As duas últimas quedas dos preços da gasolina da Petrobras para as refinarias não chegaram aos consumidores dos postos de Maringá. Ao contrário, os preços aumentaram. Na terça-feira da semana passada (9/10) a estatal reduziu o preço em 1,2% e, no dia seguinte, anunciou nova baixa, de 0,9%, a partir de quinta-feira (11/10), somando 2,16%.
O preço médio da gasolina em Maringá fechou setembro a R$ 4,686 o litro, segundo pesquisa mensal da Agência Nacional de Petróleo (ANP). O preço mínimo encontrado no mês passado foi R$ 4,32 e o máximo R$ 4,89, sendo preenchidos 68 formulários – alguns postos foram visitados mais de uma vez durante o mês.
As reduções dos preços da gasolina nas refinarias dos dias 9 e 11 deste mês deveriam impactar no preço final ao consumidor no mesmo sentido, mas a pesquisa semanal da ANP, feita entre os dias 7 e 13, em 17 postos, indicou um preço médio da gasolina de R$ 4,704, sendo o mínimo R$ 4,57 e o máximo R$ 4,89. Ou seja, os preços médio e mínimo aumentaram.
Em resumo, enquanto o preço da gasolina caiu 2,16% nas refinarias, em média o produto aumentou 0,38% nos postos de Maringá. É fato que parte da última pesquisa da ANP coincidiu com os dias nos quais os preços estavam sendo reduzidos nas refinarias, embora tenha sido concluída no dia 13 e o último reajuste ocorrido no dia 11.
Mas também é do conhecimento público que quando a Petrobras anuncia reajustes para cima, o que ocorreu pela última vez no dia 22 de setembro, pelo menos parte dos postos de Maringá regulou os preços das bombas na noite anterior, independente de terem ou não efetuado compras para reabastecer os estoques.
A nova política de hedge, um mecanismo de proteção financeira adotada pela Petrobras, prevê intervalos de reajustes nos preços da gasolina nas refinarias em até 15 dias. Até então, a estatal adotava reajustes quase diários, feitos com base no mercado internacional do barril de petróleo e do câmbio do dólar. O dólar tem caído nos últimos dias.
A última pesquisa de preços dos combustíveis em todos os postos de Maringá, feita pelo Procon entre os dias 9 e 11 de outubro, aferiu que o maior preço praticado na cidade para a gasolina comum era R$ 4,99 e o menor R$ 4,51. Coincidentemente, nos mesmos dias que os fiscais verificavam os preços das bombas, a Petrobras anunciava reduções.
Sindicombustíveis: atrasos são das distribuidoras
Por e-mail, o Maringá Posta encaminhou alguns questionamentos para o Sindicombustíveis do Paraná, entidade que representa os postos de combustíveis. O sindicato responsabiliza as distribuidoras pelos atrasos nos repasses das baixas aos postos e reafirma sua posição contrária a atual política de preços da Petrobras. Segue a entrevista na íntegra:
Maringá Post – Qual o motivo das reduções dos preços da gasolina não terem sido repassadas para o consumidor?
Sindicombustíveis – Os postos representam o último elo até o combustível chegar ao consumidor final, e por isso são o lado mais exposto ao público e à imprensa. Os postos recebem, desta forma, uma grande cobrança para dar explicações sobre variações de preços. Entretanto, a verdade é que os postos são também o agente com menor poder econômico – e por consequência – menor poder de interferência na variação de preços.
Os postos não compram seus produtos diretamente das refinarias. Compram das distribuidoras. Estas grandes companhias, de maneira geral, têm repassados os aumentos das refinarias com agilidade, ao mesmo tempo que demoram ou não repassam as baixas. As elevações de impostos seguem o mesmo padrão: foram imediatamente repassadas. O Sindicombustíveis vem denunciando isto desde o início da nova política de preços da Petrobras, no dia 3 de julho de 2017.
Boa parte da imprensa, do público e dos próprios órgãos fiscalizadores já entenderam isso e têm voltado atenção cada vez maior para as distribuidoras e Petrobras.
Maringá Post – Quando a Petrobras anuncia aumento, as bombas dos postos são reajustadas imediatamente. Porque isso não ocorre quando anuncia baixa?
Sindicombustíveis – Conforme já explicado, as grandes companhias distribuidoras, de maneira geral, têm repassados os aumentos das refinarias com agilidade, ao mesmo tempo que demoram ou não repassam as baixas. Cabe, deste modo, direcionar este tipo de pergunta também para as distribuidoras. Consideramos que direcionar questionamentos exclusivamente aos postos é uma postura parcial e injusta.
Maringá Post – O Sindicombusteveis concorda com a atual política de preços da estatal?
Sindicombustíveis – Não, de forma alguma. Desde o início da nova política, o Sindicombustíveis têm denunciado como ela é danosa e perversa para toda a sociedade. A Petrobras não divulga isso abertamente, mas desde 3 de julho de 2017 até agora, a estatal já realizou aumentos na gasolina que chegam a 60%. Entre altas e baixas quase diárias, o valor somado é este.
Ou seja, os altos preços dos combustíveis são frutos diretos da política de preços da Petrobras, que é repassada para as distribuidoras e, destas, para os postos. Assim não faz o menor sentido culpar os postos, que estão na ponta final desta cadeia complexa, por altas que resultam principalmente das elevações brutais promovidas pela Petrobras.
Essas duas baixas recentemente divulgadas são irrisórias quando se avalia a evolução dos preços num período maior de tempo: em agosto, os aumentos da gasolina somaram 8,37% nas refinarias. Em setembro, a Petrobras realizou altas consecutivas na gasolina que somaram 4,64% nas refinarias.
Em resumo, de agosto para o começo de outubro, a Petrobras já somou aumentos de 13% – índice muito maior do que as pequenas baixas ocorridas em outubro.
Maringá Post – Por favor, fique à vontade para tecer os comentários que julgar necessários.
Outro ponto fundamental quando se fala de preços dos combustíveis no Brasil é a carga pesada de impostos. No caso da gasolina, os tributos estaduais e federais representam cerca de 45% do valor final da venda.
Para agravar esta situação, no dia 20 de julho do ano passado o governo federal mais que dobrou o imposto PIS/Cofins, representando um aumento imediato de R$ 0,41 na gasolina. Posto tudo isso, afirmamos: a culpa não é dos postos!
O segmento sofre tanto com esta alta como toda a sociedade, uma vez que preços altos inibem o consumo e prejudicam toda a economia. Em todo o Brasil os preços estão elevados, devido a uma soma de fatores: aumentos na carga de impostos federais e estaduais, à nova política de preços da Petrobras e aos repasses das distribuidoras.
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