Os saques das contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), do Fundo Pis-Pasep e o pagamento do 13º salário tendem a aquecer, ainda que de forma tímida, o comércio no fim de ano.
A liberação dos saques, por exemplo, pode injetar R$ 13,1 bilhões no comércio brasileiro e no consumo de serviços no último quadrimestre do ano, segundo estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
“Acredito que há uma melhora na economia em todos os sentidos, emprego, consumo, serviço e indústria, mas ainda muito sensível. O que pode ser destacado é que, de forma geral, os indicadores não estão mais em decadência, mas em sensível ascendência”, explica o doutor em administração e coordenador do curso de Administração da Pontifícia Universidade Católica (PUC-PR) câmpus Maringá, Vitor Koki da Costa Nogami.
O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec), por exemplo, divulgado pela Confederação Nacional da Indústria, subiu para 47,3 pontos em setembro, após duas quedas consecutivas. Os indicadores variam de zero a cem pontos e quando estão abaixo dos 50 pontos mostram consumidores pouco confiantes.
Vitor Nogami afirma que apesar de estar abaixo do ideal, o número é positivo, já que houve aumento de 0,3 ponto em relação a junho. “A gente pode esperar sim um resultado positivo para o Natal, mas não é a passos largos”, diz ele.
Neste cenário de retomada, o doutor em administração, que estudado o comportamento do consumidor de Maringá, dá algumas dicas que podem ajudar o comércio a aumentar as vendas no fim do ano.
Segundo ele, os comerciantes devem se atentar às políticas de venda e atendimento para conquistarem mais consumidores. Apesar do avanço do mercado digital, uma boa conversa, empatia e jogo de cintura com o cliente podem trazer bons resultados.
“Tratar bem o consumidor, tratar pelo nome quando possível, dar um bom atendimento, acolhimento e tratar com respeito. São receitas simples, mas que no varejo de Maringá isso não está muito refinado. Ainda tem muita rotatividade, e não há muito envolvimento dos donos das empresas com atendimento, que às vezes fica terceirizado aos vendedores. Ainda estamos longe de um serviço de atendimento vendedor de excelência”, explica Nogami.
Segundo ele, além do atendimento, outros aspectos relacionados as políticas de vendas também são importantes. Confira outros pontos que merecem atenção dos comerciantes:
- Comunicação interna, controle financeiro e transparência;
- Políticas de desconto e trocas bem esclarecidas. Não enganar o consumidor com políticas de promoção que tendem mais atrapalhar do que ajudar;
- Evitar falsas promoções;
- Evitar a prática de diferentes preços no dinheiro, crédito e débito. A legislação permite que os comerciantes cobrem preços diferentes pelo mesmo produto, mas devem informar, em local visível ao consumidor, descontos oferecidos em função do prazo ou da forma de pagamento.
De acordo com Vitor Nogami, também vale prestar atenção em algumas características específicas do consumidor maringaense que, em alguns quesitos é tradicional, mas também tem demonstrado disposição a mudanças e inovações.
O doutor em administração diz que muito maringaense ainda paga as contas na casa lotérica, em dinheiro. Além disso, o consumidor é fiel a determinados tipos de setores, gosta de frequentar os mesmos lugares, como shoppings, restaurantes e lojas.
No entanto, ele também observa que Maringá é um polo nacional de tecnologia e que o consumidor maringaense tem aderido aos meios digitais de consumo como aplicativos de transporte, comida e bancos digitais.
Outro aspecto é que o maringaense também tem usado, ainda que de forma pouco representativa, bicicletas e patinetes como meio de transporte.
“Transitar entre o tradicionalismo e conservadorismo e a modernidade e inovação no contexto maringaense é um desafio”, avalia Nogami. No entanto, ele afirma que conhecer as características dos clientes é essencial para fidelizar e atender de forma customizada o consumidor.
“Hoje, o concorrente não está mais do outro lado da rua, está no bolso dos consumidores, nos smartphones com as compras online. O desafio de fidelização é muito maior. Por isso, tenho batido na tecla do atendimento de alto nível e nas habilidade humanas, em detrimento das vantagens que a compra online proporciona”, explica Vitor Nogami.
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