O governo federal está acabando com o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV).
A afirmação é da Associação dos Construtores Autônomos do Paraná (ACONAP) e Federação Nacional das Pequenas Construtoras (FENAPC), que protestam contra a lentidão na liberação de crédito imobiliário para o programa.
Segundo a entidade, desde o início deste ano diversas alterações no programa vêm dificultando a liberação do financiamento. “Primeiro a Caixa reduziu o valor do subsídio para os financiamentos do PMCMV exigindo uma entrada maior dos compradores e agora está travando as assinaturas dos contratos sob a alegação de que está sem recursos”.
“Os problemas com as assinaturas dos contratos começaram em setembro e piorou em outubro”, diz a nota distribuída à imprensa pela ACONAP.
Os construtores não constroem com recursos da Caixa, mas principalmente os pequenos, dependem da liberação dos financiamentos aos compradores para vender os imóveis e, assim, investir em novas obras. O ciclo é viciosos: “Sem financiamento do PMCMV não há venda e sem vender os imóveis já construídos, as empresas não conseguem iniciar novos empreendimentos”.
Região tem 2 mil casas prontas, mas vazias
O construtor autônomo e dono de uma loja de materiais de construção em Maringá, André Paulo Sanches, que é um dos empresários que está à frente da manifestação, estima que existem cerca de 2 mil casas na Região Metropolitana de Maringá prontas para serem ocupadas.
“Fizemos a estimativa com base na demanda de anos anteriores. Os compradores dessas 2 mil casas já tiveram o cadastro aprovado na Caixa, cumpriram toda a burocracia para conseguir o financiamento e agora só falta a assinatura do banco para mudar para a casa nova”, explica Sanches.
O empresário já sente os reflexos da falta de liberação dos recursos também na loja de material de construção. Ele, que reduziu o ritmo de suas obras, agora enfrenta queda nas vendas da loja: “O pessoal parou de construir e também sente dificuldade para pagar as contas dos materiais usados nas casas que já estão prontas”, afirma.
Caixa diz que crédito imobiliário aumentou 20%
Em respostas às perguntas feitas por e-mail à superintendência regional da Caixa em Maringá, foi encaminhada a seguinte nota:
“A Caixa Econômica Federal esclarece que a contratação do crédito imobiliário neste ano está cerca de 20% superior em relação ao mesmo período do ano passado. A Caixa já emprestou mais de R$ 62 bilhões até final de agosto em todas suas modalidades de crédito.
Considerando o ritmo de contratação, o banco adotou a estratégia de execução mensal do orçamento para todas linhas de crédito imobiliário com objetivo de cumprir o orçamento anual disponível até dezembro.
Quanto às modalidades de créditos que possuem orçamento segregado por UF, a CAIXA esclarece que em alguns Estados o orçamento esgotou, mas poderá ser retomado no mês de novembro”.
E-mail encaminhado à Caixa: resposta genérica
Veja as perguntas feitas por e-mail à Caixa:
“Conforme conversamos ao telefone, seguem meus questionamentos, relativos à manifestação nacional que deverá ser realizada hoje à tarde em várias cidades do Brasil, incluindo Maringá, em protesto contra as mudanças no Programa Minha Casa Minha Vida.
Afirma a Federação Nacional dos Pequenos Construtores:
“A Caixa reduziu o valor do subsídio para os financiamentos do PMCMV exigindo uma entrada maior dos compradores e agora está travando as assinaturas dos contratos sob a alegação de que está sem recursos”
1- Procede a afirmação dos pequenos construtores de que a Caixa não está liberando financiamentos para o programa por falta de recursos?
2 – Qual foi a redução dos subsídios? Era quanto e passou para quanto?
3 – A entrada que os compradores tinham que dar passou de quanto para quanto?
4- Quanto, em recursos e número de empreendimentos, já foi liberado, este ano, para a região de Maringá?
5 – Quantas solicitações de financiamentos, em recursos e em número de empreendimentos, aguardam liberação na superintendência regional?
6 – Sabemos que as regras do programa são responsabilidade do Ministério das Cidades mas, segundo informações de clientes e funcionários da Caixa, o banco estaria aumentando tarifas de serviços, reduzindo isenções para DOCs e TEDs das empresas e cortando subsídios, por exemplo do Minha Casa Minha, para melhorar seu balanço, pois pretende fazer uma oferta pública de ações 2018. Procede?
Agradeço, antecipadamente, a atenção”.
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