A Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e divulgada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio/PR), registrou 108 pontos em fevereiro. Com um aumento de 5,5% em relação ao mês de janeiro, o resultado é o melhor desde abril de 2015.
Para a economista do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem), Yasmine da Mata, “já era de se esperar que a intenção de consumo apresentasse melhora, porque temos uma reversão de expectativas”.
Segundo Yasmine, três fatores geram as expectativas positivas para o crescimento na Intenção de Consumo das Famílias.
Um deles é o mercado de trabalho. Em Maringá, por exemplo, o saldo de empregos no ano passado fechou positivo com 706 vagas, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O número é o resultado entre admissões e desligamentos. “Isso gera renda no município, são 706 pessoas a mais contribuindo para economia”, explica.
Os outros dois fatores são a taxa de juros Selic e a inflação. “A Selic vem caindo e se a taxa cai, o crédito se torna mais barato e acessível. Crédito é igual consumo e se as famílias buscam mais crédito, isso significa que elas já tem um gasto programado.”
A inflação, outro fator apontado pela economista, tem desacelerado e fechou 2017 em 2,95%. “A expectativa é que continue em queda neste ano. Se a gente olhar a inflação de 2016, de 6%, com certeza houve um aumento de poder de compra em todos os setores, o que acaba gerando uma expectativa de consumo”, afirma.
Além disso, Yasmine observa que os meses de janeiro e fevereiro são época de promoções. E, apesar dos gastos com impostos no início do ano, algumas pessoas guardam dinheiro para aproveitar as liquidações.
A economista analisa que se as expectativas econômicas continuarem positivas, o consumo das famílias tende a permanecer estável ou até aumentar, mas ela não descarta mudanças. “Como a gente tem eleição, pode ter alguns exemplos sazonais e dependendo da situação política pode haver alguma instabilidade.”
Pontuação nacional ficou abaixo da meta
Apesar do Paraná registar pontuação positiva, a ICF nacional registrou 87,1 pontos, aumento de 4,2%, ficando abaixo da zona de indiferença. Apesar do aumento, o índice brasileiro continua longe do patamar ideal. A ICF, que é medida em pontos, precisa estar acima de 100 para ser considerada positiva.
Para a economista do Codem, o Brasil apresenta realidades diferentes, e o Paraná destacou-se na criação de empregos em relação a outros estados.
Enquanto o Brasil registrou fechamento de vagas no último ano, o Paraná criou 12.127 postos, e foi responsável por 36% do total de geração de empregos da região sul, onde foram geradas 33.395 vagas, de acordo com dados do Caged.
Paranaenses estão confiantes com mercado de trabalho
No mercado de trabalho, 40,5% paranaenses estão confiantes que terão melhora profissional nos próximos seis meses. É a primeira vez que o índice ultrapassa os 100 pontos desde abril de 2017, alcançando 101,1 pontos. O componente emprego atual registrou 142,2 pontos, com aumento de 5,7%, em relação ao mês anterior.
Para Yasmine da Mata, a confiança é reflexo dos dados positivos de saldo de emprego. “Quando você começa a perceber que as pessoas que estão ao seu redor tem a mesma formação e as empresas estão contratando e aumentando a abertura de vagas, isso gera expectativa”, explica.
Segundo ela, da mesma forma que os dados mostram a confiança profissional para os trabalhadores, a pesquisa também aumenta a expectativa das empresas e empresários para geração de renda.
Famílias com renda maior estão mais otimistas
O nível de consumo também registrou alta, com um crescimento de 10,7% na comparação com janeiro. Os paranaenses estão mais propensos a comprar bens duráveis, como eletrodomésticos, eletrônicos e móveis. O quesito momento para duráveis registrou 108,7 pontos e crescimento mensal de 7,2%.
De acordo com o índice, as famílias com renda superior a dez salários mínimos são as mais otimistas, com alta de 9,4% na variação mensal da intenção de consumo. Os quesitos perspectiva de consumo e momento para compra de bens duráveis são os responsáveis pelo aumento, com acréscimo mensal de 26,6% e 17% respectivamente.
Confira as variações:
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