Apesar do apelido de infância, não foi a habilidade nos gramados que levou Alex José Gomes Eduardo a conhecer o mundo. Pelezinho esbanja alegria nas pernas, mas não só nelas. O corpo todo se transforma nas batidas do breakbeat, do hip-hop ou do rap que embalam as batalhas de breaking (ou breakdance). Quando foi apresentado à dança urbana, há 25 anos, o paulista de 38 anos sequer podia imaginar que ela seria, um dia, alçada a modalidade olímpica, como acontecerá em 2024, nos Jogos de Paris (França).“Naquela época, a gente não tinha tanta informação ou acesso às competições. Só queria pegar o rádio, juntar o grupo e dançar. Hoje em dia, os mais jovens têm mais informação, pois haviam anunciado que [o breaking] poderia entrar na Olimpíada. A presença nos Jogos da Juventude [de 2018, em Buenos Aires, na Argentina] despertou a possibilidade”, conta o b-boy, como é conhecido o praticante masculino da modalidade – já a feminina é chamada de b-girl.
Pelezinho não precisou da Olimpíada para se apaixonar pelo breaking ao conhecê-lo em uma roda de dança no centro de São José do Rio Preto (SP), onde nasceu. A relação dele com a música é umbilical. A família é de sambistas e capoeiristas. Aliás, foi por ter achado que aquela roda era de capoeira que o então jovem Alex se aproximou do grupo de dançarinos.
Olho em Paris
A exibição de atletas embalados por música não é novidade na história olímpica. As ginásticas artística e rítmica, o nado artístico e a patinação no gelo (nos Jogos de Inverno) estão aí para provar. Ainda não há definição sobre as disputas do breaking em Paris, mas Pelezinho avalia que, por se tratar da primeira edição, as competições serão em formato um contra um nas categorias masculina e feminina. Nos Jogos da Juventude, além das batalhas individuais, houve o embate por equipes mistas.
O paulista acredita que japoneses, holandeses, norte-americanos, chineses e russos são fortes candidatos a medalha em 2024, mas também vê o Brasil na briga e destaca nomes como os cearenses Mateus Melo (Bart) e Francisco Cleiton Verçosa (Till) e o paraense Leony Pinheiro. Ele, porém, alerta para que os responsáveis pelo breaking no país não demorem a estruturar torneios e seletivas. Hoje, a representação brasileira filiada à Federação Mundial de Dança Esportiva (WDSF, sigla em inglês), entidade internacional da modalidade, é o Conselho Nacional de Dança Desportiva e de Salão (CNDDS).
Bastidores
Acompanhar in loco a estreia olímpica do breaking em Paris, daqui a três anos, é um sonho, mas que ele não vê sendo realizado como atleta. Atualmente, fora das competições e mais envolvido com a criação e a organização de eventos, Pelezinho se imagina integrando a comissão técnica de uma eventual seleção brasileira.
(Agência Brasil)
Os comentários estão fechados, mas trackbacks E pingbacks estão abertos.