Cerca de 250 pessoas, na maioria mulheres que ocupam papel de protagonistas no agronegócio, participaram nesta sexta (11/5), na Expoingá 2018, do 2º Encontro de Mulheres que Fazem a Diferença no Agronegócio Brasileiro.
Anfitriã do encontro, a presidente da Sociedade Rural de Maringá (SRM), Maria Iraclézia, diz que apesar do evento ser voltado às mulheres, a participação do homem é essencial para vencer as dificuldades existentes na sucessão da atividade rural.
“É importante ter a visão tanto do jovem quanto da mulher junto com o homem para a gente se integrar mesmo. No evento, a gente traz homens e mulheres para trocarem experiências e saírem daqui com mais informação e com a percepção de que o agronegócio pode se desenvolver mais quando todos estão juntos”, disse.
Maria Iraclézia foi a primeira mulher a assumir a presidência de uma sociedade rural no Brasil. De acordo com ela, a principal dificuldade para as mulheres é fazer com que as pessoas entendam que elas também podem contribuir.
“No futuro teremos a participação massiva das mulheres porque elas são empenhadas, procuram mais informação e vão estar inseridas no processo junto com seus maridos e pais.”
O sentimento e as dificuldades de Iraclézia, por ser a primeira mulher a ocupar um espaço, antes dominado apenas por homens, é o mesmo da palestrante e engenheira agrônoma da Cocamar, Amanda Caroline Zito.
Ela compartilhou com os participantes os desafios que enfrentou dentro do mercado do agronegócio. Amanda conta que após se formar, entrou na Cocamar e ocupou o lugar de um homem com bastante tempo de coperativa.
No começo, a aceitação dos produtores não foi positiva, por ela ser mulher e recém-formada. “O maior desafio é ser aceita por esse mercado machista, mas as mulheres têm ganhado espaço”, diz.
Para a engenheira agrônoma, as mulheres têm “uma força inimaginável”. Ela disse que vê na prática como as mulheres, aos poucos, têm conquistado espaço no agronegócio. “Elas têm grande poder de decisão. Muitos produtores só tomam uma atitude se tiver a anuência das mulheres.”
Pela primeira vez no evento, a produtora Flávia Giansante, 31 anos, teve que assumir a propriedade da família após a morte do pai, há quatro anos. De farmacêutica, ela aprendeu na prática a cuidar dos negócios da família.
Flávia é de Primeiro de Maio, cidade que fica a cerca de 100 km de Maringá. Na propriedade da família, cultiva soja e milho em 100 alqueires de terra.
Antes, o pai era o único responsável pelos negócios. Ela não interferia e não tinha interesse no campo. “Entrei pelo susto. Hoje tem várias filhas ajudando, mas o mercado ainda é dominado pelos homens”, afirmou.
Flávia diz que o preconceito e o julgamento das pessoas, que diziam que ela não iria dar conta do recado, foi o que mais impactou. Mas ao mesmo tempo, deu mais força para lutar e vencer os desafios.
O segredo para vencer os preconceitos, segundo a produtora rural, é se impor. “Vai falando, se impondo e a pessoa vê que você tem espaço, mesmo que no começo entendam que não.”
Mulheres no agronegócio e nas decisões políticas
A deputada federal Tereza Cristina (DEM/MS), presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, avaliou que o Brasil é um País cada vez mais dedicado ao agronegócio e a presença da mulher no campo tem aumentado com a tecnologia.
“As mulheres participam de todos segmentos e não é diferente no agronegócio. Até pouco tempo, as mulheres entravam no setor porque os maridos morreram ou porque herdaram as terras, mas hoje muitas mulheres têm se preparado para o agronegócio.”
Tereza Cristina também falou sobre a presença da mulher na política e a luta que tem travado no Congresso pela aprovação da nova lei dos defensivos agrícolas.
Com a proposta, o termo “agrotóxico” será substituído pela expressão “produto fitossanitário” e a liberação dos defensivos agrícolas passará a ser centralizada apenas no Ministério da Agricultura.
Órgãos como a Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), que perderiam força nas decisões, com o apoio de ambientalistas, têm criticado a proposta.
Tereza Cristina disse durante o evento que a Frente Parlamentar da Agricultura tem “apanhando da oposição” por causa do projeto. “Mas não deixem dizer que estamos pondo veneno na comida dos brasileiros, isso não é verdade. Estamos modernizando as leis, que precisam ser modernizadas”, defendeu.
Em entrevista, a deputada afirmou que se admira com o posicionamento contrário da Anvisa e o Ibama. “A lei vai trazer agilidade para que as indústrias possam registrar novos produtos, fazendo com que os produtores tenham produtos mais modernos, menos tóxicos e mais apropriados”, afirmou.
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