RÁDIO MARINGÁ – Floresta-CE quer coroar volta por cima com título da Série D

Em 20 de setembro do ano passado, quando estreou no comando do Floresta-CE, diante do Afogados-PE, em jogo pela Série D do Campeonato Brasileiro, o técnico Leston Júnior sabia que ele e seus comandados não poderiam errar. Rebaixado no Campeonato Cearense, o Lobo da Vila Manoel Sátiro só conseguiria se manter no cenário do futebol nacional em 2021 – e 2022 – se subisse para a Série C.

“A gente tinha uma bala só. Se não conseguíssemos [o acesso], o clube só voltaria a jogar uma competição nacional em 2023, se subisse em 2021 para a primeira divisão [do Cearense] e em 2022 se classificasse para o Brasileiro [da Série D] do ano seguinte. Então, era uma missão muito complicada, que exigiu um planejamento muito bem elaborado, de reformular o elenco e trazer atletas de perfil competitivo, que transformassem o ambiente”, conta o técnico.

A bala foi certeira. O Floresta não só subiu à terceira divisão brasileira como chegou à final da Série D, neste sábado (6), às 16h (horário de Brasília), contra o Mirassol-SP, no estádio José Maria de Campos Maia, o Maião, em Mirassol (SP). O jogo será transmitido ao vivo na TV Brasil. Na partida de ida, em Fortaleza, os paulistas venceram por 1 a 0 e garantiram a vantagem do empate. Os cearenses terão de ganhar por ao menos dois gols de diferença para levantar a taça. Se a vitória for por um gol, o campeão será conhecido após cobrança de pênaltis.

O atacante Flávio Torres chegou em meio à reformulação liderada por Leston. Aos 34 anos, ele fez parte da campanha que levou o Esportivo-RS ao quarto lugar no último Campeonato Gaúcho, que rendeu ao clube de Bento Gonçalves (RS) o posto de campeão do interior e uma vaga na Copa do Brasil de 2021. Titular do Floresta, marcou sete gols na Série D. O último deles sacramentou a classificação à final, na vitória por 2 a 0 sobre o Novorizontino-SP – na partida de ida, na Arena Castelão, em Fortaleza, os times ficaram no 1 a 1.

“O título [da Série D] coroaria o trabalho. A gente sabe o tanto que trabalhou. Foram mais de seis meses de preparação. Tive oportunidade de conquistar meu primeiro acesso nacional. Pretendo ficar por mais um tempo no futebol. Estou me sentindo bem e tenho certeza que [2020] foi meu melhor ano profissional”, comemora Flávio Torres.

Em 23 jogos na Série D, o Floresta acumulou dez vitórias, dez empates e três derrotas. Classificado em terceiro lugar no Grupo 3 da primeira fase, o Lobo passou pelo Itabaiana-SE no primeiro mata-mata, com uma vitória em casa por 2 a 1 e um empate por 2 a 2 fora. Nas oitavas, deixou para trás o Juventude Samas-MA, após um 2 a 2 em São Mateus do Maranhão (MA) e um triunfo por 2 a 0 em Fortaleza. Nas quartas de final, os cearenses derrotaram o América-RN por 2 a 0 na Arena Castelão e buscaram o empate por 1 a 1 em Natal para garantirem a vaga na semifinal, contra o Novorizontino, e o acesso à Série C.

“No início, tivemos uma reunião e nos colocamos entre os 10 a 15 candidatos a título. Sabíamos que só quatro subiriam, mas que tínhamos plantel e estrutura para buscarmos o acesso. Trabalhamos forte. Houve uma sequência intensa de jogos, aos domingos e às quartas-feiras. Foram dois a três meses assim. O Floresta tem uma estrutura que ajuda bastante, então perdemos poucos atletas [por lesão]. Conseguimos pontuar o máximo possível, chegamos ao mata-mata e estamos buscando coisa maior”, destaca Flávio Torres.

Apesar de fundado em 1954, o histórico profissional do Floresta é recente, iniciado em 2015, após ser comprado por um empresário local. A tradição do clube se construiu principalmente no futebol amador de Fortaleza, criando forte laço com a Vila Manoel Sátiro, bairro da periferia, onde fica a sede. O nome, inclusive, consta no próprio escudo.

“Infelizmente, por causa da pandemia, a gente não teve o carinho do público nos jogos, mas, em volta do estádio, quando chegamos para treinar, o pessoal comenta, dá parabéns pela campanha. Isso é muito bacana. Muitos funcionários são das redondezas, então, resgata a parte humana do bairro, a questão do emprego. A gente acaba sendo até mais próximo deles [torcedores]”, descreve o atacante.

“[O Floresta] É um clube simpático para todo mundo. Então, além do nosso torcedor, concentrado nas imediações do bairro, há muita gente na rua, no shopping, no mercado, que torce por Fortaleza ou Ceará e aderiu à torcida pelo acesso. E tem a própria rivalidade local. A torcida do Fortaleza começa a se aproximar porque o Ceará ainda não foi campeão brasileiro, então fica a brincadeira”, emenda Leston, lembrando a possibilidade de o Lobo se tornar o quarto clube cearense com título nacional, ao lado de Guarany de Sobral, Ferroviário e do próprio Leão do Pici, campeão da Série B em 2018.

Guarany (2010) e Ferroviário (2018), aliás, fazem do Ceará o estado mais vezes campeão da Série D, junto de Minas Gerais. Um título do Floresta isolaria os cearenses no ranking.

“Acho que o diferencial deste trabalho foi a responsabilidade de duas, três temporadas dependendo de uma competição só. Isso traz um peso grande, que teria que parar em mim, não poderia passar aos jogadores. Foi algo que, talvez, tenha exigido mais que em outros trabalhos. Isso faz com que esta campanha seja especial. Não podíamos errar e conseguimos fazer um trabalho de excelência. Se formos merecedores e campeões, aí vou classificá-lo na prateleira dos trabalhos perfeitos”, conclui o treinador do Lobo.

(Agência Brasil)

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