Planos para voos internacionais de cargas no aeroporto sofrem nova pane

  • Pouco mais de um ano depois de assumir a operação do Terminal de Cargas Aéreas (Teca), do Aeroporto Regional de Maringá Silvio Name Junior, e de investir em estudos para a viabilidade das operações de importação e exportação por meio do transporte aéreo, a Multilog desistiu do negócio.

    No final de setembro, a empresa devolveu para o município a licença de operação para a exploração do Teca. “Abrimos mão da operação. Investimos durante um ano em projetos para trazer voos internacionais, mas não tivemos sucesso. Apesar dos nossos esforços, não foi possível viabilizar”, afirmou a especialista comercial da Multilog, Édem Silva.

    A representante da Multilog explicou que foram feitas várias tratativas com companhias aéreas e foi contratada uma empresa de assessoria para viabilizar a operação, mas não houve resultados positivos. “Buscamos companhias e cargas para fazer os voos acontecerem, mas não foi possível executar o projeto.”

    A decisão da Multilog foi um dos motivos que levou o prefeito de Maringá, Ulisses Maia, a solicitar uma visita técnica no Centro Logístico e Industrial Aduaneiro (Clia), popularmente conhecido como Porto Seco de Maringá. O encontro do chefe do Executivo com os representantes da Multilog foi acompanhado por vereadores e lideranças empresariais.

    O diretor comercial da Multilog, Alexandre Heittman, mostrou que os resultados obtidos em 2017 não são favoráveis. O volume de cargas importadas que passaram pelo Porto Seco de Maringá caiu de 5.086 toneladas em 2015 para 1.844 toneladas até o mês de setembro de 2017.

    “Está muito aquém em relação a anos anteriores. A queda chega a ser superior a 60%”, ponderou Édem. A especialista da Multilog explicou que são muitas as variáveis que provocaram a retração no movimento comercial.

    “Tivemos uma taxa de dólar mais alta nos últimos dois anos, aliado a uma crise de consumo no mercado interno e houve a saída de um volume grande de empresas que trocaram o Paraná por Santa Catarina, em razão do benefício fiscal oferecido”, afirmou.

    Prefeito convoca lideranças para cobrar governador

    Diante da crise, a Multilog não descarta encerrar as atividades em Maringá. “Desde que não traga resultados e o volume de movimentação seja muito reduzido, existe o risco de fechar a unidade. A partir do momento em que um negócio não for rentável, qualquer empresa privada pode fechar uma operação”, ponderou Édem.

    Preocupados com a situação, o prefeito e as lideranças empresariais se comprometeram a criar uma agenda de mobilização para cobrar o Governo do Paraná. O objetivo é conseguir incentivos fiscais que minimizem as vantagens oferecidas pelo estado de Santa Catarina.

    “O benefício fiscal do ICMS em Santa Catarina é muito mais atrativo”, resumiu Édem. A Prefeitura de Maringá informou que irá realizar uma reunião na próxima semana para discutir as ações que poderão ser adotadas. Uma das propostas é encaminhar a minuta de um projeto de lei ao governador para que sejam oferecidos benefícios fiscais semelhantes aos concedidos para a importação por Santa Catarina. 

    A curto prazo, não há perspectiva de pousos de aeronaves com cargas internacionais em Maringá / Pólen Comunicação

    Superintendente do Aeroporto quer abrir nova licitação

    Diante da desistência da Multilog em relação ao Teca, o superintendente da SBMG, empresa municipal responsável pela gestão do aeroporto, Fernando Rezende, afirmou que tem trabalhado para formalizar o cancelamento do contrato de concessão. Posteriormente, pretende acelerar a publicação de um novo edital para viabilizar as transações internacionais de cargas no terminal.

    “Queremos celeridade. Gostaríamos de que fosse rápido. Mas precisamos avaliar o mercado, e ver os interessados para tomar uma atitude rápida. Acredito que vamos abrir uma licitação antes de fazer as obras”, considerou Rezende.

    Mesmo com o revés da Multilog, Rezende se mantém otimista diante da possibilidade de operacionalizar os voos internacionais na cidade.  “Existe uma demanda forte de importadores, principalmente nas áreas de eletrônicos e de medicamentos. Acreditamos que há um nicho bom de mercado. Continuo a acreditar que será um bom negócio para quem explorar”, afirmou.

    Histórico de voos internacionais não é positivo

    Em agosto de 2009, após o município conseguir a habilitação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a homologação da Receita Federal do Brasil para o alfandegamento do aeroporto, os empresários de Maringá que administravam à época a Maringá Armazéns Gerais, então detentora do Porto Seco, conseguiram viabilizar voos quinzenais entre Maringá e Miami, mas o negócio não prosperou como se imaginava.

    Ainda em 2009, em razão do volume de cargas não pagar nem o frete das viagens internacionais, os empresários abortaram os investimentos e desistiram do negócio. A Maringá Armazéns Gerais investiu nas operações do Porto Seco e do aeroporto a partir de 2006, quando o empresário Silvio Name, primeiro dono da concessão da estação aduaneira, solicitar o desalfandegamento das atividades para a Receita Federal.

    Posteriormente, em  novembro de 2011, os empresários locais venderam as operações do Porto Seco e do Teca para a Elog Logística Sul Ltda, do grupo Ecorodovias Infraestrutura e Logística, por R$ 15 milhões. A empresa também não conseguiu viabilizar as operações aéreas de comércio exterior na cidade.

    Em junho do ano passado, a Multilog adquiriu as duas operações de Maringá numa operação de R$ 115 milhões. A transação comercial também incluiu dois portos secos e um centro de distribuição em Curitiba, os portos secos de Foz do Iguaçu, Santana do Livramento (RS), Uruguaiana (RS) e Jaguarão (RS).

     

     

     

     

     

     

    Comentários estão fechados.