O programa Geração Olímpica, além de beneficiar campeões em suas modalidades e faixa etária, tem também o papel de inclusão social e educação. Realizado pelo Governo do Estado, por meio da Superintendência do Esporte, com o patrocínio da Copel, o Geração Olímpica é o maior programa de bolsa-atleta entre todos os estados brasileiros. Em 2021 está completando dez anos de existência, com apoio a mais de 10 mil atletas e técnicos.
Seu aspecto social é exercido em especial na Categoria Formador, que destina bolsas para atletas entre 11 e 17 anos que disputam modalidades olímpicas e paralímpicas, sendo vinculados aos colégios da Rede Estadual de Ensino. Na edição 2021, vai contemplar 320 atletas que estão iniciando suas carreiras esportivas.
Nesta semana, a Paraná Esporte iniciou uma série especial de reportagens sobre jovens contemplados pelo Geração Olímpica nesta categoria, que atualmente brilham em competições escolares. Também serão retratados atletas que iniciaram na categoria Formador e ascenderam a outros patamares, chegando à Categoria Olimpo, voltada aos que conquistam vagas para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos.
O programa possui sete categorias, divididas por faixas etárias, valores da bolsa e características de competição: Formador, Técnico Formador, Estadual, Técnico, Nacional e Internacional/Olimpo.
EXEMPLOS – Duas cidades do Oeste do Paraná, Mercedes e Toledo, têm histórias de jovens contemplados na categoria Formador que exemplificam o poder de transformação do esporte.
Mercedes é uma cidade colonizada por alemães, tem pouco mais de 5 mil habitantes, na fronteira com o Paraguai. O que vem chamando a atenção nos últimos anos são os atletas em formação dos times de handebol masculino e feminino do município.
Desde 2014, os atletas fazem parte do Geração Olímpica. O primeiro a ser contemplado serviu de exemplo aos demais alunos e hoje, na 10ª edição do programa, Mercedes chega a marca de 20 atletas contemplados e um técnico, o Professor Marlon Neves, que treina a equipe masculina.
A professora Catarina Triches Petri treina a equipe feminina e é motivada com o número crescente de alunos contemplados. “Logo no início os resultados já chegaram. Em 2015, as quatro equipes de handebol – feminino A e B e a masculino A e B – foram campeãs regionais. A grande motivação era justamente conquistar mais bolsas formadores do Programa Geração Olímpica”, conta.
Desde 2015 as equipes participam das fases finais dos Jogos Escolares (Jeps) e Jogos da Juventude do Paraná (Jojups), o que tornou Mercedes referência no handebol no Oeste do Estado. “Hoje temos 20 bolsistas na Categoria Formador e um na de Técnico. Temos atletas que foram destaques nas competições e já foram convidados a jogar em polos maiores, como Maringá e São Paulo”, conta a treinadora.
O esporte tem papel fundamental na vida desses jovens. Além da saúde, também é um agente educacional, pois o desempenho escolar de cada integrante tem aumentado. É o que relata a professora. “Antes do atleta ser um jogador, ele é um aluno, então cobramos deles um bom desempenho escolar, além de que eles sejam bons cidadãos”, diz Catarina.
TOLEDO – Em Toledo, os times de futsal e futebol feminino estão dando ibope. Fazem parte do Programa Social Afeto, que é realizado no Colégio Estadual Senador Atilio Fontana, o Cesaf. Comandadas pela Professora Salete Dallanol e Eudes Dallanol, o Afeto conta com 13 alunas contempladas no Programa Geração Olímpica, que conquistaram a bolsa após participação nos Jogos Escolares do Paraná.
Essas atletas treinam juntas desde 2017. “Elas são focadas, disciplinadas e exemplos para outras meninas que vivem a mesma realidade nessa área mais afastada do Centro da cidade”, relata a professora Salete.
Segundo ela, a Secretaria de Educação de Toledo viu a necessidade de implantar um projeto na região, o que resultou no abraço entre o Colégio Cesaf e o Programa Afeto, que tem uma função não somente esportiva, mas também de formar cidadãs.
“Quando o Programa Geração Olímpica começou a fazer parte da vida dessas meninas, muita coisa mudou. O apoio financeiro é importante, pois elas compram materiais de treino, ajudam em casa, até mesmo em comprar um gás ou pagar uma conta de luz, e isso faz elas se manterem no Afeto treinando”, afirma Salete
Batalha diária que se reflete também na zona rural do município, na Vila Ipiranga, a 25 km do Centro de Toledo.
“Estamos muito orgulhosos da nossa Gaby. O esporte é muito importante para ela. Apesar da distância até o local de treino, quando ela recebeu o convite para participar da Associação Afeto, autorizamos sua ida”, explica o suinocultor Alexandre Bieger, pai da atleta Gabrielly Eduarda Bieger, também bolsista formador.
Em decisão conjunta com a mãe, a dona Marlene, o pai autorizou a filha a morar no alojamento da Associação Afeto, podendo assim estudar e treinar na zona urbana de Toledo.
“Nossa filha evoluiu muito, amadureceu, tomou decisões ainda muito nova, com apenas 13 anos, e hoje busca o sonho dela”, completa. O pai ainda relata que já viveu dias de emoções ao lado da família, quando pela primeira vez foram assistir em Toledo um campeonato oficial no qual a Gabrielly jogou.
“Ela é bolsista do Programa Geração Olímpica e esse dinheiro ajuda a manter nossa filha no alojamento, treinando, comprando material, além de desenvolver outras habilidades como a musical. Ela já comprou até instrumentos. Nós a ajudamos com o nosso esforço diário e assim ela segue realizando seu sonho de continuar jogando. É gratificante vê-la em quadra”, declara Alexandre.
DO ESCOLAR ÀS OLÍMPIADAS – O esgrimista Alexandre Pereira de Camargo iniciou no Programa Geração Olímpica em 2012, na Categoria Escolar (nesse caso, voltado a atletas com vínculo com a Federação da modalidade) e alcançou a tão sonhada vaga para a Olímpiada Rio 2016 – tornando-se, então, Categoria Olimpo (que tem o maior valor de benefício).
Desde 2010, a esgrima faz parte da sua vida, paixão herdada do pai. Camargo é talento precoce e já aos 15 anos fazia parte da Seleção Adulta de Esgrima. Foi quando a tão sonhada vaga para o Rio de Janeiro chegou.
“A equipe adulta já estava classificada por atuar em casa e eu fiquei entre os melhores do Brasil. Disputei a Olímpiada com apenas 17 anos”, conta.
VOANDO NA PISTA – Muitos sonhos e uma paixão: o atletismo. A atleta Pâmela Aires é outra contemplada. “Devido à pandemia, muitos lugares cortaram as bolsas, mas o Geração Olímpica manteve. Por isso, nós atletas, principalmente os que recebem a bolsa Formador, pudemos continuar treinando e investindo em materiais esportivos para competir de igual para igual com atletas de todo o Brasil”, explica.
GERAÇÃO OLÍMPICA – O ano de 2021 celebra a décima edição (2011-2021) do programa. Nestes dez anos, mais de dez mil atletas e técnicos tiveram a oportunidade de receber bolsas em forma de apoio financeiro. Ao longo desse tempo, ajudou no desenvolvimento de suas carreiras e levou o Paraná ao status de referência nacional na área.
Durante esses dez anos, a Copel, foi a patrocinadora. Na edição 2021, será feito um investimento de R$ 4,75 milhões. Informações e matérias especiais podem ser conferidas nas redes sociais @esportepr e @geracaoolimpicapr.
(AEN)
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