O documento é de autoria do vereador Onivaldo Barris (União Brasil) e foi aprovado na sessão dessa quinta-feira (28). Abaixo-assinado pedindo a reabertura da unidade já tem mais de 26 mil assinaturas.
Por Victor Ramalho
Um vereador usou a Câmara de Maringá para cobrar da Prefeitura explicações sobre a atual situação do Hospital Psiquiátrico de Maringá (HPM), interditado há mais de 1 ano e ainda sem previsão de retorno. Em um requerimento, Onivaldo Barris (União Brasil) questiona quais medidas o município tem tomado para viabilizar a reabertura do hospital.
O documento foi lido e aprovado na sessão do legislativo dessa quinta-feira (28). No requerimento, o parlamentar faz dois questionamentos ao Executivo: “quais foram as alternativas e estratégias de atendimento em saúde mental que foram implementadas desde o fechamento desse hospital?” e ” quais medidas estão em andamento para viabilizar a reabertura do hospital em questão, incluindo investimentos previstos e prazos estimados?”.
Pelo regimento interno da Câmara, o município tem o prazo de 15 dias para responder ao requerimento, a contar da data de aprovação.
Abaixo-assinado pedindo a reabertura do HPM tem mais de 26 mil assinaturas
Enquanto aguardam os desdobramentos legais sobre o assunto, pais de pacientes tentam sensibilizar as autoridades sobre a importância do trabalho exercido pelo HPM. É o caso da Maria Helena Gonçalves, de 68 anos, mãe do Diogo, paciente que necessita de atendimento psiquiátrico.
Por iniciativa própria, ela lançou um abaixo-assinado na internet pedindo a reabertura do Hospital Psiquiátrico. Apelidada de “Maringá pede Socorro”, a campanha está no ar há duas semanas e, até a manhã desta sexta-feira (29), já contava com mais de 26 mil assinaturas. Os interessados podem assinar o documento clicando aqui.
Maria Helena relata as dificuldades de encontrar tratamento para o filho na cidade. Isso se deve à escassez severa de leitos em que vive o município, após a interdição do HPM. Atualmente, a cidade conta com apenas 36 leitos de curta duração no Hospital Municipal e 15 atendimentos ambulatoriais nos CAPs (Centros de Assistência Psicossocial).
“Meu querido Diogo, ao longo de anos, tem travado uma batalha intensa contra suas próprias emoções e desafios psicológicos, além de estar preso em uma luta contra a dependência química. Vi meu filho, que deveria estar vivendo uma juventude cheia de esperanças e sonhos, ser consumido por dificuldades mentais e químicas que parecem insuperáveis”, disse.
Diogo tem 34 anos e, há 23, luta contra transtornos psicológicos e dependência química. No período, Maria Helena se viu em incansáveis plantões de visitas ao HPM. Ao todo, ela explica, internou o filho mais de 50 vezes. Nunca, entretanto, no período, sentiu que o filho sentia perigo. Pelo contrário: o hospital sempre foi essencial no cuidado de Diogo.
O Hospital Psiquiátrico de Maringá foi interditado pela Vigilância Sanitária em julho de 2022. Em 1º de setembro, ocorreria uma audiência de conciliação entre a diretoria da instituição e o município, para rever a possibilidade de reabertura. A audiência, no entanto, foi suspensa por determinação da Justiça no fim de agosto.
A suspensão foi determinada após a corte analisar um parecer do Ministério Público do Paraná (MP-PR), que foi incorporado ao caso. No documento, a Promotoria de Justiça em Saúde afirma que “as normas sanitárias não podem ser objeto de negociação ao bel prazer das partes”.
Foto: Arquivo/CMM
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