Os drones foram criados, inicialmente, para uso militar. Com o passar dos anos, esses pequenos veículos aéreos não tripulados ganharam outras funções. O uso mais comum é no registro de imagens aéreas de esportes, filmes, produções jornalísticas, shows, rodovias e propriedades agrícolas.
Com o avanço da tecnologia, esses aparelhos também poderão ser usados na atualização dos valores arrecadados por meio do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). A ideia é que o imposto cobrado se torne mais justo para todos os contribuintes.
No Paraná, um software de inteligência artificial que utiliza o serviço dos drones, foi desenvolvido pela startup Smart Matrix, instalada no Parque de Software de Curitiba.
O responsável pela ideia e um dos sócios da startup, Charles Roberto Stempniak, diz que o software foi desenvolvido em 2015. Ele conta que decidiu juntar a inteligência artificial com a medição a partir da tese de doutorado, que vai defender na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
O software utiliza as imagens em alta resolução obtidas pelos drones, para gerar um modelo de realidade virtual das cidades. Todo o trabalho faz com que os municípios sejam vistos nos mínimos detalhes, centímetro por centímetro. Calçadas, ruas, placas de trânsito, muros, prédios e até os carros podem ser vistos em 3D.
“Esse software desenha o mapa do lugar, mostrando com uma precisão altíssima, extrema velocidade e baixo custo, exatamente o que existe ali naquele lugar fotografado. Ele identifica onde estão as ruas, calçadas, árvores, sendo capaz de calcular o volume da madeira da árvore a partir de várias fotos”, explica.
Charles Stempniak diz que a ferramenta também pode ser utilizada na pecuária, para medir a quantidade de arrobas do gado no pasto, por exemplo. De acordo com ele, no início o serviço será voltado apenas para o setor público. Só no futuro, o software estará disponível para a iniciativa privada.
“Vamos transformar em um site, onde a pessoa pode entrar para obter o plano de voo dela. O agricultor, por exemplo, compra o drone, entra no site e faz a maquete virtual para atender a finalidade que ele quer”, afirma.
Software quer tornar as cidades mais inteligentes
Com a coleta de imagens precisas de drones, o software consegue desenvolver uma maquete real da cidade, transformando-a em uma cidade inteligente. “A prefeitura pode ter dentro do banco de dados dela as informações de tudo o que tem na cidade. Pode ver como está o estado dos pontos de ônibus, lixeiras e até de árvores que se arriscam a cair.”
Para Charles Stempniak, a tecnologia do software se traduz em qualidade de vida e segurança para quem mora nas cidades. Além disso, a iniciativa pode trazer uma fiscalização tributária mais justa para todos os contribuintes.
“Os impostos são calculados nas informações do passado. A cobrança do IPTU é baseada em uma informação antiga sobre a área construída dos imóveis. Se a prefeitura tem acesso a base de dados atualizados não precisa aumentar o imposto, mas sim baixar, porque irá arrecadar mais tendo acesso a toda a área construída da cidade”, explica.
Segundo Stempniak, a empresa realiza o trabalho de mapeamento em Curitiba, mas ainda de forma gratuita. De acordo com ele, a prefeitura da cidade demonstrou interesse em abrir licitação para um projeto semelhante.
Charles Stempniak diz que também tenta desenvolver um trabalho semelhante em Maringá, já que um dos sócios da startup é maringaense. “Nossa tecnologia pode criar um modelo de realidade virtual da cidade e transformar Maringá em uma cidade tecnológica. O óculos de realidade virtual fornece informações sobre tudo que existe, podendo ajudar no turismo.”
Para desenvolver o projeto em Maringá, o sócio da empresa avalia que os custos para os cofres públicos ficariam entre R$ 1 e R$ 15 por habitante. Segundo Stempniak, o mapeamento dos 487,9 km² de extensão da cidade demandaria seis meses. O serviço inclui o voo de drones, processamento e implementação do software e o treinamento de servidores da prefeitura.
Projeto de software para o exército
Nesta semana, a empresa apresentou para o Comando do Exército, em Brasília, o projeto de apoio tático para as forças armadas, com a utilização dos drones. Para Stempniak, a tecnologia pode ajudar na intervenção das forças armadas no Rio de Janeiro.
“Estamos prestes a enviar um projeto para utilização do software para apoio da segurança, o que irá permitir o mapeamento das favelas. E com a cobertura de voos de drones, interpretando pessoas e veículos”, afirma.
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