No mundo dos negócios, as palavras reinventar e inovar são sempre importantes. Neste ano, a pandemia do coronavírus exige esforços ainda maiores, principalmente entre os empreendedores. No Paraná, 294 mulheres empreendedoras compartilham estratégias para superar a crise no Programa Sebrae Delas, uma inciativa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
O programa busca disseminar a cultura empreendedora de negócios comandados por mulheres. Neste ano, devido à pandemia, algumas mudanças precisaram ser feitas e os encontros presenciais foram substituídos por videoconferências.
A gestora estadual do programa no Sebrae/PR, Dianalu de Almeida Caldato, explica que no ano passado o Sebrae Delas trabalhou aspectos de inovação. Para este ano, o tema seria mercado, mas a pandemia forçou mudanças. “Tivemos que reformatar o projeto e, alinhados à demanda das empreendedoras, abordamos estratégias para sobrevivência das empresas na crise.”
Pesquisa realizada pelo Sebrae em âmbito nacional verificou que, além da queda no faturamento, metade dos empreendedores com mais idade fecharam os negócios no Brasil. Segundo a pesquisa, entre os entrevistados com 56 anos ou mais 51% deles fecharam os negócios temporariamente, enquanto 45% dos empresários de até 35 anos optaram pela mudança de rumos do segmento em que atuam.
Em todas as faixas etárias houve significativa diminuição do faturamento, com queda maior entre os mais velhos, chegando a 71% de perda, onde houve queda.
Priscila Mara Nascimento Belai, de 38 anos, é uma das empreendedoras participantes do Sebrae Delas. Ela é proprietária de uma empresa em Maringá que trabalha com assessoria em eventos, um dos segmentos mais afetados pela pandemia e que deve ser o último a retomar as atividades. Segundo a empresária, nenhum evento foi cancelado, mas 23 eventos programados tiveram que ser adiados.
Até o momento, ela conseguiu manter a empresa com o dinheiro que tinha em caixa, mas a partir de agora prevê que será necessário utilizar economias pessoais para manter o negócio.
Priscila Belai está na ponta de um segmento que envolve outras atividades. “Sempre falo que sou o maestro que cuida de todos os outros fornecedores. Buffet, animação, e decoração, todos pararam também.” Para se reinventar e manter os negócios, ela desenvolveu um novo serviço: realiza pedidos para quem deseja inovar no pedido de casamento, namoro e até de desculpas.
“Esse novo produto vai ajudar na movimentação do caixa. No pós-pandemia, sei que a gente vai voltar a trabalhar, porque os eventos se tornaram escassos, todo mundo vai querer se reunir e fazer festas. Sei que vamos trabalhar muito, mas com consciência”, diz Priscila Belai.
Para esse novo momento, ela já desenvolve algumas possibilidades pensando em exigências que podem ser estabelecidas para o setor de eventos como o distanciamento social, redução no número de convidados e máscaras. “Comprei aparelho de aferição de temperatura para poder testar e atender os clientes da melhor forma possível. Estou repensando como fazer a assessoria em eventos.”
Segundo a consultora do Sebrae e gestora de Projetos do Comércio, Érica Sanches, a pandemia do coronavírus acelerou as mudanças de consumo e do consumidor, que já eram previstas. Dessa forma, os donos de negócios que perceberam essas tendências e estavam preparados para implantar novas formas de venda como o delivery, por exemplo, se adaptaram de forma mais rápida ao novo cenário.
De acordo com ela, empreendedores com mais idade têm dificuldades para implementar mudanças, o que explica a crise ter maior impacto em negócios liderados por empreendedores mais velhos.
“Aquelas empresas mais preparadas para esse novo perfil de consumo, que estavam enxergando oportunidades de consumo pensando na facilidade, na questão da entrega de experiência, usando as mídias sociais para gerar valor para a marca, foram mais rápidas para as mudanças, na medida que outras demoraram um pouco mais para se adaptar”, diz Érica Sanches.
Para enfrentar as dificuldades impostas pela pandemia, a consultora do Sebrae afirma que os empresários devem utilizar as informações e aproveitar o momento para fazer mudanças, de forma consciente e estruturada, seguindo os novos modelos de consumo. A experiência com a marca e o consumo em casa de produtos de pequenos comércios são tendências para serem analisadas.
“Aproveitar essa abertura do consumidor para ajudar a se transformar. Estamos falando muito sobre experiência do consumidor, algo que as grandes empresas muitas vezes não vão conseguir fazer. Em um comércio de bairro, ele pode prezar pela atendimento diferenciado e oferecer algo que só ele pode oferecer”, orienta Érica Sanches.
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