RÁDIO MARINGÁ – De quase freira ao sonho da vaga olímpica, Valéria Kumizaki tenta a classificação

Quem está acostumado a ver Valéria Kumizaki paramentada com os equipamentos de luta e proteção de caratê nem desconfia, mas até a adolescência o sonho da vice-campeã mundial de 2016 era vestir um hábito de freira. A mãe, Marina, ex-aluna de colégio religioso, chegou a procurar um convento para atender o desejo da filha. O projeto só não se concretizou porque Valéria teria de morar muito longe da família. Católica praticante, a fé sempre foi parte importante na vida da carateca, que já vivenciou uma experiência inusitada envolvendo seu desejo de entrar para uma ordem religiosa.

“Quando fui ao Vaticano pela primeira vez, uma freira veio em minha direção, me deu um cartão do convento delas e disse: ‘Deus pediu pra te entregar isso, e a hora que você quiser você pode se juntar a nós.’ Eu chorei muito e tenho o cartão guardado até hoje”, relembra a atleta, que estava participando de uma competição na época. Essa lembrança ainda está no coração de Valéria, mas agora seus planos para o futuro incluem casar e ter filhos. “Neste momento, estou vivendo minha vida focada no caratê, mas a gente não sabe o dia de amanhã. Isso (ser freira) é uma vocação, é um chamado de Deus, sempre digo que não sou eu quem tenho de decidir. Já ouvi falar que a gente sente uma coisa muito forte quando ouve esse chamado”, explica.

O exercício da fé é algo natural para a carateca. Nascida em família católica praticante, devota de Nossa Senhora Aparecida como a mãe e a avó materna, dona Jesulinda, batizada e crismada, desde criança Valéria gosta de ir à missa aos domingos, hábito que exercita sempre que possível, mesmo estando fora do país, assim como o costume de pedir benção a um padre ou uma freira que cruze seu caminho. “A primeira coisa que faço quando chego em uma cidade é procurar uma igreja. Essa comunhão com Deus é muito forte para mim”, garante.

No dia a dia, Valéria usa sempre correntinha com pingente da santa de sua devoção e escapulário. Um terço e o livrinho de orações também estão sempre à mão. “Não uso nada para me dar sorte, mas rezo sempre. Agradeço no começo do dia, depois do treino e antes de dormir”. Quando na casa da família, em Presidente Prudente (SP), o fim do dia é marcado pela oração do Pai Nosso, ajoelhada ao lado da mãe e do sobrinho. “Cresci assim. Minha mãe nunca nos obrigou a nada, mas colocou esses valores na nossa casa: pedir benção para a avó, pai e mãe antes de dormir e toda noite rezávamos o Santo Ângelo ao Senhor”, relembra.

Integrante do Time Ajinomoto desde o lançamento da iniciativa em 2019, Valéria treina para conquistar uma vaga nos Jogos Olímpicos que serão realizados em Tóquio, em 2021. Dona de quatro medalhas em Jogos Pan-Americanos na categoria até 55kg – duas de ouro (2019 e 2015), uma de prata (2007) e uma de bronze (2011) -, ela vai disputar o Pré-Olímpico de Paris no próximo ano em busca da classificação.

Com o adiamento dos Jogos Olímpicos devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), os atletas tiveram de reorganizar sua preparação. Como sempre, a fé ajudou Valéria a se fortalecer nessa situação. “Tudo na vida tem um propósito. Eu vi o adiamento dos Jogos como uma oportunidade de treinar mais, me preparar melhor. Vou disputar um torneio classificatório, estou treinando forte, focada e a fé me faz ver isso: acreditar em uma coisa que a gente tem lá na frente e dar força para conquistar o que queremos na vida”.

Projeto Vitória

O Time Ajinomoto faz parte do Projeto Vitória, iniciativa criada pela empresa em 2003, no Japão, e que chegou ao Brasil em 2019 com o objetivo de contribuir para o fortalecimento do esporte nacional. Atualmente, 34 atletas e paratletas compõem o grupo e recebem suporte relativo à nutrição e aos benefícios da ingestão de aminoácidos por esportistas de alto rendimento.
(Assessoria)

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