de prisão, foi obrigado a entregar seu passaporte às autoridades brasileiras, uma medida que, segundo a PF, visa prevenir uma possível fuga do país caso haja uma condenação criminal. A defesa do ex-presidente está buscando reverter essa decisão na Justiça.
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