Pela primeira vez em seus 19 anos de história, o Cuiabá fará parte do grupo de elite do futebol brasileiro. O acesso ao Brasileirão Assaí foi conquistado diante do Sampaio Correa, na última sexta-feira (22), em jogo válido pela penúltima rodada da Série B. Peça-chave do elenco mais importante da trajetória do clube, o lateral-esquerdo Romário ressaltou a magnitude do feito e analisou a temporada em conversa com o site da CBF.
A vaga assegurada pelo Cuiabá no Brasileirão Assaí 2021 ainda quebrou um tabu e tanto. Será a primeira vez, desde que o campeonato passou a ser disputado em pontos corridos, que um clube mato-grossense disputará a Série A. Com uma conquista desse tamanho, restou a Romário pagar uma promessa feita lá no início da temporada: atravessar de joelhos o gramado da Arena Pantanal, como no flagra da CBF TV.
Nessa temporada, o Cuiabá conseguiu duas conquistas inéditas até então para o clube: acesso à Série A e chegada até as quartas de final da Copa do Brasil. Dito isso, como você avalia esse ano do Dourado, qual o saldo?
O saldo é mais que positivo. Foram vitórias e conquistas históricas. Momentos que acho que nem o torcedor mais otimista acreditaria, que conseguiríamos alcançar tantos feitos em uma temporada só. Isso é fruto de todo um planejamento, que foi muito bem montado e executado. E os frutos foram colhidos com essas duas marcas históricas.
Qual a sensação de participar ativamente do grupo que protagonizou a maior temporada da história do Cuiabá? Porque, querendo ou não, vocês marcaram seus nomes na história do clube. Como é essa sensação?
É uma sensação única. Tudo que você faz na vida, você faz com a intenção de marcar. Então esses feitos vão ficar mais do que marcados, não só na minha carreira, mas também na história do clube. Independentemente dos voos que o clube vai alçar daqui em diante, eu vou estar entre os jogadores que fizeram parte do principal momento do clube. Todo mundo quando inicia um trabalho, quer ser lembrado. Então para mim essa é a minha maior conquista como jogador, poder marcar história no clube. Ficará marcado na história.
Uma cena que chamou atenção depois do jogo contra o Sampaio Correa foi você dando uma volta inteira no campo de joelhos. Foi uma promessa? De onde surgiu essa ideia?
Exatamente isso, foi uma promessa. Apesar de não ser uma pessoa evangélica, eu tenho muita fé. Tudo que eu faço na minha vida, primeiramente deposito na mão de Deus. Sempre procuro fazer algum tipo de promessa para que eu me sinta bem, sentir que foi algo que Deus me proporcionou e eu, de alguma forma, possa retribuir para ele. Isso é algo que trago comigo sempre em todas as minhas conquistas, em todo tipo de campeonato de extrema importância. Foi assim em 2016, quando eu subi com o Atlético-GO, no Estádio do Café, contra o Londrina, fiz a mesma coisa – atravessei o campo de joelhos. Em 2017 quando subi com o Ceará também fiz a mesma coisa, e agora essa mesma promessa no Cuiabá.
No fim do ano passado o Anderson Conceição (capitão do Cuiabá) disse que essa era a edição da Série B mais disputada que ele já havia participado (ele já jogou 7). Você concorda com ele? Isso explica essa determinação até a penúltima rodada para conseguir o tão sonhado acesso?
Eu não acho que foi a (Série B) mais disputada, acho que foi a mais difícil pelo fator pandemia, por tudo que aconteceu no mundo. Jogos em cima de jogos, muitas viagens, lesões, casos de covid. Então isso tornou o campeonato bem mais difícil, mas não necessariamente mais disputado. Joguei a Série B de 2017, e acho que tive mais dificuldade em questões de qualidade do que essa de 2020. Então acho que essa foi a Série B mais difícil por conta disso.
Com o acesso garantido, o Cuiabá colocou fim a um jejum e será o primeiro time mato-grossense na Série A desde que o Brasileirão passou a ser disputado em pontos corridos. Qual a importância desse feito para o futebol da região?
É algo muito importante. Poucas pessoas conhecem a cidade de Cuiabá, uma cidade muito boa de se viver, porém pouco conhecida. Então essa questão de infraestrutura, visibilidade, vai fazer toda a diferença não só para o Cuiabá, mas também para o estado, que é muito pouco conhecido. Então esse feito que a gente conseguiu levando o Cuiabá para a Série A é muito grande, algo que não envolve apenas um clube de futebol, envolve milhões de pessoas, uma cidade, um estado. Com certeza com a vinda de grandes jogos para Cuiabá, contra Flamengo, São Paulo, dentre outros, isso vai acrescentar muito na cidade.
O que o torcedor do Dourado pode esperar da temporada 2021? Quais os objetivos desse elenco nesse ano?
Creio que sejam objetivos grandes (para 2021). O clube tem tudo para se firmar no cenário, tem uma estrutura, tem planejamento, organização. Então com a força da torcida e do estado, o clube tem tudo para ter uma ascensão muito grande no cenário nacional do futebol. Mas o futebol infelizmente não é uma matemática exata, não dá para você cravar que tendo tudo isso, o Cuiabá vá fazer uma grande temporada. Então o que posso dizer para os torcedores é que acreditem no projeto, no time, apoiem. Vão ter momentos difíceis na competição, já que o Cuiabá estará em seu primeiro ano de Série A. Então vamos ser visados. Tenham paciência que tudo vai dar certo.
(Texto: CBF. Foto: Jo Marconne / CBFTV)
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