Único representante do distrito no legislativo, o vereador considera que o esgoto, uma luta antiga de seu mandato, irá melhorar a qualidade de vida do local. Ao Maringá Post, ele falou sobre a vida públicas e os planos futuros.
Por Victor Ramalho
Foram mais de 30 anos de atuação no setor privado atuando na área financeira, primeiro como contador e depois como bancário. Experiências que, na visão de Onivaldo Barris (União Brasil) o ajudaram a lidar bem, não só com os números, mas também com as pessoas. E foi o zelo em trabalhar pela comunidade que o fizeram em 2016, aos 66 anos de idade e já aposentado da iniciativa privada, a tentar uma vaga na Câmara de Vereadores.
Eleito com 2046 votos naquele ano, Barris ganhou a chance de representar o distrito de Iguatemi, ao qual é morador, no legislativo maringaense. Uma chance que, na visão dele, se refletiu em avanços consideráveis para o local.
“Não tenho dúvidas que faz toda a diferença (ter um representante do distrito na Câmara). Antes de mim, Iguatemi ficou 4 legislaturas sem ter um vereador no legislativo maringaense. É claro que os representantes políticos, sejam eles prefeitos ou vereadores, quando eleitos trabalham pela cidade toda e, consequentemente, também pelos distritos, mas tem certas demandas que só quem mora no local conhece. Eu sou cria de Iguatemi, vivi aqui a vida toda e sigo morando até hoje, então eu sei bem do que o distrito precisa”, relata.
Em março deste ano, o Governo do Paraná anunciou o investimento de mais de R$ 60 milhões para a ampliação da rede de esgoto em Maringá, recursos que contemplam Iguatemi e o também distrito de Floriano. Trata-se do maior investimento no setor na história dos distritos. Iguatemi, que atualmente tem cerca de 14 mil moradores, receberá a obra concluída a partir de meados de 2024. Uma reivindicação de mais de duas décadas e que, segundo o vereador, irá mudar completamente a qualidade de vida das pessoas.
“Felizmente, graças ao nosso trabalho, conseguimos reivindicar avanços consideráveis por lá. Destaco, por exemplo, os R$ 60 milhões liberados neste ano para a rede de esgoto. Não há bairro em Maringá que tenha conseguido uma liberação de recursos tão grande para essa área e o esgoto é essencial, uma vez que permitirá o avanço de construções verticalizadas em Iguatemi. Também conseguimos reivindicar a construção de um novo CMEI, com investimento de R$ 15 milhões. São coisas que ajudam a melhorar a vida das pessoas que vivem ali”, descreve.
Onivaldo Barris é o entrevistado desta semana na Série de Entrevistas do Maringá Post com os vereadores de Maringá. Ele falou sobre o início na vida pública, fez uma avaliação do próprio trabalho e falou sobre os planos futuros. Confira a entrevista completa:
- Para que os eleitores possam te conhecer: O que motivou o senhor a se candidatar a vereador pela primeira vez, em 2016?
R: Eu sempre tive muita vontade de contribuir com a comunidade e, fora da vida pública, sempre fiz isso, das formas que estavam ao meu alcance. Como construí uma carreira na iniciativa privada, trabalhando em bancos, vi que eu tinha uma expertise que poderia ser de grande valia para o poder público, que é o conhecimento na área financeira, uma das minhas bandeiras enquanto parlamentar. Foi assim que, depois da minha aposentadoria como bancário, decidi tentar a política. Graças a Deus e a confiança que a comunidade nos depositou, tive a chance de ser eleito. Fico mais feliz ainda porque foi algo natural, conseguimos transparecer quem eu sou, o que eu defendo e acredito para as pessoas, o que me permite usar o mandato para defender as bandeiras que sempre defendi.
- Já passando da metade do segundo mandato, que avaliação faz do próprio trabalho? Tem algum projeto que você se orgulha mais de ter proposto/aprovado?
R: Eu costumo dizer que o primeiro mandato é a “prova”, a avaliação que as pessoas farão de você, enquanto a reeleição é a “aprovação”. Com muita felicidade, tive a chance de ser reeleito, o que prova que as pessoas confiaram em nosso trabalho e isso nos motiva a seguir atuando. Como vereador, tenho uma atuação mais próxima com o agronegócio, talvez eu seja o único parlamentar atual na Câmara que tem essa proximidade com os produtores, além de também defender as pautas do setor financeiro, por conta de minha atuação prévia como bancário e contador. São daí que vem os dois projetos que mais me orgulho: fui o autor do projeto que regulamentou o ITBI Online em Maringá. Antes, todo o processo de pagamento do tributo era burocrático, demandava visitas presenciais ao Paço Municipal e todo o trâmite até o pagamento levava dias. Hoje, pagando de forma online, o dinheiro está nos cofres do município em questão de horas, sem complicações. Também instituímos, no ano passado, a criação da Semana do Agricultor, projeto para valorizar essa categoria que tanto contribui para a economia não só do município, mas do Estado e também do país.
- Tem algo que o senhor gostaria de ter feito enquanto vereador e ainda não teve a oportunidade? Ou alguma pauta que tentou colocar em discussão e, por algum motivo, não caminhou?
R: Como legislador, a sensação é sempre de que poderíamos estar fazendo mais. Não só eu, acho que todos os parlamentares têm esse sentimento. Mas é algo que não depende só da gente. Todos nós trabalhamos ao máximo aqui na Casa de Leis. A questão é que a atuação do vereador é limitada. A nós, só cabe sugerir os projetos, mas a Execução não é da Câmara, é sempre do Executivo. Tentamos diariamente conscientizar as pessoas sobre isso, mas sem renegar o nosso papel de fiscalizar. Se eu fosse apontar algum projeto específico que me frustro por ainda não conseguir ter tirado do papel, seria o da criação do Plano Diretor Rural. Nós temos o Plano Diretor do município, que regulamenta as diretrizes de crescimento, mas ele só olha para o aspecto urbano. Acho que seria interessante criar um plano desses para direcionar o crescimento do setor agrícola. É algo que eu tenho na cabeça já há muito tempo e sigo lutando para, quem sabe, conseguir concretizar.
- O senhor representa um grupo bem específico, que é o do Distrito de Iguatemi. Nem sempre esse distrito teve um vereador que olhasse por eles no legislativo. Acha que essa representatividade faz diferença?
R: “Não tenho dúvidas que faz toda a diferença (ter um representante do distrito na Câmara). Antes de mim, Iguatemi ficou 4 legislaturas sem ter um vereador no legislativo maringaense. É claro que os representantes políticos, sejam eles prefeitos ou vereadores, quando eleitos trabalham pela cidade toda e, consequentemente, também pelos distritos, mas tem certas demandas que só quem mora no local conhece. Eu sou cria de Iguatemi, vivi aqui a vida toda e sigo morando até hoje, então eu sei bem do que o distrito precisa. Felizmente, graças ao nosso trabalho, conseguimos reivindicar avanços consideráveis por lá. Destaco, por exemplo, os R$ 60 milhões liberados neste ano para a rede de esgoto. Não há bairro em Maringá que tenha conseguido uma liberação de recursos tão grande para essa área e o esgoto é essencial, uma vez que permitirá o avanço de construções verticalizadas em Iguatemi. Também conseguimos reivindicar a construção de um novo CMEI, com investimento de R$ 15 milhões. São coisas que ajudam a melhorar a vida das pessoas que vivem ali.”
- Como o senhor classifica a relação da Câmara com o Executivo? E a sua em particular com a Prefeitura?
R: “É uma relação que considero muito boa e respeitosa. Eu faço parte da base do prefeito no Legislativo, escolhi isso, então considero que o Executivo está sempre solidário com nossas demandas, não só por conta dessa proximidade, mas em um contexto geral.”
- E a relação do senhor com demais organizações da sociedade civil (Acim, Codem, SRM e similares). É um diálogo produtivo para a cidade?
R: “Tenho um bom diálogo com todas essas entidades. Considero que o trabalho delas é essencial para o desenvolvimento da cidade. Por conta de minha atuação com o agro, considero que o relacionamento seja mais próximo com a Sociedade Rural, além dos sindicatos patronais. Em linhas gerais, é um convívio também muito respeitoso com essas entidades.”
- Para o futuro, quais são os seus planos políticos? Tem algum outro cargo ou função que gostaria de exercer?
R: “Gosto da função de vereador, por considerar a “linha de frente”. Na hierarquia política, o vereador é quem está mais próximo das pessoas, quem conversa com elas, recebe no gabinete, ouve as demandas. Não me considero um político populista, assistencialista, mas gosto de estar perto das pessoas e entender o que elas precisam que está ao nosso alcance. Por isso, apesar de sempre dizer que o futuro pertence a Deus, gostaria muito de continuar como vereador. Espero poder conseguir ir para a eleição em 2024 e, se as pessoas seguirem acreditando em nosso trabalho, poder ser reeleito.”
- Qual avaliação o senhor faz da administração municipal em Maringá?
R: “Por ser base do prefeito, as pessoas podem achar que não conseguimos enchergar defeitos, apenas virtudes no trabalho da administração. No entanto, tenho uma visão muito objetiva dessa questão. Considero a gestão Ulisses Maia muito boa, sim. Não vou dizer ótima, porque acho que todo gestor público sempre tem onde melhorar, inclusive eu. No entanto, é concenso que a atual gestão tem áreas onde tem muita expertise, como o trato com os servidores públicos. Esse aspecto é elogiado não só pela gente, mas pelo público de uma forma geral. Se eu fosse apontar um fator que a gestão poderia ter avançado mais, é na questão das grandes obras, que acho que não tivemos nesse período.”
- E avaliação dos Governos Estadual e Federal? Visto que tivemos troca de presidente recentemente.
R: “Classifico o governo Ratinho Junior como um bom governo. Acho que ele tem um trabalho de referência em áreas essenciais para o desenvolvimento de qualquer Estado. Temos ótimos indicadores na Economia e na Educação. As contas do Paraná estão em ordem e a Educação evoluindo. Esses indicadores são mais do que suficientes para atestar a eficácia da gestão.
Sobre o Governo Federal, tenho minhas ressalvas. Não votei no Lula, não aprovo o governo dele. Por vir da área financeira, eu tenho muita responsabilidade com o dinheiro e penso que, quando falamos de dinheiro público, o cuidado deve ser redobrado. Nós precisamos cuidar do dinheiro do contribuinte mais do que cuidamos do nosso, é um recurso suado e que o cidadão paga esperando ter retorno. Logo, não é cabível elegermos um presidente que foi condenado pelos esquemas que foi. Acredito que todas as acusações tinham fundamento e também não digo que a gestão dele foi a única que cometeu pecados nessa questão da corrupção, mas se fosse apontar, acho que tínhamos opções melhores.”
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Foto: Marquinhos Oliveira/CMM
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