Foi anunciada na madrugada deste domingo, 26, a moarte do arcebispo Desmond Tutu, ganhador do Prêmio Nobel da Paz e veterano da luta da África do Sul contra o apartheid. Tutu tinha 90 anos e morreu na Cidade do Cabo.
Por décadas, Tutu foi considerado a consciência da nação por negros e brancos, um testemunho duradouro de sua fé e espírito de reconciliação em uma nação dividida.
Como arcebispo, sempre lutou por uma África do Sul mais justa, Pregou contra a tirania da minoria branca mesmo após o fim do apartheid.
No cenário global, o ativista de direitos humanos argumentou sobre uma variedade de assuntos, desde a ocupação dos territórios palestinos por Israel aos direitos dos homossexuais, mudança climática e morte assistida — questões que consolidaram o amplo apelo de Tutu.
Questionado sobre se tinha algum arrependimento a respeito de sua aposentadoria como arcebispo da Cidade do Cabo, em 1996, Tutu disse: “A luta tendia a me tornar uma pessoa abrasiva. Espero que as pessoas me perdoem por quaisquer feridas que eu possa ter causado.”
A voz dos que não têm voz, diz o amigo Mandela
Falando e viajando incansavelmente ao longo da década de 1980, Tutu se tornou a face do movimento antiapartheid no exterior, enquanto muitos dos líderes do rebelde Congresso Nacional Africano (ANC), como Nelson Mandela, estavam atrás das grades.
“Nossa terra está queimando e sangrando, por isso peço à comunidade internacional que aplique sanções punitivas contra este governo”, disse ele em 1986.
Mesmo quando os governos ignoraram o apelo, ele ajudou a despertar campanhas populares em todo o mundo que lutaram pelo fim do apartheid por meio de boicotes econômicos e culturais.
Em fevereiro de 1990, Tutu conduziu Nelson Mandela a uma varanda da Prefeitura da Cidade do Cabo, com vista para uma praça onde o talismã do ANC fez seu primeiro discurso público após 27 anos na prisão.
Ele também estava ao lado de Mandela quatro anos depois, quando tomou posse como o primeiro presidente negro do país.
“Às vezes estridente, muitas vezes terno, nunca com medo e raramente sem humor, a voz de Desmond Tutu sempre será a voz dos que não têm voz”, é como Mandela, que morreu em dezembro de 2013, descreveu seu amigo.
Enquanto Mandela apresentava a democracia à África do Sul, Tutu chefiava a Comissão de Verdade e Reconciliação que desnudava as terríveis verdades da guerra contra o governo branco.
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