i7 Group rompe contrato com escritório de advogados de Vitória (ES) que negociava com credores e pagamentos mensais deixam de ser feitos

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O acordo extrajudicial de ressarcimento financeiro firmado entre parte dos milhares de investidores da i7 Group e os donos da empresa de marketing multinível foi rompido unilateralmente e os pagamentos foram suspensos há dois meses. O maringaense André Luiz Pucca Bernardi é o CEO da empresa.

O ressarcimento dos valores investidos, que seria realizado em 24 parcelas, não foi depositado em março e abril. O pagamento da primeira parcela, conforme a proposta de acordo divulgada pela i7 Group em novembro de 2017, seria no dia 20 de dezembro, mas para parte dos credores só iniciou em janeiro deste ano.

As negociações entre os credores e a i7 Group estavam sendo conduzidas por um escritório de advocacia do Espirito Santo, contratado por André Pucca e seu sócio Dilson Douglas Abreu Coelho. No entanto, o contrato entre os clientes e os advogados capixabas foi rompido e, partir de então, os investidores lesados não têm mais a quem recorrer.

O acordo proposto pela empresa digital, por meio dos advogados de Vitória (ES), onde ocorrem as investigações feitas pelo Ministério Público Federal, tinha como premissa ressarcir apenas os investidores que já não tinham recebido dividendos superiores ao valor originalmente investido.

Cópia do acordo proposto em novembro de 2017 pelos advogados do Espirito Santo: a diferença entre o capital originalmente investido e os rendimentos seria ressarcida

Histórias de quem foi lesado e sofre ameaças

Segundo uma espécie de vice-líder de grupo da região que procurou o Maringá Post, os investidores que aderiram ao plano extrajudicial e enviaram os documentos solicitados, entre os quais os extratos das aplicações, receberam no máximo três parcelas. Outros não receberam nada. Apenas nesse grupo são “cerca de 200 participantes”.

O vice-líder, de 36 anos, que pediu para não ser identificado e que trabalha com vendas online, disse que conseguiu a adesão de “umas 30 pessoas, entre parentes e amigos”. Ele investiu R$ 30 mil, em quatro meses teve rendimentos de R$ 13 mil e, embora tivesse assinado o acordo, não recebeu nenhuma das 24 parcelas que somariam R$ 17 mil.

Contou que está sofrendo ameaças do pessoal que ele convenceu a investir na i7 Group e que usou os dividendos ganhos para restituir algumas dessas pessoas. “No começo, eles atendiam a gente por telefone, depois só respondiam por e-mail ou Whatsapp, mas agora estão incomunicáveis”, disse.

Outro investidor de Maringá que também entrou em contato com o site esta semana, contou que incentivou pessoas próximas a aplicar na i7: “Eu conhecia e confiava no André Pucca e agora esse pessoal quer que eu arque com os prejuízos. Cheguei a fazer um empréstimo para pagar a parcela de março, mas não tenho mais onde conseguir dinheiro”.

Segundo o rapaz de origem nipônica, ele “vendeu planos de investimentos para oito pessoas”, que não receberam as parcelas de março e abril. Ele, pessoalmente, aderiu ao acordo assim que a proposta foi divulgada e disse que tinha R$ 25 mil a receber. “Recebi três pagamentos de R$ 283,00 e duas estão atrasadas”, afirmou.

Nas duas últimas semanas, o Maringá Post recebeu mensagens de oito pessoas com dinheiro a receber do i7 Group. Os DDDs das mensagens por Whatsapp são 44, 43 e 21. Todos pedem sigilo e dizem basicamente a mesma coisa: não receberam nada ou deixaram de receber e que não conseguem contato com a empresa.

Um deles, de uma garota, com telefone de DDD 21, diz o seguinte:

Li uma reportagem de vocês sobre o i7 Group e acabei de comprar US$ 300. Tem como conseguir de volta?

Outra, recebida nesta terça-feira (25/4), às 14h13, diz:

– Boa tarde. Gostaria de fazer uma denúncia sobre a i7 do senhor André Luiz Pucca.

Diante da solicitação de mais detalhes sobre o caso, o rapaz de 31 anos e auxiliar de estoque em Maringá, acrescentou:

– Entrei nesse projeto em setembro de 2017 e investi R$ 6.765,00 com a promessa de receber R$ 500 por mês. Recebi R$ 2 mil de rendimentos nos quatro primeiros meses e depois não recebi mais nada. Fiz um acordo com os advogados, para receber R$ 4,2 mil em 24 parcelas de R$ 175,00, mas não pagaram nada. 

Cópia do acordo de um dos credores, que não recebeu nenhuma das 24 parcelas de R$ 175 mensais. Ele tem 31 anos, reside em Maringá e trabalha como auxiliar de estoque.

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