RÁDIO MARINGÁ – Triatleta olímpico comanda projeto social com 11 centros pelo Brasil

O ano de 2020 está sendo muito especial para o triatlo brasileiro. Além de nomes jovens que seguem conquistando espaço no circuito mundial, como Manoel Messias (de 23 anos e 45º colocado no ranking), Vittória Lopes (de 24 anos e 23ª no ranking mundial) e Luisa Baptista (de 26 anos e 33ª no ranking mundial), o projeto social escolinha Formando Campeões, do triatleta Juraci Moreira, completa cinco anos.

“Era um sonho que tinha para o pós-carreira, oferecer a chance de crianças e adolescentes praticarem esporte de forma gratuita. Estou conseguindo consolidar esse trabalho. Implantamos o núcleo inicial em Curitiba, e hoje já são 11 deles pelo Brasil (7 em São Paulo, 2 em Curitiba e 2 no Ceará). Atendemos 500 crianças, de oito a 16 anos”, afirma Juraci à Agência Brasil.

“Dá muito trabalho. Mas é uma alegria chegar lá no núcleo e ver o sorriso das crianças e conversar com os pais. A maioria nem sabia o que era o triatlo. E agora estão praticando o esporte. Esse é o maior ganho que tenho nesse projeto. São realidades bem diferentes. No Ceará temos 50 vagas em cada um dos dois núcleos em comunidades carentes. Já no Paraná as necessidades são diferentes. Mas não fazemos nenhuma distinção. É uma soma de conhecimento e uma troca de experiências que vale muito a pena”, declara Jurai.

Atualmente, com a pandemia do novo coronavírus (covid-19), o foco principal da escolinha está no curso de formação de treinadores, que acontece em Curitiba até o próximo 21. “O objetivo é preparar os novos núcleos da escolinha e aprimorar os antigos, deixando tudo pronto para o retorno às atividades presenciais”, diz Juraci Moreira. Também participam da atividade o coordenador do projeto, Ricardo Júnior Cardoso, os professores Ronaldo Mateus, Fábio Marturano, Jéssica Rodrigues, Rodolfo Desinho, Carlos Oliveira e Hélcio Kricky, além do bombeiro Carlos Ernesto Borges de Macedo.

Futuro do triatlo
Apesar de focar o trabalho com jovens dentro do projeto, o ex-atleta diz que, começando cedo, a tendência é que talentos apareçam: “Nosso objetivo não é o alto rendimento. Mas os atletas acabam surgindo de graça. Começando cedo, e de forma séria, com essas crianças o trabalho tem tudo para dar certo”.

Juraci, que esteve nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000, Atenas 2004 e Pequim 2008, usa o exemplo do próprio Manoel Messias: “Ele é do Ceará e é oriundo de um projeto social. Aos 23 anos, já está praticamente classificado para os Jogos de Tóquio. É um caminho parecido com o meu. Fui para os Jogos de Sydney com 20 para 21 anos. A Luísa e a Victória Lopes também são jovens e estão quase classificadas também. Isso mostra que o trabalho da base vem sendo bem-feito”.

Ele usa a própria experiência para ressaltar a importância desse apoio. “O funil no alto nível é muito estreito. Só os 50 melhores do mundo chegam à Olimpíada. Realizei o meu sonho com 20 para 21 anos, e me mantive no topo por quatro ciclos, já que estive até a última seletiva para os Jogos de Londres. Também foram 15 anos de circuitos mundiais. Foram muitos momentos incríveis. Mas tive o apoio de muitas pessoas e quero ser lembrado por esses jovens como o cara que os ajudou a ter sucesso no esporte”, declara.

Em relação aos resultados dos brasileiros no ano que vem, Juraci considera que um top 10 seria algo a ser extremamente comemorado: “A equipe é bem jovem. O auge deles não deve ser agora. Acredito muito que, para Paris 2024, a equipe estará ainda mais forte”.

A principal novidade desse ciclo é a estreia da prova do revezamento misto. Com o trio Manoel, Vittória e Luisa já bem encaminhado, o país precisaria de mais um homem para fechar o time. E Juraci tem uma aposta: “O Kauê Willy. É um garoto também. Tem 24 anos. Torço muito para que ele consiga chegar lá. É meu conterrâneo aqui de Curitiba, saiu do meu projeto social. Mas ainda faltam algumas etapas para o fechamento do ranking, e ele precisa se manter bem. Ele treina com o meu técnico, o Homero Cachel, que me acompanhou na Olimpíada. Tomara que dê certo”. Confirmando essa participação do revezamento misto, o Brasil repetiria o feito do time de Sydney 2000: “Com algumas alterações nas regras e no número de atletas, o Brasil só levou 3 homens e 3 mulheres naquela oportunidade. Poder repetir isso agora seria espetacular”.
(Texto: Juliano Justo/Agência Brasil. Foto: Juraci Moreira/Divulgação)

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