“A decisão absolutamente politizada já era esperada, não muda nada e segue na escadinha que queríamos, em direção ao Supremo Tribunal Federal”, disse nesta quarta-feira (7/3) o deputado federal Enio Verri (PT), ao ser questionado sobre a negativa do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao pedido de habeas corpus preventivo para o ex-presidente Lula.
Enio, que estava deixando uma reunião da direção nacional do PT, em Brasília, reafirmou sua convicção de que Lula se manterá candidato a presidente até as eleições. Disse que o embargo declaratório no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, só será julgado a partir dia 23 de março, quando o ministro do caso retorna de férias.
“Esgotados os recursos no TRF-4, imediatamente vamos ao Supremo Tribunal Federal (STF), guardião da Constituição, onde os ministros estão divididos em relação à prisão após condenação de segunda instância”, afirmou, quando foi interrompido por uma observação:
– Desculpe deputado, mas no STF tem dado seis a cinco em favor da prisão.
– Está confuso lá. Tem ministro que já votou a favor, mas depois deu declarações dizendo ser contra, acrescentou.
Segundo ele, até o ministro do TRF-4 julgar o recurso, deverão se passar cerca de 30 dias. Depois, no STF, vai depender de quando a ministra Carmem Lúcia incluirá o recurso de Lula à pauta: “Isso levará mais 30 ou 40 dias. Depois ainda tem a questão do registro da candidatura e os recursos. Se for negada, vamos ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ao STF”. Até lá, já passou de 7 de outubro”.
Em resumo, a impressão que se tem é que a estratégia do PT para manter Lula na disputa presidencial aposta na carência de celeridade da Justiça brasileira.
– Então o PT não tem nenhum plano B para uma eventual prisão do Lula?
– Não existe plano B. Temos o melhor jogador da temporada e quando se tem o melhor jogador não se faz plano B.
– No futebol, mesmo os craques têm banco de reserva. No momento, por exemplo, se discute o caso Neymar.
– No caso do PT não tem. Quem está criando um plano B é a Folha de S. Paulo, que está inflando o (Fernando) Haddad, que começa a acreditar nessa possibilidade. O objetivo é dividir para favorecer o (Geraldo) Alkmin, mas esse não tem chance.
PT tem Requião como primeira opção para o governo
Quando às eleições no Paraná, Enio Verri disse que a intenção do partido é fazer uma aliança com o senador Roberto Requião (PMDB), que se coloca como pré-candidato a governador.
– Mas parece que Requião e Osmar Dias (PDT) estão fazendo uma aliança, para um sair ao governo e outro ao Senado, não é isso?
– Sim, um fica instigando o outro a sair ao governo.
– E se o candidato a governador for o Osmar, o PT se alia aos dois?
– Com o Osmar não dá. Ele está fazendo alianças com a direita. Aí devemos ter candidato próprio, mas ainda vai passar muita água sob a ponte. É tudo muito prematuro ainda.
Para o Senado, o deputado federal Angelo Vanghoni e o vereador maringaense Carlos Mariucci colocaram seus nomes à disposição do PT. Segundo Enio, “o Senado é uma janela aberta no Paraná. São duas vagas e faltam bons nomes”.
– Por que a senadora Gleisi Hoffmann não tenta a reeleição, então?
– Gleisi deseja um mandato e, segundo avaliação dela, de deputado federal é mais viável.
– Além de Requião ou Osmar, o governador Beto Richa (PSDB) também deve ser candidato ao Senado, não?
– Acho que o Beto vai continuar no governo. Ele tem medo de ser preso, apimentou o deputado, para encerrar a entrevista, feita por telefone.
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