Dois meses depois de protocolar uma representação criminal contra sete engenheiros civis e dois advogados, todos ligados ao Sindicato da Indústria da Construção Civil do Noroeste do Paraná (Sinduscon), o ex-diretor da entidade, Valdemar do Carmo Adorno Júnior, foi ouvido pelo delegado do 4º Distrito Policial de Maringá, André Luiz de Oliveira.
A representação foi protocolada no Cartório Distribuidor da 9ª SDP no dia 16 de novembro de 2017 e distribuída dois dias depois. O depoimento de Adorno Júnior foi prestado na manhã desta segunda-feira (22/1), por 1h30, quando ele reafirmou oralmente o que havia escrito em oito páginas e prestou os esclarecimentos solicitados. Assim, o inquérito policial foi instaurado.
Adorno Júnior é réu principal em uma ação trabalhista movida pelo Sinduscon e seu braço social, o Serviço Social do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Noroeste do Paraná (Seconci), que cobram uma indenização milionária do ex-diretor e dez empresas que prestavam serviços às entidades, por desvios que teriam sido feitos por meio de notas frias e outras artimanhas.
Falta de pessoal e endereço errado
A demora na instauração do inquérito se deu, segundo o próprio advogado de Adorno Júnior, Fares Jamil Feres que acompanhou o depoimento, por uma série de motivos, entre eles a falta de funcionários no 4º DP, o acúmulo de inquéritos (“Apenas no cartório do escrivão que ouviu me cliente são mais de 400”), as datas festivas de final de ano e a dificuldade para localizar o denunciante, que mudou de endereço.
O próximo passo nas investigações policiais agora será no sentido de ouvir um a um os nove acusados pelo denunciante, que se diz vitima de cárcere privado, ameaças e coações, além de afirmar que recursos das duas entidades foram utilizados para viagens pessoais de lazer de familiares e dirigentes do Sinduscon e Seconci. Veja aqui a íntegra da representação criminal.
As duas entidades, na ação trabalhista, já conseguiram, liminarmente, bloquear até R$ 1.996.529,56 em bens, contas bancárias e limites dos cartões de crédito do réu principal, Adorno Júnior. Na primeira audiência na Justiça do Trabalho, no final de novembro, seis empresas coautoras apresentaram contestações e quatro deverão fazer isso na próxima, em abril.
Procurados pela reportagem nesta sexta-feira, os dirigentes do Sinduscon e Seconci que deverão ser ouvidos no inquérito policial preferiram não se manifestar. Nas reportagens anteriores sobre o imbróglio, justificaram que não falariam para não atrapalhar a defesa na ação trabalhista – a representação criminal também faz parte do processo.
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