O presidente da Câmara de Maringá, Mário Hossokawa, é um dos mais longevos políticos em atividade na cidade. Em número de legislaturas, perde apenas para o Belino Bravin. No inícios dos anos 1990, foi vice-prefeito de Maringá e foi recentemente eleito novamente como líder maior do Legislativo, cargo que exige do político e empresário desenvoltura administrativa, para além das funções ligadas à propositura de leis ou fiscalização do Executivo.
Na quinta-feira (2), dia da primeira sessão ordinária de 2023 na Câmara de Maringá, Hossokawa concedeu uma entrevista exclusiva para o Maringá Post. O presidente parece estar melhor do que nunca, mesmo após o problema de saúde que enfrentou em 2022. O presidente da Casa ficou internado por uma doença autoimune que comprometeu a função motora. Em abril, ele completará 76 anos de idade.
Aprumado com seu traje social nunca dispensado, ele cumpre expediente o dia todo no Gabinete da Presidência, local onde o chefe e o seu time de assessores literalmente cuidam de praticamente tudo o que envolve o Poder Legislativo maringaense. Na entrevista, os temas foram continuidade no poder, a segurança em Maringá e, claro, a polêmica envolvendo o aumento no número de vereadores na Câmara.
MARINGÁ POST – Na avaliação do senhor, como os maringaenses encararam o fato de que, na próxima legislatura, Maringá contará com o aumento no número de vereadores?
MÁRIO HOSSOKAWA – A Acim tentou mobilizar a opinião pública à época da votação, mas hoje ninguém mais toca no assunto. A associação gastou muito dinheiro dos associados com outdoor na cidade colocando a fotografia dos três vereadores que votaram contra e que teria ouvido o povo. Mas agora eu pergunto: povo mudou de nome? Mudou para o nome de Acim? Faça uma enquete dentro da classe empresarial para ver se estão contentes com a Acim. Nós cumprimos o que a constituição permite, que são 23 vereadores para cidades entre 300 mil e 450 mil habitantes. Seguramos desde 2013, mas agora não teve mais jeito, a cidade cresceu muito e precisa de representantes no Legislativo.
Na legislatura passada já havia essa discussão sobre aumentar o número de vereadores. Por que só agora esta decisão foi efetiva, votada e aprovada?
Hossokawa – Antes, a Câmara estava dividida com relação a este assunto. E nesta legislatura, ao contrário do que muita gente pensa, não foi o presidente da Câmara quem iniciou essa discussão no aumento no número de vereadores, foram os próprios vereadores quem levaram até a mesa da presidência esse projeto definindo para 23 e não mais 15 vereadores no Legislativo.
Quando o senhor foi reeleito para mais um mandato como vereador, cogitou se tratar de uma despedida na Câmara. Afinal, será candidato nas Eleições de 2024?
Hossokawa – Depende do eleitorado e do meu estado de saúde. Mas se você tivesse me perguntado isso no começo do ano passado, com certeza eu diria que não teria mais condições para seguir no Legislativo. Mas eu me recuperei bem fisicamente e mentalmente e, enquanto eu tiver disposição, eu pretendo continuar. Mas, isso depende do voto da população. Eu estou na sétima legislatura e estou aprendendo muito ainda. É um grande desafio ser vereador e principalmente presidente da Câmara de Maringá.
A insegurança em Maringá será a grande pauta da Câmara em 2023?
Hossokawa – Não podemos deixar descambar, se virar igual no Rio de Janeiro ou São Paulo, ninguém segura mais. Temos feitos diversas reuniões com as forças de segurança, e o intuito de todos é que Maringá continue sendo esta cidade tranquila. O caso mais recente, da morte daquela jovem na região central, chocou a sociedade, e vamos estreitar ainda mais o diálogo com o Governo do Paraná, que tem grande responsabilidade na área da segurança. Não é de hoje que estamos cobrando o aumento do efetivo na Polícia Militar. Há viaturas paradas no pátio da PM, veículos que têm condições de estarem no patrulhamento, mas estão paradas por falta de policiais. Desde a gestão Beto Richa, o Estado tem mandado mais policiais para Londrina do que para Maringá.
E o que o senhor pensa sobre o trabalho da Guarda Municipal no combate à criminalidade?
Hossokawa – Eu lamento o fato de os agentes da Guarda não poderem atuar como policiais militares, sob recomendação do Ministério Público. O morador de rua, por exemplo, não pode ser abordado pela Guarda Municipal. Sobre este assunto, volto a comentar sobre o Estado. Temos quatro deputados estaduais com uma força muito grande em Curitiba, além do Evandro Araújo, que trabalha muito por Maringá. Três deles são da área da Segurança: Do Carmo, Jacovós e Soldado Adriano José, além do deputado federal Sargento Fahur. Eles precisam chegar até o governador do Estado exigindo medidas efetivas para melhorar a segurança de Maringá. Hoje não estamos vendo reposição dos policiais que saem da corporação, seja por aposentadoria ou morte.
Comentários estão fechados.