Após reunião com integrantes do Coletivo Negro Yalodê-Badá, que solicitaram encaminhamentos para a rediscussão das cotas raciais no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEP) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), o reitor Mauro Baesso disse que “no que depender da reitoria, faremos todos os encaminhamentos necessários”.
Quem irá debater a implantação ou não das cotas raciais são os novos conselheiros do CEP, empossados no último dia 5. Antes de ir para a plenária, a discussão deve passar pela Câmara de Graduação do Conselho, que tem a primeira reunião agendada para a próxima quarta-feira (18/7).
Nessa reunião, a pauta prevê a escolha do presidente e a designação dos relatores para as pautas que já aguardam apreciação. O Coletivo Negro espera apresentar o documento solicitando a implantação das cotas raciais já nesse início de mandato dos novos conselheiros.
No encontro com o reitor, realizado na sexta-feira da semana passada (6/7), Paulo Vitor Palma Navasconi, membro do Coletivo Negro Yalodê-Badá, informou que o grupo produziu um documento em conjunto com o Núcleo de Estudos Interdisciplinares Afro-brasileiros (Neiab) que fundamenta o porquê a UEM deve implementar cotas raciais.
Além disso, acrescentou Navasconi, “foram coletadas mais de 3 mil assinaturas e cartas de apoio de movimentos sociais de todo o país apoiando a causa”. Esse material deve acompanhar o pedido de implantação de cotas raciais ao CEP.
Marivânia Conceição Araújo, diretora de Cultura da UEM e coordenadora do Neiab, disse que “a cota racial é uma política pública de reparação para alcançar a população negra. O modelo é utilizado em algumas universidades brasileiras com sucesso”.
Segundo ela, desde que o Neiab foi criado, há 12 anos, o grupo reivindica as cotas raciais na UEM. Foram realizadas várias reuniões e um evento específico para discutir o tema. A professora destaca ainda que as cotas contribuem para a qualidade acadêmica da universidade.
O reitor Mauro Baesso lembrou que já houve ampla discussão sobre cotas raciais na UEM e que “em 2008 o debate foi levado ao CEP que, na ocasião, entendeu que as cotas sociais atendiam uma parcela mais ampla da população.
Segundo Baesso, o tema cotas raciais provocou e ainda provoca um intenso debate, mas a universidade precisa rediscutir o tema e o momento é propício para isso. Os três candidatos a reitor da UEM, ouvidos pelo Maringá Post sobre o tema, concordam que o tema seja levado aos conselhos da instituição.
Ana Lúcia Rodrigues lembrou que a Universidade Estadual de Londrina (UEL) “resolveu essa questão há 13 anos” e que a sua gestão “fará todos os esforços para que os órgãos colegiados da UEM aprovem esse mecanismo de ingresso para uma população que sempre foi discriminada. Não há como fazer de conta que o problema não existe.”
Júlio César Damasceno se comprometeu em protocolar o pedido de discussão sobre cotas raciais nos conselhos da universidade e “fazer gestões junto aos Conselhos Superiores para que essas propostas sejam efetivamente implementadas”.
Roberto Kenji Nakamura Cuman, em resposta a pergunta se pretendia protocolar o pedido de implantação das cotas raciais nos conselhos da instituição, respondeu “se as discussões se transformarem em propostas eu certamente as encaminharei aos conselhos para que sejam avaliadas e deliberadas”.
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