Na obra lançada em abril, Emílio Odebrecht menciona uma “fábrica de delações” montada pela força-tarefa da Operação. Livro é um dos mais vendidos da Amazon.
Por Redação
O empresário da construção civil Emílio Odebrecht, presidente do Conselho de Administração da Novonor (atual nome da empreiteira Oderbrecht), disse em livro escrito por ele mesmo que boa parte das delações feitas no âmbito da operação “Lava-Jato” foram obtidas através de coação.
“Uma Guerra contra o Brasil: Como a Lava Jato Agrediu a Soberania Nacional, Enfraqueceu a Indústria Pesada Brasileira e Tentou Destruir o Grupo Odebrecht” foi publicado em abril e é, neste momento, o livro mais vendido da Amazon na categoria “Biografias de Presidentes e Chefes de Estado”.
As declarações do herdeiro de uma das maiores empreiteiras do país viraram tema de reportagem publicada pela Folha de São Paulo neste sábado (13). No livro, Emílio menciona uma “fábrica de delações” que teria sido montada pelo ex-juiz da Vara Federal de Curitiba e atual Senador do Paraná, Sergio Moro (União Brasil), com apoio de procuradores do Ministério Público Federal (MPF) comandados por Deltan Dallagnol (Podemos), atual deputado federal também pelo Paraná.
Nos relatos de Odebrecht, aqueles investigados que tinham delações consideradas “menos importantes” no processo eram alvos de prisão.
“O que mais atemorizava cada um de nós era ficar fora do acordo final, porque nossa vida se transformaria em um inferno. Era o que os promotores prometiam. […] Nesse ambiente, ameaçados, pressionados, submetidos a quase insuportável sofrimento físico e mental, poucos conseguiram resistir a determinações como essa: ‘Você está aqui voluntariamente e quero que fale de fulano e sicrano’. Os procuradores apontavam o dedo e não tinham limites”, diz em um trecho da obra.
Conforme o autor, o comportamento dos procuradores no andamento das delações fez alguns investigados confessarem crimes de corrupção em práticas que, na verdade, configuravam apenas doações para partidos ou políticos.
Emílio Oderbrecht é pai do ex-presidente da empreiteira, Marcelo Oderbrecht, que foi preso em junho de 2015, na 14ª fase da Operação Lava-Jato. Na obra, além de relatar experiências dentro da companhia da família, o engenheiro também defende a tese de que a Operação contou com apoio de autoridades dos Estados Unidos e tinha o objetivo de quebrar empresas brasileiras, que ofereciam concorrência para companhias americanas na época.
Foto: Paulo Giandalia/Acervo/O Estado de S. Paulo
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