PV protocola pedido de cassação do vereador Homero Marchese

Pedido de abertura da Comissão Processante contra o vereador mais votado da história de Maringá será votado na sessão de hoje (5). Para ser aprovado, basta a maioria simples. O Maringá Post vai transmitir a sessão ao vivo, que deve começar por volta das 9h30. Acompanhe aqui

  • Foi protocolado no final da tarde desta quarta-feira (4/10), na Câmara Municipal de Maringá, o pedido de abertura de uma Comissão Processante (CP) contra o vereador Homero Marchese (PV). O pedido partiu do diretório municipal do Partido Verde de Maringá e o objetivo é fazer com que os vereadores julguem se Marchese deve ou não ter o mandato cassado.

    Teriam sido apresentadas três justificativas no documento, incluindo o fato de Marchese ter afirmado em reunião do partido que “perseguiria um servidor público”. A indicação de Ezio Ribeirete Coelho, condenado por improbidade administrativa, como assessor parlamentar da Câmara. E a afirmação feita por Marchese de que teve acesso a dados que seriam sigilosos sobre a fila de espera nas creches de Maringá.

    O protocolo do documento foi feito pelo presidente do diretório do Partido Verde de Maringá e secretário Municipal de Meio Ambiente, Ederlei Alkamim, poucos minutos antes das 18 horas. Alkamim estava acompanhado de outros dois representantes da sigla. Eles não quiseram conceder entrevista.

    O documento será lido na sessão desta quinta-feira (5/10) e, logo em seguida, os vereadores terão de votar se aceitam ou não a abertura da Comissão Processante. Para abrir a CP é necessária a maioria simples dos votos.

    A primeira análise do vereador sobre o pedido

    Procurado, o vereador Homero Marchese afirmou que só irá se manifestar sobre cada um dos argumentos apresentados após “ter acesso ao teor do documento.” O vereador considerou estranha a atitude da direção do partido, pois não houve qualquer “deliberação dentro do diretório municipal”. “Falei pessoalmente com o presidente do partido (Ederlei) esta semana e ele não me disse nada”, afirmou.

    Marchese também revelou ter ouvido um burburinho de que haveria uma articulação política contra ele. “Mais de uma pessoa veio me alertar. Talvez pela independência e pelo trabalho que faço com muita imparcialidade. Tenho agido com contundência e, inclusive, chamado a atenção para possíveis irregularidades na administração municipal”, disse.

    O vereador considerou que o pedido de abertura da CP seria uma estratégia para “calar” as ações que tem realizado. “Isto na política é mais velho do que andar para frente. É uma medida desesperada e uma maneira de desgastar o meu trabalho”.

    Após a publicação da matéria, Marchese também se manifestou através da sua página no Facebook, culpando o prefeito Ulisses Maia e o vice prefeito Edson Scabora pela articulação política que culminou com o pedido de cassação.

    Confira o vídeo na íntegra

     

    Votação recorde e atrito com outros vereadores

    Eleito vereador no ano passado com 6.573 votos, a maior votação da história do Poder Legislativo, Marchese se envolveu em várias polêmicas nos últimos meses. Em junho, houve um desentendimento público com o vereador Jean Marques (PV).

    Marques usou a tribuna da Câmara para criticar supostos ataques a sua noiva, por parte de Marchese. O retruque do companheiro de partido também foi feito na tribuna da Casa. Marchese acusou Marques de fazer acusações infundadas publicamente e houve trocas de ameaças de representações dos dois vereadores.

    O presidente da Câmara, Mário Hossokawa (PP), convenceu os dois a não encaminhar as representações e o caso foi abafado. A única providência tomada foi mudar o posicionamento dos vereadores, que sentavam um ao lado do outro, dentro do plenário.

    Mais recentemente, após a realização da Semana da Pátria, Marchese fez duras críticas ao presidente da Câmara pelos gastos com publicidade realizados em vários veículos da cidade para a divulgação do evento oficial. Eles trocaram farpas nas redes sociais e a relação entre Marchese e Hossokawa foi abalada.

    Os gastos com a publicidade e a realização da Semana da Pátria foram tratados em reportagem do Maringá Post. 

    A relação de Homero Marchese com os vereadores se apresenta instável. Na sessão da Câmara de Maringá realizada na terça-feira (3/10), o vereador viu recusada a aprovação de um requerimento em que solicitava da prefeitura informações sobre poda e corte de árvores no ano de 2017.

    Homero ganhou visibilidade ao deixar o TCE

    Homero Marchese foi servidor concursado do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE/PR) e ganhou visibilidade no estado após auditoria nos contratos da Câmara Municipal de Curitiba com agências de publicidade e em auditoria nas concessões rodoviárias do Anel de Integração do Paraná.

    Descontente com o Tribunal, apresentou denúncias de irregularidades ao Ministério Público e abriu mão do cargo público, com salário próximo a R$ 15 mil mensais, e da estabilidade do emprego para entrar na política.

    Em outubro de 2014, já no Partido Verde, foi candidato a deputado estadual e conquistou 12.658 votos.  Dois anos depois, concorreu à Câmara Municipal de Maringá, pela coligação PV-PDT e obteve a maior votação da história do Poder Legislativo local.

    Reportagem atualizada às 19h30 com as primeiras declarações de Homero Marchese sobre o pedido de abertura da CP.

    Reportagem atualizada as 21h21 com as declarações de Homero Marchese em vídeo na sua página do Facebook.

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