Na estrada entre Londrina e Maringá, palavra de ordem dos caminhoneiros nos pontos de bloqueio passa a ser “intervenção militar já”

  • A principal palavra de ordem da greve dos caminhoneiros deixou de ser de reivindicações econômicas, em defesa da redução dos altos preços dos combustíveis, principalmente do diesel. O movimento conquistou adesões de outros setores sociais e o que se propaga no momento é “Intervenção Militar Já”.

    Nos três bloqueios existentes na PR-444 e BR-376 entre Londrina e Maringá, na manhã desta segunda-feira (28/5), existiam faixas com o pedido de intervenção militar e nenhuma com referência aos preços abusivos do álcool, gasolina ou diesel. Todos os postos à beira das duas rodovias estavam com as bombas desligadas.

    No bloqueio de Arapongas, o caminhoneiro inicialmente indicado pelos manifestantes para falar em nome do movimento, Vanderley, não quis dizer o sobrenome. Ele mal começou a conceder a entrevista e foi discretamente interrompido por outro manifestante. A ordem foi que quem deveria atender a reportagem era outra pessoa, Nestor Sasso.

    Sasso exigiu que o repórter se identificasse e depois disse ser caminhoneiro autônomo. Questionado se tinha apenas um caminhão, respondeu que era dono de outros veículos de carga, sem dizer quantos, e pediu para a informação ser omitida, “para evitar mal entendidos”.

    Depois de dizer que “o movimento deixou de ser dos caminhoneiros para ser do povo brasileiro”, afirmou que “os bloqueios vão parar quando acabar com esse Congresso Nacional e tiver uma intervenção militar para acabar com essa pouca vergonha”.

    – Intervenção em que sentido, de instaurar um regime de governo militar?

    Sasso, ladeado por um grupo de caminhoneiros, respondeu que “do jeito que você está fazendo, isso não vai prestar para nós”. Tomou o bloco de anotações do repórter, arrancou a folha com as anotações sobre a sua entrevista, amassou, jogou no chão e devolveu o restante. “Se quiser, volte com a sua equipe, não sozinho”, recomendou.

    Antes disso, Vanderley, que estava com uma filha de cerca de 10 anos ao lado, disse que as recomendações feitas pela Defesa Civil, no sentido de liberar cargas com ração animal e combustíveis para órgãos de saúde, como Samu, e segurança públicas, como PM e Bombeiros, estão sendo seguidas. Acrescentou:

    – Se precisar, nós tiramos dos tanques dos nossos caminhões e doamos para o Samu.

    O caminhoneiro também disse “o movimento é de um por todos e todos por um”. Acrescentou que o acordo anunciado pelo governo “não contempla o movimento e nem a população que nos apoia”, já que não faz referência aos preços do álcool e da gasolina. Segundo ele, o preço do litro do diesel deveria baixar para R$ 2,40 a R$ 2,80″.

    No bloqueio próximo ao posto da Polícia Rodoviária de Sarandi, ninguém quis se identificar para dar entrevista. Há uma quantidade pequena de caminhões e máquinas agrícolas às margens da PR-444 e BR-376 nos três pontos de bloqueios. Foram “levados para os pátios dos postos de combustíveis, empresas e para a casa dos caminhoneiros”.

    Os cerca de 100 km entre Londrina e Maringá, na manhã desta segunda-feira, assim como na sexta (25/5), estavam praticamente desertos, com um ou outro veículo em circulação. No posto de pedágio, a atendente, ao ser indagada sobre o pouco movimento, disse que “essa paradeira chega a dar sono”.

    Colheitadeira à margem da PR-444, com faixa dizendo “queremos intervenção militar já”. Movimento dos caminhoneiros recebe apoio de produtores

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