Fora dos Jogos Escolares Brasileiros (JEBs) desde 1982, o polo aquático é uma das novidades da próxima edição do evento, confirmado para outubro do ano que vem, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). A competição abrange 17 modalidades, e o polo é uma das cinco que serão disputadas como demonstração, assim como skate, escalada, dança e curling. A edição de 2021 dos JEBs – a competição não ocorria desde 2004 – deve reunir cerca de 7,5 mil participantes entre 12 e 14 anos.
“É uma bela motivação para a criançada praticar e a gente poder começar a garimpar quem tem o dom”, avalia Alessandro Checchinato, presidente da Polo Aquático Brasil (PAB), liga nacional da modalidade. “A criança, para se manter motivada no esporte, tem que ter perspectiva de competir, viajar. Os JEBs ajudam muito nesse sentido”, completa.
O retorno do polo à competição infanto-juvenil é um bom sinal, segundo João Santos, diretor da modalidade na Confederação Brasileira de Desporto Aquáticos (CBDA). “O polo, infelizmente, ainda não participará efetivamente dos JEBs, pois, para isso, precisa ter uma participação mais efetiva de times jovens em todas as regiões. A boa notícia é que já teremos uma demonstração, e isso pode ser um começo”, afirmou o dirigente em depoimento ao site oficial da entidade.
A volta dos JEBs em 2021 foi divulgada em agosto, antes do polo aquático ser incluído na previsão. Na ocasião, Checchinato explicou que foi feito um contato, via ofício, com a CBDE. “Claro que a gente gostaria que fosse incluído no ano que vem, mas não acredito que será implementado de imediato. O que estamos querendo é conversar e tentar implementar o polo aquático de forma gradual em alguns estados, e começar a ver a viabilidade e a dificuldade que a gente terá para isso”, explicou o dirigente há dois meses.
Formação
Atualmente, o acesso à modalidade se dá, principalmente, por clubes ou projetos – como o da Associação Bauruense de Desportos Aquáticos (ABDA), em Bauru (SP). A introdução na escola ainda é exceção. Um exemplo é a iniciativa do Serviço Social da Indústria de São Paulo (Sesi-SP), que apresenta o esporte, em forma de vivência, a nove unidades escolares da instituição, como atividade pós-grade curricular.
“Hoje, basicamente, nosso time adulto de polo é montado com 80% dos atletas vindos da escola do Sesi-SP. Estamos totalmente alinhados com a base”, afirma André Avallone, técnico da agremiação paulista e que também é responsável pela análise, avaliação e sequência pedagógica da formação.
O estudo Suplemento de Esporte do Perfil dos Estados e Municípios Brasileiros 2016, divulgado no ano seguinte pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que apenas 27% dos municípios tinham escolas com alguma estrutura esportiva. Entre as instalações presentes na rede pública municipal, somente 6,3% incluíam pisicinas.
“Entretanto, quando o polo aquático esteve inserido nos JEBs, na década de 80, desenvolveu muito nas regiões Norte, Nordeste e Sul. Os estudantes não tinham piscina nas escolas, mas treinavam em centros esportivos das cidades. Como tinha a possibilidade de se jogar fora do estado e, mais adiante, em um Sul-Americano ou um Mundial, o pessoal se empolgava e tinha interesse”, pondera Checchinato.
Técnico de polo aquático no Clube Paineiras do Morumby, em São Paulo (SP), Leonardo Vergara – ou Léo Paraíba, como é conhecido, em referência ao estado onde nasceu – esteve em seis edições do evento infanto-juvenil, uma delas como árbitro. A competição foi o pontapé inicial na carreira dele, que ainda atleta defendeu clubes tradicionais como Flamengo, Fluminense e Pinheiros, chegando à seleção brasileira.
“Passávamos o ano inteiro treinando para os JEBs, esperando aquela viagem, de dois dias e meio de ônibus. Era uma grande festa. Meninos e meninas do Brasil inteiro, jogando na piscina fria, mas era um grande barato. Joguei cinco JEBs pela Paraíba. Ganhamos uma vez e, seguramente, é um dos títulos dos quais mais me orgulho”, recorda Léo, que antes mesmo da confirmação do polo aquático na retomada da competição, já defendia a presença da modalidade. “É o primeiro esporte olímpico coletivo. Hoje, 14 estados praticam o polo no país. Tem muita tradição, não pode ficar fora”, destacou.
JEBs
Segundo a organização, além dos alunos, a edição 2021 dos JEBs reunirá aproximadamente 1,5 mil professores, técnicos e 400 árbitros em sete dias de competições. Serão distribuídos 140 troféus e duas mil medalhas. Das 17 modalidades, 10 são classificatórias para os Jogos Sul-Americanos Escolares, que também ocorrerão no próximo ano, em Brasília (DF).
Com exceção do atletismo, as demais disputas dos JEBs serão no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ). A estrutura foi vistoriada, há duas semanas, por dirigentes da CBDE e profissionais do Escritório de Governança do Legado Olímpico (EGLO), além de representantes dos governos municipal e estadual. O evento ainda não tem data definida, mas a estimativa é que ocorra em outubro, após a desmontagem da estrutura do Rock in Rio – que também será no local.
(Texto: Lincoln Chaves/Agência Brasil. Foto: Luiza Moraes/PAB)
Os comentários estão fechados, mas trackbacks E pingbacks estão abertos.