Wood’s Maringá e Farms Pub, principais casas de balada sertaneja da cidade, dão um tempo com as portas fechadas

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Numa remissão superficial, é de se supor que a crise internacional das baladas começa a fazer fumaça por aqui. A noite, que de tempos em tempos é dominada por um tipo de som, hoje em dia tem como trilha de norte a sul o sertanejo.

Pois bem. A Wood’s Maringá não abre as portas para o público desde o fim de março. O Juscelino Acústico Bar é coisa do passado e a Farms Pub, depois do show no último sábado de abril, com o trio do Villa Baggage, está sem programação definida para maio.

De comum, as três casas noturnas só tocavam sertanejo. A informação oficial é que a Farms passa por reformas e a direção geral da Wood’s, em Curitiba, simplesmente não respondeu às dez perguntas enviadas por e-mail na tarde do dia 2 de maio. Mas prometeu.

Os cinco ex-sócios locais da Wood’s, que compõem o grupo Host, entenderam que o ciclo da casa noturna de sertanejo universitário que por mais de cinco anos agitou as noites da cidade tinha passado e venderam a parte deles para a própria rede.

As negociações foram iniciadas no final do ano passado e no dia 1 de fevereiro deste ano a Wood’s assumiu o controle operacional da unidade Maringá. A casa ainda permaneceu em funcionamento por mais dois meses.

“Entregamos com tudo absolutamente em ordem. Prédio em perfeito estado de conservação, contas em dia e nenhuma ação trabalhista”, afirma João Vitor Mazzer, um dos sócios da Host, que não revelou o valor da transação. Acrescentou:

Somos empresários da noite e entretenimento é o nosso negócio. A Wood’s tem que defender a marca deles. Não houve nenhum conflito, foi apenas um negócio.

Mazzer informou que o grupo está em processo de discussão e elaboração de orçamentos para uma nova casa noturna em Maringá. Adiantou apenas que também terá música ao vivo, “mas será voltada a outro segmento”. Resta aguardar.

A Host também é proprietária de outros três empreendimentos de vida noturna em Maringá: Noah Club Maringá, Democrático Bar e O Butiquim.

Nos bastidores, corre que a Wood’s Maringá estaria sendo negociada com um grupo de Paranavaí e vai reabrir. Um indício de que o local deverá voltar à ativa é o contrato de aluguel o imóvel, com prazo de 10 anos. Ainda tem quase cinco anos de vigência.

A rede Wood’s começou em Curitiba e, segundo o site, tem 18 casas noturnas em dez Estados. No Paraná, informa, são seis. Mas à luz do dia não é bem assim: das três unidades em Curitiba, duas estão sem programação, a de Cascavel baixou as portas no ano passado e a daqui…

Galera ultraconectada mudou de comportamento

Os números relativos à casas noturnas, especialmente nos grandes centros urbanos nacionais e internacionais, sugerem que há um declínio nas baladas. Informa a Nightlife Association que, na última década, mais de 10 mil bares e casas noturnas fecharam nos Estados Unidos.

Na Europa, não é diferente. Das 3,1 mil casas noturnas existentes em 2007 na Inglaterra, dez anos depois quase metade havia desparecido. Quem, da velha guarda, volta à Paris, diz sentir falta das lendárias Les Bains Douches, Queen e Castel.

Levantamento da Prefeitura do Rio de Janeiro mostra que das 192 casas cadastradas como boate, apenas 70 estão com inscrição cadastral ativa. Um dos reis da noite paulistana, Facundo Guerra, dono de nove casas, em entrevista ao G1 disse que estava repensando seus negócios.

Segundo Guerra, a nova galera prefere eventos esporádicos à frequentar os mesmos lugares todos os finais de semana. Marcos Buaiz, aparentemente já antevia tal mudança de comportando nos tempos de aplicativos e redes sociais e, em 2015, vendeu suas 12 casas. No auge, elas faturam R$ 70 milhões por ano.

Por aqui, quando o sertanejo ganhou os palcos da noite, um dos points que fazia a moçada e a rapaziada amanhecer sábados e domingos na rua era o Juscelino. A casa tinha até seus “doutores da noite”. No caso, os irmãos Omar e Jihad Mansour Abdallah, à época médicos recém formados.

Os dois chegavam a gastar R$ 5 mil numa noitada no Juscelino, que emprestou o nome da avenida onde ficava. Chegavam de BMW e Citroen DS4, se dirigiam a um dos camarotes e mandavam descer os combos, com garrafa de Jack Daniel’s e energéticos. Eram três desses por noite.

É fato que a Barraca Universitária, na Expoingá, está bombando. Possivelmente por rolar uma vez por ano, o que reforça a tese de Guerra. É como diz o ex-sócio da Wood’s Maringá, João Vitor Mazzer:

– Tem negócios que são para sempre, mas os negócios da noite são temporários, precisam se reciclar.

  • Assim que a direção geral da Wood’s enviar as respostas às perguntas feitas por e-mail, elas serão publicadas.

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