A Igreja Católica de Maringá é contra a abertura dos supermercados aos domingos e está convidando a população para uma audiência pública para tratar do tema na próxima quarta-feira (6/12), às 19 horas, na Câmara de Vereadores.
Panfletos assinados pelo Conselho de Leigos e Leigas da Arquidiocese de Maringá e pela própria Arquidiocese foram distribuídos aos católicos que foram à missa neste domingo em praticamente todas as paróquias e afixados nas entradas das igrejas.
O panfleto diz que “nem toda modernidade é bem-vinda. As vezes as novidades que se traduzem numa comodidade para a população, na verdade trazem consigo, de forma direta e indireta graves consequências à sociedade, principalmente para suas camadas mais pobres”.
Diz, em nome de todos os 28 municípios que compõem a Arquidiocese de Maringá, que a “abertura do comércio como vem ocorrendo nos últimos meses, não cria novos postos de trabalho, nem garante os direitos dos trabalhadores”.
“Na verdade – continua – vem escravizando-os, retirando os direitos sociais, afastando-os do convívio familiar, prejudicando-o culto dominical além de reduzir seus ganhos. O reflexo negativo se estende também aos pequenos comerciantes dos bairros e das cidades da região, que sofrem com o abuso do poder econômico das grandes redes supermercadistas”.
O padre Emerson Cícero de Carvalho, da Paróquia São José Operário, explicou que o objetivo é apresentar à Câmara de Vereadores um projeto de lei regulamentando o trabalho aos domingos: “Para nós, da Igreja Católica, o domingo é um dia de descanso e de culto. Entendemos que pelo menos deve-se ter um espaço para o debate, antes de estabelecer medidas que mudam a cultura”.
O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Maringá (ACIM), José Carlos Valêncio, disse que as pesquisas da entidade mostram que apenas uma rede de supermercados da cidade aumentou em 15% o número de funcionários a partir do início da abertura das lojas aos domingos. “Foram 250 novos empregos”, afirmou.
Valêncio se disse preocupado com o uso do termo “escravidão” para quem trabalha aos domingos e ironizou: “Você vai abastecer o carro domingo de manhã e é atendido por um escravo. Você vai almoçar com a família e é atendido por um escravo. Vai ao cinema e é atendido por um escravo. Fica doente no domingo e um escravo te atende no hospital”.
Segundo Valêncio, o debate é importante e faz parte do regime democrático, “mas o que chamam de escravidão nós chamamos, há muito tempo, de livre iniciativa”.
Projeto de Lei que já deu entrada na Câmara
Um projeto de lei já foi protocolado pelo vereador Carlos Mariucci (PT), que é ligado à Igreja Católica, mas ainda não passou pelas comissões permanentes da Casa. E diz o seguinte:
- Primeira atualização, com a inclusão das declarações do presidente da Acim, José Carlos Valêncio, às 11h30 desta segunda-feira, 4/12/2017.
- Segunda atualização, com a inclusão do projeto de lei do vereador Carlos Mariucci (PT), às 12h30, desta segunda-feira, 4/12/2017.
Comentários estão fechados.