O principal campeonato de basquete masculino do mundo está de volta a partir desta quinta-feira (30). O duelo entre Utah Jazz e New Orleans Pelicans, às 19h30 (de Brasília), marca o reinício da NBA após mais de quatro meses. Na sequência, às 21h30 (de Brasília), será a vez do clássico de Los Angeles, entre Lakers e Clippers. A competição estava suspensa desde 11 de março, quando o pivô Rudy Gobert, do Jazz, foi o primeiro caso positivo do novo coronavírus (covid-19) na liga.
A pandemia é a razão pela qual o torneio volta de maneira inusitada. A começar pela bolha, nas palavras da própria NBA, que foi criada no Walt Disney World Resort, próximo à cidade de Orlando, na Flórida, para viabilizar o término da competição. Trata-se de um ambiente totalmente controlado, onde todas as equipes (jogadores, comissão técnica e dirigentes) estão concentradas desde o último dia 7 de julho, com realização constante de testes da covid-19, e o estabelecimento de protocolos sanitários rígidos para minimizar as chances de contágio. Segundo a liga, nenhum dos 344 atletas testou positivo para o vírus nos exames divulgados na última quarta-feira (29), os últimos antes da reestreia.
É nesse ambiente, também, que os times vêm se preparando, realizando jogos-treino e, desta quinta em diante, voltarão a brigar pelo título da temporada 2019/2020. Serão utilizados três arenas do ESPN Wide World of Sports, parte do complexo da Disney: Visa Athletic Center (uma quadra de treino e uma de jogo), The Arena (duas quadras de treino e uma de jogo) e Field House (uma quadra de jogo). A bolha tem ainda sete ginásios para treinamentos, com diferentes dimensões. Segundo a própria ESPN, a estimativa é que a bolha custe US$ 150 milhões (R$ 772 milhões) à NBA.
Formato adaptado
O formato de disputa foi aprovado pelo Conselho de Administração da NBA em junho, com 22 das 30 equipes que iniciaram a competição. Seguem na briga os 16 times que figuravam na zona de classificação para os playoffs (mata-mata), sendo oito por conferência (leste e oeste), e seis equipes que ainda tinham chance de avançar de fase. Entre as franquias que já estavam fora do páreo antes da paralisação e sequer viajaram para a bolha, estão Golden State Warriors e Cleveland Cavaliers, que levaram quatro dos últimos cinco títulos.
A partir desta quarta-feira, cada equipe disputará oito partidas, definidas com base em jogos que ainda restavam na temporada. As sete franquias mais bem colocadas em cada grupo (14 ao todo) seguem adiante. As outras duas vagas serão definidas de maneiras distintas: o dono da oitava melhor campanha de uma conferência se classifica automaticamente se estiver mais de quatro vitórias à frente do nono colocado e, se a diferença for de quatro vitórias ou menos, oitavo e nono colocados se enfrentam em uma melhor de três jogos. Quem vencer a disputa, segue no torneio.
Na conferência leste, a situação é a mais encaminhada, com seis times já garantidos na próxima fase entre os nove que prosseguem: Milwaukee Bucks, Toronto Raptors, Boston Celtics, Miami Heat, Indiana Pacers e Philadelphia 76ers. Brooklyn Nets, Orlando Magic e Washington Wizards disputam as duas vagas restantes, com Nets e Magic seis vitórias à frente do Wizards. A franquia da capital norte-americana precisa de uma sequência de resultados positivos e torcer contra os rivais para superá-los na tabela ou, ao menos, reduzir a diferença de vitórias para quatro, forçando a melhor de três contra o oitavo.
Na chave oeste, também são seis equipes garantidas por antecipação nos playoffs (Los Angeles Lakers, Los Angeles Clippers, Denver Nuggets, Utah Jazz, Oklahoma City Thunder e Houston Rockets), mas há sete disputando as outras duas vagas da conferência. Se o campeonato terminasse hoje, segundo o novo regulamento, Memphis Grizzlies (oitavo) e Portland Trail Blazers (nono) se enfrentariam em uma melhor de três, já que a vantagem do Grizzlies é de apenas três vitórias para o rival. Ainda sonham chegar ao mata-mata: Dallas Mavericks, New Orleans Pelicans, Sacramento Kings, San Antonio Spurs e Phoenix Suns.
O formato aprovado terá playoffs seguindo o modelo tradicional, com séries em melhor de sete partidas. A previsão é que o mata-mata comece em 17 de agosto, com as semifinais de conferência no dia 31 de agosto. As decisões das chaves leste e oeste começam em 15 de setembro e, duas semanas depois, serão disputadas as finais, que podem ter jogos até 13 de outubro, segundo a programação da liga.
Título histórico
Dono da melhor campanha da NBA até o momento, com 53 vitórias e 12 derrotas, o Bucks é também o time com maior média de pontos (118,6) e de rebotes (51,7). O grego Giannis Antetokounmpo, com quase 30 pontos e 13 rebotes por jogo, em média, é o destaque da equipe de Milwaukee, além de atual MVP (most valuable player, ou jogador mais valioso) da liga e favorito a repetir o feito na atual temporada (apesar de a votação, desta vez, ser limitada ao que os jogadores apresentaram até 11 de março, quando o torneio foi interrompido).
Em entrevista coletiva por videoconferência, antes do embarque para a Disney, o craque do Bucks avaliou que ser campeão na atual edição será algo especial: “Muita gente diz que terá um asterisco neste campeonato. Acho que, no fim das contas, será a temporada mais difícil a ser vencido por alguém, por causa das circunstâncias. Quem quiser o título, terá que estar mais preparado”.
Um dos principais rivais de Antetokounmpo pelo posto de MVP é o líder de outro favorito. LeBron James é o astro do Los Angeles Lakers, dono da segunda melhor campanha geral, com 49 vitórias e 14 derrotas. Tricampeão da NBA, sendo eleito o melhor jogador das finais nas três decisões que conquistou (2012, 2013 e 2016), o jogador de 35 anos vive uma temporada de afirmação na franquia, após sofrer com lesões em 2018/2019. A liderança de Lebron foi destacada recentemente pelo ex-atleta Scott Pippen, multicampeão da liga pelo Chicago Bulls, como diferencial para o Lakers nessa reta final.
E os brasileiros? Dois ainda sonham entrar para o seleto grupo de atletas do país campeões da NBA, que tem Tiago Splitter (2014), Leandrinho (2015) e Anderson Varejão (2016) (o primeiro pelo San Antonio Spurs e os outros dois pelo Golden State Warriors). Tratam-se do armador Raulzinho, do Philadelphia 76ers, e do ala-pivô Bruno Caboclo, do Houston Rockets, que nas primeiras 48 horas de quarentena na Disney, segundo a ESPN norte-americana, deixou o quarto sem permissão, descumprindo o protocolo da liga, e teve de ficar mais oito dias em isolamento. Tanto Caboclo como Raulzinho estão garantidos nos playoffs.
(Texto: Lincoln Chaves/Agência Brasil. Foto: Gonzalo Fuentes)
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