O tema que dominou a tribuna livre da Câmara de Maringá na manhã desta quinta-feira (14/6) foi a legalização do aborto na Argentina, conforme projeto de lei aprovado pelos deputados, por 129 votos a 125, um a mais do que o necessário, depois de 23 horas de debates. Nenhum dos vereadores apoiou a decisão dos parlamentares argentinos.
Para falar especificamente sobre o tema, subiram à tribuna os vereadores maringaenses Alex Chaves (PHS), Homero Marchese (Pros), Chico Caiana (PTB) e Sidnei Telles (PSD), mas também falaram sobre a decisão dos deputados argentinos, de forma passageira, os vereadores Belino Bravin (PP) e Mário Vérri (PT).
Todos criticaram a decisão dos argentinos e manifestaram esperanças de que o Senado, para onde seguirá o projeto de lei, rejeite a matéria “em defesa da vida”. O vereador Caiana foi o primeiro a falar e disse que “a decisão banhou a América Latina com sangue de inocentes”. Acrescentou que “apenas Deus tem o direito de dar e tirar a vida”.
O projeto aprovado na Câmara prevê a liberação do aborto na Argentina até a 14ª semana de gestação. Atualmente, a prática é permitida apenas em caso de estupro ou risco para a vida da mãe. O presidente Maurício Macri encorajou o debate, embora tenha se declarado “a favor da vida”. Não há data para o Senado apreciar a matéria.
Marchese alertou que “o debate chegará ao Brasil com muita força”, acrescentou que “é preciso defender a vida em Maringá e no Brasil” e lembrou que o ídolo argentino Diego Maradona, “mais uma vez esteve do lado errado” ao apoiar o movimento pela descriminalização. Emendou: “Essa lei está sendo escrita com sangue de inocentes”.
Os vereadores Caiana e Telles seguiram a mesma linha, salientando que “estão tirando a vida de quem não pode se defender”. Telles disse que não “se trata de uma questão religiosa” e lamentou “que países como a Argentina adotem o eugenismo como política pública: daqui a pouco vão selecionar quem pode e quem não pode viver”.
Na Argentina, a população se mostra dividida, segundo o jornal “Clarín”. Movimentos favoráveis e contrários acompanham os debates nos arredores do Congresso, inclusive durante a madrugada. Os debates começaram na quarta e só terminaram na manhã desta quinta. Na América Latina, o aborto é livre no Uruguai e Cuba.
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